Fernando Moulin fala sobre Metaverso e Tecnologia nos negócios

        Fernando Moulin é especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente.

O professor Fernando Moulin, partner da Sponsorb, falou sobre Metaverso e Tecnologia nos negócios. Confira abaixo a entrevista, enviada pela Agência de Comunicação, nbpress:

1. Até que ponto o metaverso pode influenciar nos resultados do e-commerce?

Neste momento, a influência real será “nenhuma”. Ainda antevejo alguns anos para que o metaverso de fato se torne mais massificado, a partir da crescente miniaturização dos sensores (para inclusão nos dispositivos físicos – hardware – que viabilizarão a conexão ao metaverso), do avanço das redes 5G e sua altíssima conectividade, do desenvolvimento de estudos de caso e para que haja um número maior de consumidores neste novo ambiente de consumo. Porém, normalmente quando este tipo de tecnologia atinge o seu “ponto de inflexão” na curva de crescimento, esse processo ocorre em velocidade exponencialmente crescente. E aí sim veremos um rápido crescimento da participação de interações de consumo no metaverso dentro do total das transações via e-commerce. Portanto, tenho sido um grande defensor de que as marcas precisam desde já realizar testes no metaverso, para ir aprendendo e cocriando com seus consumidores enquanto a tecnologia ainda é uma novidade, para capturar mais valor rapidamente durante a aceleração que potencialmente virá daqui por diante.

2. Como os empreendedores e varejistas podem utilizar a realidade aumentada a favor do seu negócio?

A realidade aumentada, cada vez mais viabilizada tecnicamente e que tem tudo para ser uma das primeiras tecnologias a ser adotada em larga escala (junto com a realidade virtual) conforme avança a expansão das redes 5G, possibilita a interação virtual com mercadorias, produtos, serviços e quaisquer experiências de consumo para exploração de funcionalidades, características, casos de uso e muito mais. Como o varejo basicamente consiste cada vez mais em prover experiências engajadoras e altamente personalizadas para os consumidores, antevejo que a realidade aumentada possibilitará um leque amplo de soluções dos varejistas para aumentar a conversão em compra de seus clientes: experimentações de produtos e serviços altamente fidedignas, demonstrações, pré-venda, cocriação de funcionalidades e características individualizadas, e muito mais. Por exemplo, imagine as possibilidades que uma incorporadora passa a ter de demonstrar o projeto de seu empreendimento para um potencial comprador, navegando virtualmente pelo decorado, pelas áreas comuns do projeto, integrando o stand de vendas com uma extensão digital da experiência, ou mesmo no caso do metaverso facilitando a criação de comunidades virtuais de moradores ou pessoas do bairro… enfim, uma miríade de possibilidades.

3. O que deve ser considerado ao implementar o metaverso em um empreendimento?

Principalmente que ainda se trata de algo muito novo, com um conjunto de soluções técnicas (hardware, software) em desenvolvimento, e que hoje se aproxima mais das experiências coletivas vivenciadas através de plataformas como Roblox, Gather ou de games, e que ainda levará alguns anos para amadurecer em formatos escaláveis e mais “definitivos”. Assim sendo, minha principal recomendação é a realização de muitos testes práticos e projetos com a finalidade principal de aprender mais sobre as possibilidades que advirão desta nova realidade e para aumentar o engajamento com consumidores em potencial. O metaverso deve ser encarado, por hora, como um grande campo de testes para o futuro.

4. Você acredita que a inteligência artificial pode mudar o relacionamento entre consumidor/cliente e o empreendedor?

Certamente. E isso já é muito mais real do que imaginamos. A maior parte das pessoas tende a associar inteligência artificial a processos altamente robotizados e distantes de nosso dia a dia, mas de fato é uma técnica de aplicação corriqueira em muitas situações de nosso dia a dia, como navegar e interagir em uma rede social, ou mesmo quando nosso smartphone filtra fotos automaticamente na galeria. A inteligência artificial irá ser fundamental para possibilitar personalização em escala e níveis de serviço cada vez melhores – desejos totalmente em linha com os manifestados por qualquer extrato de consumidores, de todos os segmentos de negócio. Para o empreendedor, a aplicação de IA poderá significar campos de eficiência em escala, aumento do grau de inteligência no uso dos dados associados a seu negócio, e ganhos financeiros através de receitas incrementais, desenvolvimento de novas soluções para os clientes, ou reduções de custo.

5. Quais são os principais desafios que você imagina que as empresas poderão ter com esta entrada no metaverso?

Acho que a consolidação do metaverso como uma nova dimensão de vida, e não somente de negócios, fará com que as fronteiras entre os mundos “físico” e “digital” se tornem cada vez mais difusas, principalmente para as novas gerações, que já nasceram em um mundo pós-surgimento da internet e com a conectividade em formato móvel (celulares conectados) estabelecida. Os desafios serão de toda sorte e natureza, pois talvez esta venha a ser a maior mudança na história da humanidade em termos de hábitos e possibilidades. Alguns dos principais deles certamente passarão por:

  • Necessidade de conhecimento do uso de tecnologia e dados por todos os profissionais da organização;
  • Reinvenção dos produtos e serviços para captura de valor no digital/metaverso;
  • Desenvolvimento de nova cultura corporativa, inclusive apoiada por reuniões virtuais entre times/pessoas em vários lugares fisicamente distantes entre si e baseada em competências técnico-atitudinais essenciais a esta realidade;
  • Ressignificação do conceito de Centralidade no Cliente (seu cliente poderá preferir se denominar como um avatar de dinossauro, por exemplo, e não por um nome ou foto) e de toda a proposição de valor necessária para prover experiências excepcionais aos clientes;
  • Inovação aplicada e em tempo real;
  • Cultura de teste e aprendizagem contínuos;
  • Integração dos meios de pagamento com todas as possibilidades oriundas do DeFi (Decentralized Finance).

 

fonte: nbpress

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