Estudantes de Guarapari visitam Ouro Preto após ciclo de leituras e discussões sobre diáspora africana

Estudantes de Guarapari visitam Ouro Preto após ciclo de leituras e discussões sobre diáspora africana

A iniciativa teve como proposta a compreensão histórica, cultural e artística do deslocamento dos africanos que foram escravizados.

Estudantes da disciplina eletiva “Leitura na Varanda: da diáspora ao ouro preto”, da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Dr. Silva Mello, localizada em Guarapari, participaram de uma viagem pedagógica à cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. A iniciativa teve como proposta a compreensão histórica, cultural e artística do deslocamento dos africanos que foram escravizados para trabalhar especialmente com o “ouro preto” encontrado no Brasil.

Idealizada pelo professor Rodrigo Vieira Ávila de Agrela, a disciplina foi dividida em dois módulos, “Escrevivências afro-brasileiras” e “Ouro Preto Literária”. Em um primeiro momento, foram propostas a leitura e a discussão de trechos de textos que apresentam imagens e reflexões sobre a diáspora africana (“O navio negreiro”, de Castro Alves; “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves; e “O crime do Cais do Valongo”, de Eliana Alves Cruz). Em seguida, partiu-se para a leitura de textos que refletissem as relações étnico-raciais estruturadas a partir da escravidão, tendo Ouro Preto como cidade-destino de africanos e, por isso, cidade que guarda outros imaginários sobre os povos afro-brasileiros.

De acordo com o professor Rodrigo de Agrela, durante a disciplina verificou-se a necessidade de buscar e produzir outros discursos que fossem além de uma imagem duvidosa da escravidão e que colocassem o sujeito negro como protagonista e produtor do saber. A escolha da cidade de Ouro Preto foi fundamental para a discussão, uma vez que parcela significativa dos africanos trazidos para o Brasil, em especial para Ouro Preto, eram mineiros que guardavam saberes relacionados à extração de pedras preciosas, isto é, costumavam ser da região da Nigéria, do Congo, de Gana e de Camarões, onde eram especialistas em minério.

Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer de perto os patrimônios históricos da cidade, fazendo uma conexão com os conteúdos trabalhados em sala de aula, como a formação histórica, cultural e literária do Brasil e as influências da diáspora africana. Alguns dos aparelhos culturais visitados foram a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, a Igreja do Pilar, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, o Museu da Inconfidência, a Mina do Bijoca, o Museu do Aleijadinho e a Igreja Nossa de São Francisco.

“A viagem a Ouro Preto foi uma oportunidade única e inesquecível que eu tive. Nessa jornada aprendi a cada passo mais e mais sobre a história, arquitetura e arte dessa cidade incrível. A experiência de entrar em uma mina onde escravizados trabalhavam dia e noite foi realmente assustadora e intrigante. Visitar museus e igrejas com uma arquitetura tão sofisticada foi algo fora da minha realidade. Subir ladeiras se tornou uma tarefa mais difícil do que imaginava, mas no final cada visita valeu a pena!”, comentou o estudante Luis Beker.

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