
A Delegacia de Polícia de Jaguaré concluiu o Inquérito Policial (IP) que apurou os abusos cometidos por um médico de 53 anos durante consultas realizadas na Unidade Mista de Internação (UMI) de Jaguaré. Durante o andamento da investigação, ficou constatado que o médico João Carlos Angeli abusou de, pelo menos, 28 homens durante os nove meses em que atuou na UMI. Além de Jaguaré, as vítimas são dos municípios de Vila Valério e Colatina.
O suspeito havia sido preso no bairro Moacyr Brotos, em Colatina/ES, no último dia 19 de setembro. Na ocasião, ele foi preso durante cumprimento de mandado de prisão preventiva por ser suspeito de ter abusado de três homens na UMI.
Entretanto, com o andamento das investigações, este Inquérito Policial foi concluído no dia 23 de setembro, com 19 vítimas identificadas. Um segundo Inquérito Policial sobre o caso foi instaurado para apurar outros abusos e, até o momento, nove vítimas foram identificadas, totalizando 28.
O médico agia praticamente da mesma forma: O paciente chegava na consulta e relatava que estava com alguns problemas de saúde, como gripe e dor de garganta, mas o médico pedia para que o paciente retirasse toda a roupa, para ele fazer uma “melhor análise”.
“Neste momento, ele alegava que o paciente estava com uma suposta alergia nas partes íntimas, fato este que foi negado por todos os pacientes. Dessa forma, o médico pedia para o paciente ingerir dois comprimidos, de conteúdo até então não identificado”, conta a titular da Delegacia de Polícia de Jaguaré, delegada Gabriella Zaché.
Até o momento não foi possível identificar quais eram os comprimidos que o indiciado dava aos pacientes, mas as vítimas relataram que sentiram sentir tontura e sonolência. Uma das vítimas apresentou na Delegacia o comprimido, que foi encaminhado para a perícia para a identificação de seu conteúdo. Duas vítimas foram encaminhadas para Exame Toxicológico, que ainda está pendente de resposta.
Protocolo de atendimento
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo (CRM-ES) tem um protocolo que em consultas com queixas em partes íntimas, o atendimento seja acompanhado por outro profissional. Fato este, que o médico não cumpria.
Outros crimes
Para uma paciente do sexo feminino, o médico se apresentou como psiquiatra e cobrou por esse tipo de atendimento na UMI de Jaguaré. A paciente ia até o local para ser atendida por ele, e efetuava o pagamento de R$ 500,00 para receber atendimento psiquiátrico (três consultas foram realizadas na UMI e uma na residência da paciente). Em consulta ao CRM ES, o médico não tem especialização em Psiquiatria.
O médico foi indiciado pelos crimes de estupro (vinte e uma vezes) e tentativa de estupro (três vezes), exercício ilegal da Medicina e corrupção passiva (seis vezes). Ele permanece preso.
fonte: SESP