Diarreias agudas são queixas frequentes na rotina veterinária, e muitas delas estão relacionadas a agentes infecciosos. Entre eles, dois vírus merecem atenção: o Coronavírus Canino (CCoV) e o Parvovírus Canino (CPV).
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Embora ambos afetem o trato digestivo e possam causar quadros semelhantes, tratam-se de doenças distintas, com comportamentos clínicos e riscos muito diferentes.
Quem explica é Nathalia Villaça Xavier, docente do Centro Universitário Max Planck (UniMAX) e pós-graduada em Pneumologia veterinária.
Segundo ela, compreender como cada vírus age é essencial para reconhecer sinais de alerta e evitar confusões comuns entre tutores.
“O CCoV tem tropismo entérico e causa, na maioria dos casos, uma gastroenterite aguda leve e autolimitada”, afirma.
Já o Parvovírus possui ação muito mais agressiva, especialmente por destruir células de cripta e desencadear intensa imunossupressão.
Como o CCoV age no organismo
O Coronavírus Canino é um alphacoronavírus que infecta preferencialmente enterócitos maduros das vilosidades do intestino delgado, produzindo um quadro digestivo geralmente brando.
A manifestação costuma ser de início súbito e envolve diarreia aquosa ou pastosa, de coloração amarelada, associada a letargia discreta e redução do apetite.
Na maior parte dos cães saudáveis, não há repercussões sistêmicas relevantes.
“Como a replicação viral ocorre superficialmente no epitélio intestinal, o comprometimento clínico tende a ser moderado, e a evolução costuma ser favorável”, explica Nathalia.
O ciclo da doença também costuma ser rápido: a incubação varia de um a quatro dias, e os sinais clínicos duram cerca de dois a dez dias, com recuperação completa em até duas semanas.
Mesmo após a melhora, muitos cães continuam eliminando o vírus por até três semanas, o que facilita a transmissão.

Transmissão e fatores que aumentam o risco
A disseminação do CCoV ocorre principalmente pela via oro-fecal, sendo o contato com fezes contaminadas a principal fonte de infecção.
O vírus apresenta boa resistência em ambientes com matéria orgânica, permitindo contaminação indireta por fômites como comedouros, brinquedos e pisos.
Situações de maior densidade populacional — como canis, abrigos e locais com fluxo intenso de animais — aumentam substancialmente o risco. “Higiene inadequada e circulação intensa favorecem a disseminação do vírus”, reforça a docente.
Alguns sinais ajudam a diferenciar o quadro de outras enteropatias: a diarreia causada pelo coronavírus costuma ser abrupta, aquosa e amarelada, com manutenção parcial do estado geral.
Geralmente, não há febre relevante, vômitos intensos nem leucopenia, o que a distingue de doenças mais severas.
O histórico também é determinante: permanência em ambientes coletivos ou contato com animais infectados aumenta a suspeita.

Tratamento e cuidados necessários
Não existe tratamento antiviral específico para o Coronavírus Canino. O manejo é baseado em suporte clínico, incluindo hidratação oral ou intravenosa, dieta altamente digestível, uso criterioso de antieméticos e probióticos.
Antibióticos só são recomendados quando há risco de translocação bacteriana, especialmente em filhotes ou animais com febre e neutropenia.
Na maioria dos cães imunocompetentes, a evolução é positiva.
Quais são as principais diferenças entre o Coronavírus Canino e o Parvovírus Canino?
O CCoV causa, na maioria dos casos, uma gastroenterite aguda leve, autolimitada e sem repercussões sistêmicas importantes. Já o Parvovírus é muito mais agressivo, destrói células de cripta e provoca intensa imunossupressão.
Como ocorre a transmissão do Coronavírus Canino?
A transmissão ocorre principalmente pela via oro-fecal, com fezes contaminadas como principal fonte. O vírus é resistente em ambientes com matéria orgânica, permitindo contaminação indireta por fômites, como comedouros e brinquedos.
Qual é o tratamento indicado para cães com infecção por CCoV?
Não existe tratamento antiviral específico. O manejo é de suporte e inclui hidratação, dieta altamente digestível, antieméticos e probióticos. Antibióticos só devem ser usados quando há risco de translocação bacteriana.
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