PARTE 1: QUEM FOI MÓRMON
No contexto do Livro de Mórmon, Mórmon é um dos personagens centrais e dá nome ao livro. Ele é descrito como um profeta, historiador e líder militar que viveu nas Américas por volta do século IV d.C., segundo a narrativa do próprio Livro de Mórmon. Vamos explorar quem foi Mórmon, seu papel na história do livro e como ele é visto pelos mórmons.
Origem e História
Mórmon é apresentado como um nefita, descendente de uma linhagem de profetas e líderes religiosos. Ele nasceu por volta de 311 d.C. e foi nomeado em homenagem ao local onde seu pai, também chamado Mórmon, havia escondido os registros sagrados da nação nefita. Desde jovem, Mórmon foi escolhido por Deus para ser o guardião e compilador dos registros históricos e espirituais de seu povo.
Papel como Historiador
Mórmon é mais conhecido por seu trabalho como compilador e editor dos registros nefitas. Ele resumiu séculos de história, profecias e ensinamentos em um conjunto de placas de ouro, que mais tarde seriam traduzidas por Joseph Smith como o Livro de Mórmon. Mórmon incluiu em seu relato os escritos de profetas anteriores, como Néfi, Alma, Helamã e outros, bem como suas próprias observações e ensinamentos.
Líder Militar
Além de seu papel como historiador, Mórmon também foi um líder militar. Ele liderou os nefitas em uma série de batalhas contra os lamanitas, um grupo rival que os mórmons acreditam ser ancestral dos nativos americanos. No entanto, apesar de seus esforços, os nefitas foram derrotados devido à sua crescente iniquidade e apostasia.
Morte e Legado
Mórmon testemunhou a destruição quase completa de seu povo. Antes de morrer, ele entregou os registros que havia compilado a seu filho, Morôni, que completou o trabalho e escondeu as placas no monte Cumora, onde Joseph Smith alegou tê-las encontrado séculos depois.
2. O Nome “Mórmon”
O nome “Mórmon” tem um significado especial no contexto do Livro de Mórmon. De acordo com o próprio Mórmon, o nome significa “bom” ou “mais bom” (Mórmon 3:5). No entanto, estudiosos fora do mormonismo questionam essa etimologia, já que não há evidências linguísticas que sustentem essa interpretação.
3. Mórmon como Personagem Literário
Do ponto de vista crítico, Mórmon é visto como um personagem literário criado por Joseph Smith para dar estrutura ao Livro de Mórmon. A narrativa de Mórmon como um profeta-historiador que compila registros antigos é semelhante a outras histórias religiosas e mitológicas, mas não há evidências históricas ou arqueológicas que confirmem sua existência.
4. Mórmon na Teologia Mórmon
Para os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Mórmon é um profeta real e uma figura central na história de seu povo. Ele é reverenciado por seu papel na preservação dos registros que se tornariam o Livro de Mórmon, que os mórmons consideram escritura sagrada ao lado da Bíblia.
Sobre Mórmon
Independentemente da perspectiva, Mórmon desempenha um papel fundamental na narrativa e na teologia do mormonismo. No entanto, sua existência e as histórias associadas a ele permanecem sem confirmação histórica ou arqueológica, o que continua a ser um ponto de debate entre estudiosos e críticos.
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PARTE 2 – DO QUE TRATA O LIVRO DE MÓRMON
O Livro de Mórmon é um texto sagrado para os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD), também conhecidos como mórmons. Eles o consideram escritura inspirada, ao lado da Bíblia, e acreditam que ele foi traduzido por Joseph Smith a partir de placas de ouro que lhe foram entregues por um anjo chamado Morôni. No entanto, do ponto de vista teológico protestante, o Livro de Mórmon levanta sérias questões doutrinárias, históricas e teológicas que o colocam em conflito direto com os princípios do cristianismo bíblico. Este artigo examinará o Livro de Mórmon à luz das Escrituras e da teologia protestante, destacando suas inconsistências e contradições.
1. A Origem do Livro de Mórmon
Segundo Joseph Smith, em 1823, o anjo Morôni apareceu a ele e revelou a localização de placas de ouro enterradas em um monte perto de Palmyra, Nova York. Essas placas continham a história de antigas civilizações nas Américas, escritas em “egípcio reformado”. Smith afirmou ter traduzido as placas por meio do dom e do poder de Deus, usando um dispositivo chamado Urim e Tumim. O Livro de Mórmon foi publicado em 1830 e é considerado pelos mórmons como “o mais correto de todos os livros” e a pedra fundamental de sua religião.
Problemas com a Narrativa
- Falta de Evidência Física: As placas de ouro nunca foram examinadas por estudiosos independentes. Smith alegou que elas foram devolvidas ao anjo Morôni após a tradução, o que impossibilita qualquer verificação.
- Egípcio Reformado: Não há evidências arqueológicas, linguísticas ou históricas de que uma escrita chamada “egípcio reformado” tenha existido nas Américas.
- Contradições Internas: O Livro de Mórmon contém inúmeras inconsistências históricas, geográficas e culturais que levantam dúvidas sobre sua autenticidade.
2. Conteúdo do Livro de Mórmon
O Livro de Mórmon é dividido em vários livros, que supostamente narram a história de duas civilizações principais: os nefitas e os lamanitas, descendentes de um grupo que teria migrado de Jerusalém para as Américas por volta de 600 a.C. A história inclui profecias, guerras, migrações e a visita de Jesus Cristo às Américas após Sua ressurreição.
Principais Temas
- A Visita de Jesus às Américas: O Livro de Mórmon afirma que Jesus apareceu aos nefitas e lhes ensinou o evangelho (3 Néfi 11-28). Essa narrativa é central para os mórmons, mas não tem qualquer base histórica ou bíblica.
- A Apostasia e a Restauração: O livro descreve uma grande apostasia entre os nefitas, que teria levado à destruição de sua civilização. Isso é usado para justificar a necessidade da “restauração” da igreja por Joseph Smith.
- A Salvação pelas Obras: O Livro de Mórmon enfatiza a necessidade de obras e obediência para a salvação, em contraste com a doutrina bíblica da salvação pela graça por meio da fé.
3. Contradições com a Bíblia
A. A Doutrina de Deus
- Mórmonismo: O Livro de Mórmon sugere que Deus foi um homem que progrediu para se tornar um deus (Ensinamentos de Joseph Smith, p. 345). Isso contradiz a Bíblia, que ensina que Deus é eterno, imutável e único (Deuteronômio 6:4; Isaías 43:10).
- Bíblia: “Antes de mim nenhum deus se formou, nem haverá algum depois de mim” (Isaías 43:10).
B. A Natureza de Jesus Cristo
- Mórmonismo: O Livro de Mórmon apresenta Jesus como um deus entre muitos, em contradição com a Bíblia, que ensina que Jesus é o único Filho de Deus, plenamente divino e eterno (João 1:1-3; Colossenses 1:15-17).
- Bíblia: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
C. A Salvação
- Mórmonismo: O Livro de Mórmon ensina que a salvação é alcançada por meio de obras e obediência (2 Néfi 25:23). Isso contradiz a doutrina bíblica da salvação pela graça por meio da fé (Efésios 2:8-9).
- Bíblia: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).
D. A Trindade
- Mórmonismo: O Livro de Mórmon apresenta o Pai, o Filho e o Espírito Santo como três deuses separados, em contradição com a doutrina bíblica da Trindade, que ensina que há um só Deus em três pessoas (Mateus 28:19; 2 Coríntios 13:14).
- Bíblia: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19).
4. Problemas Históricos e Arqueológicos
A. Civilizações Desconhecidas
O Livro de Mórmon descreve civilizações avançadas (nefitas e lamanitas) que teriam existido nas Américas entre 600 a.C. e 400 d.C. No entanto, não há evidências arqueológicas, linguísticas ou culturais que apoiem a existência dessas civilizações. A arqueologia americana não confirma a presença de cavalos, carruagens, espadas de aço ou outras tecnologias mencionadas no livro.
B. A Origem dos Nativos Americanos
O Livro de Mórmon afirma que os nativos americanos são descendentes dos lamanitas, um grupo que teria migrado de Jerusalém. No entanto, estudos genéticos e antropológicos mostram que os povos indígenas das Américas têm origens asiáticas, não semíticas.
5. O Livro de Mórmon à Luz da Teologia Cristã
Do ponto de vista cristão, o Livro de Mórmon não pode ser considerado escritura inspirada por várias razões:
- Contradições com a Bíblia: O Livro de Mórmon ensina doutrinas que contradizem claramente as Escrituras, como a pluralidade de deuses, a salvação pelas obras e a negação da Trindade.
- Falta de Evidências: Não há evidências históricas, arqueológicas ou linguísticas que apoiem as afirmações do Livro de Mórmon.
- Apostasia da Graça: O ensino de que a salvação depende de obras e obediência é uma negação do evangelho da graça, que é central ao cristianismo bíblico (Romanos 3:28; Efésios 2:8-9).
- A Autoridade das Escrituras: A Bíblia é suficiente e completa, e não há necessidade de escrituras adicionais (2 Timóteo 3:16-17; Apocalipse 22:18-19).
Como cristãos e protestantes, cremos que a Bíblia é a única regra infalível de fé e prática. O Livro de Mórmon, com suas doutrinas extra-bíblicas e contradições históricas, não pode ser reconciliado com o cristianismo bíblico. Portanto, é essencial que os cristãos estejam preparados para defender a verdade das Escrituras e apontar as pessoas para o evangelho de Jesus Cristo, que é “o mesmo ontem, hoje e para sempre” (Hebreus 13:8).