Empiricus: Que os jogos comecem

Por Matheus Spiess – Lá fora, os mercados asiáticos fecharam em baixa nesta segunda-feira (21), apesar das indicações amplamente positivas dos mercados globais na sexta-feira, com os investidores reagindo ao novo surto de Covid-19 e às restrições na China com um bloqueio em Guangzhou. Não ajudou em nada os dados de exportação sul-coreanos terem caído novamente nos primeiros 20 dias de novembro (as exportações para a China e as exportações de chips foram fracas).

Os mercados europeus também não começaram bem a semana, assim como os futuros americanos, em meio à ansiedade sobre os planos do Federal Reserve de mais aumentos nas taxas de juros para esfriar a inflação (teremos nos próximos dias a ata da última reunião do FOMC). A semana é mais curta no ambiente internacional, com feriado nos EUA. A Copa do Mundo e a gradual aproximação do final do ano também podem ser vetores de alteração do comportamento dos mercados.

Por aqui, enquanto o ainda presidente Bolsonaro completou três semanas sem atuação (se fosse na iniciativa privada, a falta sem a devida justificativa já seria o suficiente para a boa e velha justa causa), os investidores se atentam ao que a equipe de transição tem feito, bem como o que tem passado na cabeça de Lula — ao que tudo indica, Fernando Haddad voltou da COP27 como favorito para assumir a pasta da Fazenda, o que não agradaria o mercado (Pérsio Arida ainda teria chance, o que seria melhor). Enquanto não sabermos quem comandará a economia, a volatilidade continuará.

Além do nome para a Fazenda, precisamos discutir também a própria PEC da Transição e a próxima regra fiscal — Alckmin vem tentando tranquilizar o mercado, garantindo responsabilidade, superávit e redução da dívida, mas palavras já não bastam (a vitória de Ilan Goldfajn à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento é vista como uma vitória da ala moderada do governo eleito, o que aprimora o cenário). Novidades são aguardadas nesta semana, assim como alguns indicadores, como a prévia da inflação oficial de novembro, o IPCA-15.

Nos EUA, a semana é mais curta por conta do feriado do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira, o que reduz o nível de liquidez global. Antes disso, podemos acompanhar a apresentação na quarta-feira da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), que poderá desenhar melhor as intenções da autoridade monetária americana para a taxa de juros.

Na semana passada, uma queda muito maior do que a esperada na leitura dos principais indicadores econômicos dos EUA acabou pesando no sentimento dos investidores, bem como algumas falas ainda contracionistas de membros do Fed, que voltaram a desafiar as apostas num relaxamento do aperto dos juros (foi o caso de James Bullard e Neel Kashkari). O humor não melhorou da semana passada para cá.

Os mercados asiáticos ficaram abalados com as evidências de novas restrições de política zero-COVID na China — há relatos de mais bloqueios e mais mortes (neste domingo, a primeira morte pela doença em quase seis meses foi anunciada). É improvável que o caminho para acabar com a política chinesa seja tranquilo e, muito provavelmente, só teremos uma sinalização mais clara no terceiro trimestre de 2022.

Agora, o distrito mais populoso de Pequim pediu aos residentes que fiquem em casa na segunda-feira, à medida que o número de casos de COVID da cidade aumentou, enquanto pelo menos um distrito em Guangzhou ficará fechado por cinco dias. O dano econômico recai sobre o consumo doméstico se os consumidores economizarem mais como precaução contra a detenção relacionada ao Covid.

Nesta semana, assim como nos EUA, o Banco Central Europeu (BCE) também divulgará sua ata sobre a última reunião de política monetária, devendo reforçar seu posicionamento agressivo sobre a alta dos preços.

Por falar em inflação, os investidores digerem a alta dos preços ao produtor alemão em outubro, que foi mais fraca do que o esperado, com os preços caindo no mês (culta da queda dos preços da energia).

O tema nos trás ao terceiro ponto: o petróleo pode passar por um episódio curioso nos próximos dias. Países do G7 se reúnem nesta semana e podem anunciar um preço teto ao petróleo russo, o que gera mais atrito geopolítico no mundo.

A Copa do Mundo de 2022 começou no final de semana com a primeira partida sendo entre o Equador e o anfitrião Catar. Mais de um milhão de pessoas devem viajar para o Catar durante as próximas semanas, assistindo suas equipes disputarem o prêmio mais cobiçado do esporte mais popular do mundo.

Destaque para anfitrião inusitado. O Catar, uma pequena nação do Oriente Médio com muito dinheiro, mas pouca tradição futebolística, recebeu da FIFA o papel de sede há mais de uma década, em uma decisão recheada de controvérsias e alegações de corrupção.

No final, o Catar gastou o equivalente a US$ 220 bilhões (algumas estimativas chegam a US$ 300 bilhões) na Copa do Mundo (o segundo maior gasto foi o brasileiro, em US$ 15 bilhões, para vocês terem uma noção de tamanho). O Catar é a primeira nação árabe a sediar o torneio desde sua criação em 1930, devendo atrair agora os olhares do mundo todo e alterar, ainda que marginalmente, os comportamentos dos mercados.

Após o fechamento do último pregão, identifiquei uma oportunidade de swing trade baseada na análise quant – compra dos papéis da BR Malls (BRML3).

BRML3: [Entrada] R$ 8.39; [Alvo parcial] R$ 8.55; [Alvo] R$ 8.78; [Stop] R$ 8.13

Recomendo a entrada na operação em R$ 8.39, um alvo parcial em R$ 8.55 e o alvo principal em R$ 8.78, objetivando ganhos de 4.6%.

O stop deve ser colocado em R$ 8.13, evitando perdas maiores caso o modelo não se confirme.

 

fonte: Empiricus

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