Um ano após a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, o Estado segue sem um plano estruturado para proteger os animais em situações de desastre. O alerta é do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS), que aponta a falta de diretrizes, treinamentos e estrutura adequada como uma grave omissão do poder público. “Se hoje tivermos uma nova tragédia, continuamos sem saber a quem recorrer ou para onde levar os animais. Nada foi feito com a robustez que o momento exigia”, afirma Mauro Moreira, presidente do CRMV-RS.
De acordo com o SisPetRS, ainda existem 848 animais em 11 abrigos ativos em Porto Alegre e Canoas, sem destino certo. A maioria é composta por cães de grande porte, idosos ou com necessidades especiais, cuja adoção é mais difícil. O encerramento dos lares temporários e a queda no número de voluntários agravam ainda mais a situação. “Os animais passaram a ser vistos como um ‘problema’. Precisamos reverter essa lógica com políticas públicas robustas e permanentes”, ressalta Moreira.

Durante a tragédia de 2024, o CRMV-RS coordenou o Gabinete de Crise, que mobilizou mais de 600 profissionais voluntários de todo o Brasil. Foram resgatados e atendidos mais de 20 mil animais, entre cães, gatos, cavalos, bovinos e silvestres. A operação também distribuiu toneladas de donativos, vacinas e insumos veterinários, além de implantar protocolos sanitários em abrigos para prevenir zoonoses. Apesar dos avanços, o Conselho reforça que essa estrutura emergencial não pode ser a única resposta diante de eventos climáticos extremos.
O CRMV-RS propõe a criação urgente de um Plano Estadual de Desastres voltado à saúde animal, com mapeamento regionalizado, capacitação contínua e definição clara de responsabilidades. A entidade também cobra a presença obrigatória de médicos-veterinários nas equipes de saúde municipais. “Nenhum Estado está preparado para enfrentar um desastre sem planejamento. O improviso de 2024 não pode se repetir”, finaliza o presidente do CRMV-RS.
Fonte: CRMV-RS,
FAQ – Proteção Animal em Desastres no Rio Grande do Sul
1. Por que o CRMV-RS está preocupado com a ausência de um plano estadual para proteger os animais?
O Conselho alerta que, mesmo após a maior enchente da história do RS, o Estado segue sem diretrizes claras, capacitação de equipes e estrutura adequada para lidar com emergências envolvendo animais, o que pode levar à repetição do improviso vivido em 2024.
2. Qual é a situação atual dos animais resgatados nas enchentes de 2024?
Segundo o SisPetRS, 848 animais ainda vivem em abrigos em Porto Alegre e Canoas, muitos deles sem perspectiva de adoção, especialmente cães de grande porte e com necessidades especiais. Os lares temporários foram desativados e o número de voluntários caiu.
3. O que o CRMV-RS propõe para evitar novas tragédias?
A entidade defende a criação de um Plano Estadual de Desastres focado em saúde animal, com planejamento regionalizado, capacitação contínua e presença obrigatória de médicos-veterinários nas equipes municipais para garantir resposta eficiente e bem-estar animal em futuras crises.
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