A pseudociese, conhecida popularmente como gravidez psicológica, é uma síndrome caracterizada pela manifestação de comportamento e alterações fisiológicas de gestação em cadelas que não estão gestantes. A situação é desencadeada por alterações hormonais no período pós cio e produção excessiva de prolactina, o hormônio da lactação.
Quem nos explica é a médica-veterinária e gerente Técnica da unidade Ibirapuera do Pet Care, Cecilia Augusto. Os primeiros sinais da gravidez psicológica que os tutores podem notar, segundo a profissional, são: alteração comportamental (comportamento materno; adotar objetos inanimados ou outros animais da casa; ansiedade; agressividade; inquietação; procura por locais para montar o “ninho”), aumento das mamas com produção de secreção láctea e, em alguns casos, até distensão abdominal e contrações do abdômen.
“Os sintomas podem ser variáveis em aparecimento e intensidade”, informa, mas, no geral, essas alterações duram até oito semanas, podendo ser autolimitantes, com resolução espontânea. “No entanto, para alguns casos, é necessário intervenção médica e tratamento”, adiciona.

Há riscos associados?
Cecilia explica que, além da mudança de comportamento, que pode impactar no convívio com a família e outros animais da casa, as cadelas podem desenvolver retenção láctea, dermatite mamária, mastite e, inclusive, com a recorrência do quadro, podem ficar mais predispostas ao desenvolvimento de tumor de mama. “O diagnóstico da gestação psicológica deve ser realizado por um médico-veterinário, considerando histórico do animal, exame físico e exames complementares como ultrassom abdominal”, conta.
Visando prevenir a situação, Cecilia recomenda a castração. “Ela é a prevenção e a resolução definitiva para esses quadros, pois elimina a oscilação e estímulo hormonal que levam ao comportamento materno e produção láctea”, diz.
Tutores, atenção!
Cecilia destaca que o tutor deve consultar um médico-veterinário para adequado diagnóstico e avaliar a necessidade de tratamento medicamentoso, a fim de interromper a lactação e, em alguns casos, uso de ansiolítico para minimizar as alterações comportamentais. “Para algumas cadelas pode ser necessário uso de colar elizabetano ou roupa cirúrgica para evitar lambedura das mamas. Atividades para minimizar estresse e ansiedade da cadela – como brincadeiras e passeios – podem ajudar a diminuir a ansiedade que elas apresentam nesse período”, sugere.
Vale lembrar que a gravidez psicológica é pouco frequente em gatas, mas, se ocorrer, elas também podem manifestar alteração comportamental, adoção de objetos/brinquedos inanimados e lactação.
Além disso, Cecilia salienta que muitas pessoas ainda acreditam que a gravidez psicológica é uma fase, de curta duração e inofensiva para a saúde. “Mesmo sendo temporária ou autolimitante, é uma síndrome que pode gerar desconforto e complicações, por isso, não deve ser ignorada. O acompanhamento adequado com o veterinário é fundamental para minimizar o impacto da gravidez psicológica nas cadelas, ajudando no controle dos sintomas, prevenção e resolução de complicações”, conclui.
FAQ – Gravidez Psicológica (Pseudociese) em Cadelas
1. O que é a gravidez psicológica em cadelas e como ela se manifesta?
A pseudociese, ou gravidez psicológica, é uma síndrome em que a cadela apresenta sinais comportamentais e fisiológicos de gestação sem estar prenha. Os sintomas incluem aumento das mamas com produção de leite, distensão abdominal, contrações, ansiedade, agressividade, e comportamento materno com adoção de objetos ou outros animais.
2. A gravidez psicológica pode trazer riscos para a saúde da cadela?
Sim. Além de afetar o comportamento e o convívio social, pode causar complicações como retenção de leite, mastite, dermatite mamária e, em casos recorrentes, aumento do risco de tumor de mama. O diagnóstico e acompanhamento veterinário são essenciais para evitar essas consequências.
3. Como prevenir e tratar a pseudociese em cadelas?
A castração é a medida preventiva e resolutiva mais eficaz, pois elimina os estímulos hormonais responsáveis. Em casos ativos, o tratamento pode incluir medicamentos para interromper a lactação, ansiolíticos e uso de colar elizabetano ou roupa cirúrgica. Atividades que reduzam a ansiedade, como passeios e brincadeiras, também são recomendadas.
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