“O prejuízo afetivo das perdas é inestimável, mas há ainda uma importante consequência financeira, já que muitas vítimas eram trabalhadores ou aposentados responsáveis pelo sustento familiar. Dados da Revista Poder 360 mostram que 84,30% das vítimas da Covid-19 tinham 50 anos ou mais. A previsão é que a morte de pessoas acima de 60 anos retire R$ 3,8 bilhões de circulação na economia brasileira. Alguém que tenha falecido aos 50, por exemplo, teria pelos menos mais 25 anos de idade econômica ativa. Ou seja, é menos gente para produzir, para gerar renda e riqueza”, destaca o professor de economia da Una Cristiano Machado, Mussa Vieira.
De acordo com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2019, o rendimento médio das pessoas acima de 60 anos era de R$ 2.249,90 – equivalente a 1,3% dos rendimentos da população, e em 25,4 milhões de domicílios onde viviam idosos, 15,4 milhões, ou seja, mais de 50%, tinham a renda dependente desse grupo. “Para muitas famílias, os idosos ainda são fonte de renda. Quando morre um idoso nesse contexto, o impacto médio é de uma redução de 48,4% na renda per capita dos remanescentes. Mesmo que a economia volte a crescer, essa renda não volta mais. Isso afeta a oferta de mão de obra mais adiante, que consequentemente afeta a capacidade de produção e geração da renda de um país. São vários os efeitos secundários”, conclui o professor.
Relações pessoais
Se a pandemia trouxe uma avalanche de consequências econômicas, a sociedade também foi abalada em suas relações pessoais, familiares e de trabalho. “A pandemia provoca uma série de mudanças, principalmente no nosso comportamento que é feito pelo contato. Nós somos um povo alegre, já está em nosso DNA, e também todas as outras culturas estão em contato de alguma forma. Mas, o brasileiro, é um povo caloroso e a pandemia impediu isso, então as pessoas buscaram novas relações de contato. Um sorriso por debaixo da máscara, por exemplo. As pessoas começaram a ter um cuidado maior com o outro”, avalia Eduardo Mendes, professor de Psicologia da Una Itabira.
Para o professor, a pandemia fez vir à tona certos receios e medos nas formas de relacionamento, porque o outro era visto como uma ameaça devido a contaminação. “Precisamos entender que as coisas que nos acontecem, elas deixam marcas. Vamos sentir por muito tempo essas mudanças, pois não é diferente com a pandemia. Essa pandemia ainda irá servir de muitos gatilhos para as nossas vivências seja na vida, com a morte, a possibilidade de uma doença, na instabilidade do mundo. Mas, o melhor de tudo é que podem ser superadas”, diz Eduardo.
Passamos tanto tempo em casa com cuidados e afastados do convívio social, que com sinais de melhoras os planos de fazer uma viagem ao exterior, de visitar parentes e amigos começam a encabeçar a lista de desejos. Este momento é um pós-pandemia, mas, segundo o professor da Una Itabira, Eduardo Mendes, ainda vivemos a pandemia.
“As coisas não acontecem de uma vez, vamos, aos poucos, de forma gradual, nos soltando nessa nova maneira de se relacionar com o mundo, desse permitir na medida em que nos sentimos confortáveis. Nós somos seres em movimento, mas não é na brutalidade, nem no pensar desenfreado que a gente vive. O mundo não parou por causa da pandemia e, consequentemente a gente também não”, ressalta.
O turismo pelo mundo também sofreu as consequências da Covid19 e teve que adaptar-se. De acordo com Peter Mangabeira, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, em Minas Gerais, após a pior fase da doença, o cenário agora é completamente diferente e a procura por pacotes de viagens está acima das expectativas. “As pessoas estão querendo sair, passear, conhecer novos lugares. Estamos em um período em que a procura está bem maior do que a oferta, um aumento de mais de 25% de crescimento nas vendas. Pacotes para o Nordeste do Brasil estão em falta”, aponta.
Para Peter Mangabeira, o pós-pandemia trouxe novas formas de comportamento, não só para o viajante, mas para quem trabalha com o turismo. “Hoje o agente de viagem precisa conhecer as regras de cada local, pois cada país tem implantado medidas de restrição e procedimentos diferentes. O turista já precisa ter conhecimento total do seu local de destino. Estamos vivenciando um novo turismo”, avalia.
Será que poderemos pensar em mudanças permanentes? Para o professor Eduardo Mendes, a vida é um constante fluxo. “Nada na nossa vida é para sempre, no sentido de sempre estar vivenciando da mesma forma tudo. Nós sempre mudamos nosso olhar a partir de nossas experiências”, finaliza.
fonte: Cristiane Malheiros – Rede Comunicação