O comunismo vive, muito mais do que antes

O comunismo vive, muito mais do que antes

                Direção dos partidos comunistas diz que os comunistas precisam ter “formação de uma direção poderosa, pronta para o ataque e ao mesmo tempo capaz de adaptação”
O comunismo ainda existe. É importante entender que existem várias interpretações e práticas do comunismo, e que elas variam de acordo com o contexto histórico, político e cultural em que se inserem, como exposto na III Internacional Comunista de junho de 1921:

A organização do partido deve se adaptar às condições e aos objetivos de sua atividade. O Partido Comunista deve ser a vanguarda, o exército dirigente do proletariado, durante todas as fases de sua luta de classes revolucionária, e durante o período de transição em direção à realização do socialismo, primeiro degrau da sociedade comunista.

Não pode haver uma forma de organização imutável e absolutamente conveniente para todos os partidos comunistas. As condições da luta proletária se transformam constantemente e, conforme essas transformações, as organizações da vanguarda do proletariado devem também procurar constantemente formas novas e adequadas. As particularidades históricas de cada país determinam também formas especiais de organização para os diferentes países.

Após o colapso da União Soviética em 1991, muitos governos comunistas foram derrubados e a ideologia comunista pareceu sofrer um declínio em todo o mundo. Pareceu. Países socialistas ou comunistas, como Cuba, Coreia do Norte, China, Venezuela e Vietnã, mantém um modelo de comunismo adaptado e o “capitalismo permitido” nesses lugares não ajudou a abertura e suavização política e social como acreditavam os países com governos liberais, muito pelo contrário, só fortaleceu os regimes ditatoriais.

O comunismo é só um partido político?

Como certa vez explicou Olavo de Carvalho, na linguagem dos dicionários e do senso comum dos indivíduos com pouquíssima instrução vomitados aos montes todos os anos das universidades, o capitalismo e o comunismo são diferenciados principalmente pelo seu “modo de produção”, especificamente pela propriedade privada dos meios de produção no capitalismo e pela propriedade pública no comunismo. No entanto, essa distinção é uma autodefinição ideológica do comunismo, um slogan que serve como símbolo unificador para seus militantes, mas não uma definição objetiva. O fato de até mesmo os adversários do comunismo aceitarem essa definição prova apenas que foram mentalmente dominados pelos comunistas – algo que, no vocabulário da estratégia comunista, é chamado de “hegemonia”.

A visão rasteira e propagada é a de que o comunismo é uma ideologia política, econômica e social que propõe a eliminação da propriedade privada dos meios de produção e a criação de uma sociedade igualitária, sem classes sociais. O comunismo é baseado nas teorias de Karl Marx e Friedrich Engels, e defende a abolição do sistema capitalista, que é visto como opressivo e explorador.

Embora o comunismo seja frequentemente associado a partidos políticos comunistas, ele não é apenas uma questão partidária. O comunismo é uma visão de mundo que propõe uma mudança radical nas estruturas econômicas e sociais, e é crucial que ele seja defendido por diferentes grupos e organizações, incluindo movimentos sociais, sindicatos, organizações estudantis, religiosas, entre outros. Ainda de acordo com o professor Olavo de Carvalho [o comunismo] “é um movimento político que tem um objetivo totalmente diferente e ao qual o símbolopropriedade pública dos meios de produção” serve apenas de pretexto hipnótico para controle das massas: é a cenoura que atrai o burro para cá e para lá, sem que ele jamais chegue ou possa chegar ao prometidíssimo e inviabilíssimo “modo de produção comunista””.

Existem movimentos e partidos políticos que se identificam como comunistas em diferentes partes do mundo, com diferentes graus de influência e apoio popular. Portanto, embora os próprios comunistas afirmem convenientemente que o comunismo não tenha mais a mesma proeminência global que tinha durante a Guerra Fria, ele é uma ideologia presente e atuante em vários países e grupos políticos. O truque do comunismo é o mesmo do diabo: convencer o mundo de que ele não existe.

Foice e martelo no cinema

Alguns filmes apresentam o socialismo em sua narrativa ou personagens que defendem a ideologia socialista, mas isso não significa necessariamente que o filme deixe claro sua defesa do socialismo. John Howard Lawson, um dos fundadores do sindicato dos roteiristas de Hollywood na década de 30 já pregava a sutileza na introdução de mensagens e idéias comunistas nas produções cinematográficas. A estratégia de Lawson era disseminar pequenas doses de idéias anti-americanas, de crítica política, social e econômica do “american way of life” e apresentar personagens carismáticos com soluções e caraterísticas comunistas sem dar muito na pinta. Filmes são obras artísticas que podem ter diferentes mensagens e interpretações, e é comum que temas políticos e sociais sejam explorados em diferentes graus em filmes de diferentes gêneros.

O cinema é uma forma de arte e entretenimento, e é daí que vem sua efetividade na disseminação de idéias. Quando o espectador entra em uma sala para se divertir, ele baixa a guarda e vira presa fácil para um roteiro bem escrito e um diretor talentoso. No escurinho do cinema o cidadão comum torna-se uma audiência cativa, com um grau de atenção e passividade às informações que entram pelos olhos e ouvidos bem maior que os dois segundos antes do “arrasta para cima” dos telefones celulares.

Existem muitos filmes que apresentam o socialismo em sua narrativa, seja apoiando ou criticando, ou nos personagens que defendem/combatem essa ideologia. Alguns exemplos incluem (em ordem cronológica de produção):

  • Tempos Modernos (1936) – um filme clássico de Charlie Chaplin, que critica o sistema capitalista e a exploração dos trabalhadores;
  • O Grande Ditador (1940) – dirigido e estrelado por Charlie Chaplin, o filme é uma sátira política que critica o nazismo e o fascismo, mas também apresenta elementos do socialismo em sua mensagem de igualdade e justiça social;
  • Ladrões de Bicicleta (1948) – um filme italiano que mostra um pai e filho lutando para sobreviver em meio à pobreza e desigualdade social na Itália destroçada do pós-guerra;
  • A Revolução dos Bichos (1954) – uma animação baseada no livro de George Orwell, que usa animais para satirizar a Revolução Russa e criticar o comunismo;
  • Doutor Jivago (1965) – baseado no romance de Boris Pasternak, o filme narra a história de um poeta e médico russo que vive durante a Revolução Russa e testemunha as mudanças políticas e sociais que ocorrem em seu país. Embora o filme não defenda diretamente o socialismo, ele apresenta as complexidades e contradições do movimento revolucionário;
  • Reds (1981) – dirigido e estrelado por Warren Beatty, o filme narra a vida do jornalista e ativista político norte-americano John Reed, que viaja para a Rússia durante a Revolução de 1917 e se torna um defensor do socialismo. O filme apresenta a visão romântica do socialismo que era comum na época em que foi produzido;
  • Erin Brockovich (2000) – um filme baseado em fatos reais sobre uma mulher que luta contra uma grande empresa que polui a água e prejudica a saúde das pessoas;
  • Diários de Motocicleta (2004) – Drama que retrata de forma romântica a viagem do revolucionário assassino Che Guevara e Alberto Granado pela América do Sul, em busca de aventura e descobertas políticas e sociais;
  • V de Vingança (2006) – Esse filme é baseado na graphic novel de Alan Moore e apresenta um enredo distópico que se passa em uma Inglaterra futurista controlada por um regime totalitário. O personagem principal, V, é um anarquista que luta contra o regime;
  • Che (2008) – Biografia do revolucionário argentino Che Guevara, que foi um defensor do socialismo, assassino de minorias como homossexuais e negros, além de ser um dos líderes da Revolução Cubana;
  • Os Miseráveis (2012) – O filme apresenta uma crítica ao sistema capitalista e à desigualdade social, com personagens que lutam por justiça e igualdade;
  • The Americans (2013) – uma série de tv com enredo de espionagem que se passa na década de 1980, acompanhando a vida de um casal de espiões soviéticos infiltrados nos Estados Unidos. A trama apresenta tensão, drama e conflitos pessoais dos personagens em meio à Guerra Fria;
  • O Abutre (2014) – um filme que critica o sensacionalismo e a manipulação da mídia em busca de lucro e poder;
  • O Jardim das Aflições (2017) – Documentário brasileiro que apresenta a vida e as ideias do filósofo Olavo de Carvalho, que é um crítico do socialismo e defensor do conservadorismo;

É importante lembrar que esses filmes apresentam diferentes perspectivas e abordagens em relação ao comunismo e ao socialismo, e que cada obra deve ser avaliada de forma crítica dentro do seu contexto histórico, artístico e político.

fonte: Daniel Bertorelli

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