O último Papa e o Falso Profeta?
O mundo assiste com atenção: o Papa Francisco morreu. O líder de mais de um bilhão de católicos deixa um legado controverso e, ao mesmo tempo, acende um alarme escatológico em diversos círculos cristãos. A pergunta que pulsa é: E agora? Estava ele entre os últimos líderes religiosos globais antes do fim? Quem será o seu sucessor? E o que isso representa para a profecia bíblica?
Neste artigo, vamos fazer uma costura teológica criteriosa, confrontando a famigerada profecia de São Malaquias, analisando o papel do papado na história da igreja, as verdadeiras marcas escatológicas previstas nas Escrituras e, acima de tudo, reafirmando que o relógio profético de Deus não depende de especulações humanas, mas da revelação bíblica infalível. Também vamos analisar algumas previsões feitas pelo mundo protestante que falharam vergonhosamente, ressaltando mais uma vez do cuidado que devemos ter em estudar as profecias da bíblia.
1. A MORTE DO PAPA FRANCISCO: O FIM DE UM CICLO MARCANTE
Francisco foi um papa que quebrou paradigmas:
- O primeiro papa jesuíta;
- O primeiro latino-americano;
- O primeiro a assumir uma linha abertamente globalista, ambientalista e ecumênica em alta escala.
Em seus discursos e ações, aproximou-se de religiões islâmicas, judaicas e orientais. Propôs uma “fraternidade humana” universal e enfatizou mais a justiça social que a conversão espiritual. Francisco foi, para muitos, um sinal da diluição doutrinária e da abertura do papado a uma nova ordem religiosa mundial.
Sua morte marca o fim de uma era híbrida — mística e política — e prepara o cenário para uma nova liderança no Vaticano. Mas a pergunta persiste: Francisco era o último papa?
2. A PROFECIA DE SÃO MALAQUIAS: FALHA OU FÁBRICA DE EXPECTATIVAS?
A PROFECIA
A chamada “Profecia dos Papas”, atribuída a São Malaquias, lista 112 lemas latinos supostamente representando os papas desde o século XII até o juízo final. O último lema seria:
“Petrus Romanus” – Pedro, o Romano, sob cujo pontificado “a cidade das sete colinas será destruída, e o Juiz terrível julgará o povo.”
A INCONSISTÊNCIA
A profecia, no entanto, não resiste a uma análise histórica e teológica séria:
- Não foi mencionada por ninguém antes de 1595, quando apareceu pela primeira vez publicada por Arnold de Wyon;
- Os lemas iniciais batem com precisão forçada, mas os posteriores são vaga e genérica demais;
- A profecia simplesmente ignora pontífices posteriores com nomes reais, como João Paulo II, Bento XVI ou Francisco, que não se encaixam naturalmente nos lemas;
- Muitos tentaram forçar Francisco como o “Pedro Romano”, mas ele é argentino, se chama Jorge Mario Bergoglio e não tem conexão direta com Pedro ou com o nome “Romano”.
Conclusão: A profecia de São Malaquias é uma construção humana, não divina. E com a morte de Francisco, ela entra em colapso escatológico.
3. O PAPADO NA ESCATOLOGIA BÍBLICA: BÍBLIA, NÃO BOATOS
A Bíblia fala de um sistema religioso corrompido nos tempos finais, mas não nomeia o papado, nem o Vaticano. O que ela apresenta são figuras simbólicas com características espirituais e morais:
A Grande Babilônia (Ap 17–18)
- Mulher sentada sobre a besta;
- Vestida de púrpura e escarlata;
- Mãe das prostituições espirituais;
- Embriagada com o sangue dos santos.
Alguns associam com Roma por ser a “cidade dos sete montes”. No entanto, o espírito babilônico é mais do que Roma — é um sistema de religião falsificada, universal e antiCristo. Pode incluir o Vaticano? Sim. Mas também megaigrejas e seitas com fachada cristã e coração corrompido.
O Falso Profeta (Ap 13:11-18)
A besta da terra aparece com aparência de cordeiro, mas fala como dragão. Essa figura religiosa aponta para o Anticristo, faz sinais e convence as massas a adorar a primeira besta. É provável que represente um líder religioso global, mas afirmar que será um papa, é ir além do que o texto permite.
4. UM AVISO AOS CRENTES: NÃO INVENTEMOS ESTÓRIAS!
Vivemos dias onde muitos estão mais fascinados com teorias do que com a verdade. O apóstolo Paulo advertiu:
“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, mas… se rodearão de mestres segundo suas próprias cobiças.” (2 Tm 4:3)
Perigos do sensacionalismo escatológico:
- Produz pânico espiritual em vez de arrependimento;
- Afasta o crente da Bíblia e o aproxima de youtubers e teólogos de WhatsApp;
- Tira o foco de Cristo e centraliza no Anticristo.
5. O SUCESSOR DE FRANCISCO: O QUE ESPERAR?
Agora que Francisco morreu, a escolha do próximo papa será palco de especulação mundial. Há chances reais de que:
- Seja alguém mais radicalmente progressista, intensificando o ecumenismo e alianças inter-religiosas;
- Ou, como resposta à crise, um papa conservador seja eleito, tentando restaurar a moral tradicional.
Ambos os cenários podem ter impacto escatológico. No entanto, o que importa não é quem será o próximo papa, mas quem será fiel até o fim.

PERMITA-ME APRESENTAR 10 PREVISÕES QUE FALHARAM SOBRE O FUTURO PROFÉTICO
1️. Hal Lindsey e The Late Great Planet Earth (1970)
- Resumo da Previsão: Lindsey popularizou a ideia de que a geração que viu o nascimento do Estado de Israel em 1948 veria o retorno de Cristo. Com base em Mateus 24:34 (“esta geração não passará”), ele interpretou uma geração como tendo cerca de 40 anos — ou seja, o fim deveria acontecer até 1988.
- Realidade: O ano passou, e nada aconteceu. Lindsey reformulou várias vezes suas previsões em livros subsequentes, mas nunca mais com o mesmo impacto. Este livro foi o mais vendido da década de 1970 no segmento religioso. Porém, seu legado mais duradouro foi a proliferação de escatologias baseadas em especulações geopolíticas.
2. Edgar Whisenant e os “88 Razões” (1988)
- Resumo da Previsão: O ex-engenheiro da NASA e pastor adventista Edgar Whisenant escreveu o livro “88 Reasons Why the Rapture Will Be in 1988”, com milhões de cópias distribuídas gratuitamente para igrejas. Ele previu o arrebatamento para 11-13 de setembro de 1988, durante a Festa das Trombetas.
- Realidade: Nenhum arrebatamento ocorreu. Após a falha, ele publicou novas previsões: 1989, depois 1993, 1994, até cair no esquecimento. Uma data errada anula o profeta, mas muitos preferem mudar a data do que reconhecer o erro.
3️. A Crise do Ano 2000 (Y2K)
- Resumo da Previsão: Diversos autores e líderes cristãos declararam que o bug do milênio (Y2K) seria o estopim para o caos mundial — apagão global, colapso financeiro, falência de governos e início da Tribulação.
Realidade: O dia 1º de janeiro de 2000 chegou… e passou sem incidentes proféticos. O bug foi tecnicamente solucionado. - Realidade: O problema era real, mas foi superestimado teologicamente. Transformaram falha de software em trombeta do apocalipse.
4️. Jack Van Impe – Previsões sobre a União Europeia
- Resumo da Previsão: O famoso televangelista afirmava que a União Europeia seria o renascimento do Império Romano, e que os dez países iniciais seriam os dez chifres da Besta (Ap 13:1; Dn 7:24).
- Realidade: A União Europeia ultrapassou os dez membros, ajustou tratados e passou por reformas. A teoria teve que ser “recalculada” diversas vezes, até perder força. Apontar entidades políticas específicas como profecias em cumprimento requer cuidado. A política muda mais rápido do que a Palavra profética.
5️. David Koresh (Ramo Davidiano – 1993)
- Resumo da Previsão: Koresh, que se dizia o Cordeiro de Apocalipse 5, liderava um grupo sectário no Texas. Declarava que o fim era iminente e que ele receberia a revelação dos sete selos.
- Realidade: Em 1993, o rancho do grupo foi cercado pelo FBI. Após 51 dias, um incêndio e tiroteios deixaram mais de 80 mortos. Mais uma falsa escatologia com consequências trágicas. Quando líderes se colocam no lugar do Cordeiro, a tragédia é iminente.

6️. Peter Ruckman e a teoria do “fim em 1990”
- Resumo da Previsão: Ruckman, pastor e autor de linha fundamentalista, acreditava que a Segunda Vinda de Cristo ocorreria em 1990, baseando-se numa leitura tipológica do Antigo Testamento e ciclos de jubileus.
- Realidade: Nada aconteceu. Ele nunca abandonou o sensacionalismo, mas abandonou a data.
7. O padre que previu o “fim do mundo em 1980” – Padre Pelágio Sauter
- Resumo da Previsão: Embora considerado santo por muitos fiéis goianos e nunca canonizado oficialmente, o missionário redentorista Padre Pelágio (que faleceu em 1961) teve atribuída a ele uma profecia popularizada nos anos 70 e 80 de que o mundo acabaria em 1980, após a “grande apostasia da fé e castigo do céu”.
- Realidade: A profecia foi amplamente divulgada em panfletos e rádios católicas da época, mas nunca se cumpriu. O fim do mundo em 1980 não veio, e a crença ruiu, embora a devoção a ele continue em Goiânia e região. Nem mesmo santos homens devem ser confundidos com “reveladores do futuro”. A profecia verdadeira não falha.
8. Valnice Milhomens – Arrebatamento até 2007
- Resumo da Previsão: A pastora Valnice Milhomens, uma das figuras mais influentes do neopentecostalismo brasileiro, afirmou em entrevistas e em seu ministério profético que acreditava firmemente que Jesus voltaria até o ano de 2007, tendo como base cálculos de jubileus e “o tempo de Israel”.
- Realidade: O ano passou, o arrebatamento não aconteceu, e a pastora, posteriormente, explicou que houve apenas um “erro de interpretação”. A profecia foi reinterpretada como “alerta espiritual”. Quando líderes confundem expectativa pessoal com profecia divina, o rebanho paga o preço da decepção.
9. Edir Macedo e a profecia sobre o “fim dos tempos” com o real como moeda profética
- Resumo da Previsão: Durante os anos 90, líderes da Igreja Universal associaram a implantação do plano Real e o novo cenário econômico com sinais do Apocalipse. Edir Macedo chegou a declarar em alguns programas que estávamos “vivendo o tempo final profetizado”.
- Realidade: O real se estabilizou, a economia seguiu seu curso, e o “fim dos tempos” anunciado não se concretizou. A Igreja Universal passou a adotar discursos mais adaptados a campanhas de prosperidade do que a escatologia clássica.
10. O “fim em 2000” segundo setores evangélicos tradicionais
- Resumo da Previsão: Diversas igrejas evangélicas conservadoras (batistas, pentecostais e até assembleianos) ecoaram o temor do bug do milênio como uma grande catástrofe espiritual e tecnológica, e alguns chegaram a prever a queda do sistema mundial como cumprimento de Apocalipse 18.
- Realidade: O mundo continuou. Muitos irmãos que doaram bens, estocaram alimentos ou deixaram empregos, viram-se frustrados e desorientados após o Y2K flopar no Brasil também.
POR QUE ISSO ACONTECEU?
- Falta de base exegética sólida: Muitos líderes usam símbolos e números fora do contexto bíblico.
- Desejo de impacto e audiência: Falar de profecia “chama atenção”, atrai multidões e vende.
- Mistura entre política, economia e profecia: A Bíblia é usada como lente para ler o noticiário, e não como revelação divina autônoma.
- Negligência da advertência de Deuteronômio 18:22: Se a palavra não se cumpre, o Senhor não falou. É simples.

6. O OLHAR PRÉ-TRIBULACIONISTA: MARANATA, O SENHOR VEM!
Os pentecostais de linha pré-tribulacionista creem que a Igreja será arrebatada antes do surgimento pleno do Anticristo e da Grande Tribulação. Assim, o foco não deve ser “decifrar” quem é o último papa, mas:
“Exortando-nos uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hb 10:25)
A Igreja deve estar com as lâmpadas acesas (Mt 25:1-13), a doutrina firmada e o amor não esfriado.
7. CONCLUSÃO: O ÚLTIMO PAPA OU O ÚLTIMO ALERTA?
O Papa Francisco morreu. A profecia de São Malaquias falhou. E os sinais dos tempos continuam gritando. Mas o maior sinal de todos permanece:
“Este evangelho do reino será pregado em todo o mundo… e então virá o fim.” (Mateus 24:14)
A pergunta que importa não é:
“Quem será o próximo papa?”
Mas sim:
“Você está pronto para encontrar-se com o Rei dos reis?”