*Reuber Koury, diretor de Projetos e Sustentabilidade
A retomada das operações da Samarco é marcada por desafios e aprendizados que nos impulsionaram a repensar nosso processo produtivo, incorporando novas tecnologias. A implementação do novo sistema de filtragem e disposição de rejeitos é um dos exemplos que marcam esta trajetória e o recomeço da empresa.
O sistema de filtragem de rejeitos nos permite desaguar o rejeito arenoso, que representa 80% do rejeito total gerado para posterior empilhamento a seco. Os demais 20% restantes, que é a lama, é contida na Cava Alegria Sul, que é um espaço rochoso e confinado, resultante da lavra do minério.
Para chegarmos a esta solução de processo e incorporá-lo no sistema produtivo, superamos duas questões técnicas: a alta escala do volume de material a ser filtrado e a forma de disposição final.
Desde 2013, a Samarco investiu em pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de selecionar um método de filtragem e disposição a seco dos rejeitos.
Dentre as tecnologias avaliadas, optamos pelo sistema que utiliza filtros de discos a vácuo com o uso de tecido como elemento filtrante, utilizada na Unidade de Ubu (ES), porém com outro material que é o concentrado de minério de ferro. Logo, foram necessárias adaptações.
O domínio prévio desta tecnologia reforçou a nossa escolha técnica, uma vez que a experiência e conhecimento de nossos operadores facilitaram a assimilação desta nova etapa no processo produtivo.
Testes industriais e ensaios indicaram os ajustes necessários, por exemplo, na vazão do vácuo, adaptação volumétrica da caixa de alimentação, modificação do tecido filtrante e outros revestimentos internos do equipamento.
O novo sistema atualmente tem capacidade de processar mil toneladas por hora, volume compatível com o retorno gradual, que é de 26% da capacidade instalada. Para garantir a operação contínua, o sistema é composto por seis filtros que funcionam em revezamento. O rejeito arenoso filtrado e seco, é destinado à Pilha de Disposição de Estéril e Rejeitos (PDER) Alegria Sul. Para garantir uma disposição contínua e segura, foi construída uma plataforma de 140 mil m², cerca de 15 campos de futebol.
Esta plataforma serve como base da nova pilha e propicia uma distribuição e disposição do material de forma mais homogênea e segura. Para isso, foram dimensionados sistemas de drenagem robusto. A implantação de todo o sistema de filtragem envolveu cerca de 2000 trabalhadores entre diretos e indiretos.
A PDER Alegria Sul é acompanhada pelo Centro de Monitoramento e Inspeção que conta, atualmente, com cerca de mil instrumentos e equipamentos, além de inspeções em campo. As estruturas serão monitoradas 24 horas todos os dias.
Nossa retomada da produção ocorre de forma gradual, priorizando a segurança e as questões ambientais. Evoluímos e seguimos em frente, certos que o novo sistema de disposição de rejeitos contribuirá para uma operação mais sustentável.