Reforma tributária simplificada destravaria economia, diz diretor da FENACON

Reforma tributária simplificada destravaria economia, diz diretor da FENACON

                 As discussões em torno das propostas da reforma tributária no país seguem avançando. O foco da vez tem sido o setor de serviços, que representa aproximadamente 71% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Praticamente todo setor produtivo é favorável à reforma, desde que simplifique e não onere determinados segmentos, que é o caso dos serviços e do agronegócio. Diogo Chamun, diretor da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (FENACON), explica que os textos discutidos atualmente para uma reforma tributária possuem inconsistências.

“O sistema proposto é o da não cumulatividade, ou seja, se utiliza de débito e crédito na apuração do imposto. No entanto, o setor de serviço, por característica, não tem insumos. A maior despesa é a folha de pagamento, que não gera este crédito. Não tem como a gente tributar da mesma forma uma indústria e uma empresa prestadora de serviço por conta da questão dos insumos”, disse.

Ainda segundo Chamun, as propostas da reforma trazem atividades diferentes sendo tratadas da mesma maneira e sendo tributadas com a mesma alíquota e essa é uma grande distorção. “A gente precisa de uma reforma tributária que foque essencialmente na simplificação, que foque na redução da complexidade e da burocracia visando destravar a economia“, afirma.

Chamun indica ainda que o governo tem trabalhado na simplificação de impostos e a unificação das legislações municipais e estaduais, mas é preciso modificar o formato de cálculo dos impostos que está sendo proposto. “O Brasil precisa simplificar. A reforma tem que alavancar a economia, não travá-la. Se vamos calcular impostos por dois sistemas, atual e o novo, durante o período de transição proposto, isso trará uma simplificação? Isso diminuirá as horas gastas para calcular e declarar os impostos? É uma reflexão que precisa ser feita. Existe a necessidade de um período em que se faça uma migração de um sistema para o outro, mas de 5 a 10 anos nos parece demasiado. E precisamos deixar claro que a reforma tributária não afeta somente as empresas, mas também o cidadão comum. Quem paga um eventual aumento da carga tributária é o consumidor, que recebe o repasse no preço final”, destacou.

Como especialista em tributação, ele garante que a necessidade de simplificação é uma unanimidade entre todos os segmentos. Além disso, o diretor da Fenacon lembra que existe outra proposta, a PEC 46, cujo foco é a simplificação, mas não tem tido tanto destaque quanto às demais. “Esse é um tema prioritário para o governo, mas os textos não estão bons. Nosso receio é que a reforma passe do jeito que está. Nesse caso, seria um desserviço porque teríamos um custo de transição enorme, sem um avanço nas melhorias do sistema tributário. Defendemos a existência de três alíquotas: uma referencial para comércio e indústria; uma diferenciada, com uma pequena redução para serviços em geral; e uma ainda menor para serviços como educação e saúde. Não podemos taxar uma escola de educação infantil da mesma forma que uma indústria”, disse.

fonte: Cenários Comunicação

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