CEOs sob pressão: quando a força vem da fragilidade

Um estudo publicado pela Harvard Business Review (dezembro de 2024) entrevistou 109 CEOs de organizações canadenses, complementado por entrevistas qualitativas com 46 deles. 

O resultado mostrou que muitos executivos relatam solidão intensa, associada à carga de decisões finais e ao isolamento natural do topo.

Mais do que desconforto pessoal, essa solidão foi apontada como fator que mina a qualidade das decisões estratégicas e cria um ciclo de afastamento emocional dentro da liderança .

O mito do “líder invulnerável” ainda domina. 

Durante décadas, executivos foram treinados para não demonstrar dúvidas, fraquezas ou emoções. A cultura corporativa reforçou esse estereótipo: performance sem pausa, discurso sem rachaduras, resultados sem falhas.

Esse modelo não só cria líderes isolados, mas os prende em um ciclo de silêncio: quanto mais solidão sentem, mais se afastam, e mais frágeis se tornam.

O que parecia fraqueza virou diferencial: a vulnerabilidade é a nova força da liderança.

Assumir limites, reconhecer erros e expor incertezas não diminui autoridade. Pelo contrário: amplia a confiança. 

Satya Nadella transformou a Microsoft ao assumir no seu livro, Hit Refresh, a importância da empatia e da escuta como valores centrais.

Construa redes de apoio fora da bolha – Fóruns, grupos de lideranças, networking de pares, que conectem CEOs com seus colegas, criam ambientes de confiança.

Pratique transparência em crises – Líderes que compartilham falhas atraem colaboração, não desconfiança.

Crie espaços seguros de vulnerabilidade – Fóruns internos onde líderes podem discutir dilemas sem julgamento.

Integre saúde mental à agenda executiva – Mentorias, terapia e mindfulness já fazem parte da rotina de empresas.

Delegue e confie para reduzir sobrecarga – Distribuir poder decisório fortalece tanto o CEO quanto a organização.

A verdadeira força de um líder não é o peso que aguenta, mas a coragem de mostrar que também sangra. 

Quem insiste em ser de ferro acaba quebrando. Quem se permite ser humano e desenvolve melhor as habilidades humanas, principalmente numa era de Inteligências Artificiais, resiste.