O PIB do Brasil e seus desafios

O PIB do Brasil e seus desafios

C6 Bank: O PIB do Brasil e seus desafios
O PIB brasileiro teve um bom crescimento em 2022 e, neste primeiro trimestre de 2023, deve apresentar um crescimento robusto (ou, podemos até dizer, extraordinário, como você vai entender abaixo). Mas o que esperar para médio e longo prazo?

O que dizer da capacidade do país de gerar riqueza? Nesta edição, veja também:

•A perda de fôlego no mercado de trabalho brasileiro
•A persistência da inflação na zona do euro

Até que ponto o país vai crescer?

Como divulgado nos últimos dias, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, impulsionado pela retomada da economia no pós-pandemia, cresceu 2,9% em 2022. O avanço foi puxado principalmente pelo setor de serviços (restaurantes, academias, hotéis, etc.), que subiu 4,2% no ano e acabou estimulando também a geração de empregos e o consumo das famílias.

Os três primeiros meses deste ano também prometem bom desempenho. Nos nossos cálculos, o setor agropecuário, que responde por 7,6% do PIB do Brasil, deve crescer extraordinários 9,6% em 2023, contra o recuo de 1,7% de 2022. O estímulo virá da esperada safra recorde de grãos, cuja colheita é realizada, em sua maior parte, entre janeiro e março.
Mesmo com esse empurrão, a economia brasileira deve crescer apenas 1% ou um pouco mais que isso em 2023. Os últimos meses de 2022, a propósito, já foram de desaceleração. O PIB do país encolheu 0,2% entre outubro e dezembro, em linha com o já vínhamos indicando aqui na Macro Review.
Passado o primeiro trimestre de 2023, o crescimento do país deverá ser nulo ou mesmo negativo.

Esse quadro nos leva a refletir sobre a capacidade que o Brasil tem de expandir sua economia.

Quanto o Brasil conseguirá crescer em 2024 e nos próximos anos?

Na década retrasada, o vento estava a nosso favor. Entre 2004 e 2010, por exemplo, o país cresceu, em média, 4,5% ao ano. Foi uma época em que o chamado crescimento potencial, que mede a capacidade de crescimento da economia de forma sustentável, estava alto. Isso significa dizer, de forma simplificada, que havia bastante gente entrando no mercado de trabalho e que a produtividade (geração de riqueza obtida a partir do capital físico e do capital humano) estava subindo fortemente.

O cenário atual, no entanto, é de mudança relevante na demografia: o envelhecimento da população. Como o gráfico abaixo mostra, a população em idade de trabalhar (acima de 15 anos de idade) está crescendo menos. Se esse contingente antes expandia cerca de 1,8% ao ano, agora, a previsão é de 0,9% ao ano. Existem, portanto, menos pessoas entrando no mercado de trabalho, menos gente gerando riqueza.

E o desafio não é só esse. A produtividade do Brasil está praticamente parada – nos últimos 25 anos, ela cresceu cerca de 0,6% por ano. Se o país continuar nesse ritmo, nosso crescimento potencial pode ficar em torno de apenas 1,5% nos próximos anos.

Outros fatores que preocupam são o contexto global e os velhos entraves estruturais presentes no país.

Vejamos:

•O mundo vive um período de baixo crescimento. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia global cresça 2,9% em 2023 e 3,1% em 2024. Só para termos uma ideia, entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009, ano afetado pela crise financeira), o mundo avançou quase 5% ao ano

•A demanda pelas commodities não será a mesma de antes. Um mundo que cresce menos compra menos matérias-primas, que são justamente o ponto forte do Brasil

•Existe um processo de desglobalização em curso. Cada vez mais, países internalizam a fabricação de produtos e insumos antes importados de outros países, por questões de segurança (alimentar, militar, cibernética). Isso tende a provocar redução no fluxo do comércio global e na eficiência da produção

•O Brasil investe pouco em melhorias que costumam trazer resultado no longo prazo. Se analisarmos a taxa de investimentos dos 172 países observados pelo FMI entre 2010 e 2021, o Brasil aparece no 137º lugar, com 18% do PIB destinado a investimentos

A taxa de investimentos importa porque ela contribui para a produtividade. Falamos aqui, claro, de investir para desenvolver os campos da educação, infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, saneamento) e ciência e tecnologia. Não podemos nos esquecer também da necessária simplificação do ambiente de negócios brasileiro, que pede há décadas um sistema tributário menos complexo.

Estamos condenados a crescer apenas 1,5%? A resposta é não. Com a população brasileira envelhecendo e o cenário internacional em marcha lenta, não restam dúvidas de que o caminho ideal para o país crescer mais é atacar a produtividade.

Mercado de trabalho esfria

Ao que tudo indica, a tendência de redução do desemprego que vínhamos observando desde 2021 está ficando para trás.

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 8,4% no trimestre encerrado em dezembro, quase o mesmo número visto nos trimestres encerrados em outubro e novembro (8,5%), considerando nosso ajuste sazonal.
Houve redução, nos últimos dois meses de 2022, tanto no contingente de trabalhadores empregados quanto no de pessoas em busca de emprego.
A razão da perda de força do mercado de trabalho é, provavelmente, o menor crescimento da economia brasileira, que hoje convive com uma taxa básica de juros em 13,75% ao ano. É o nível mais alto da Selic desde 2016.

Nossa projeção é de que a taxa de desemprego no Brasil fique em 9% em 2023 e 9,5% em 2024.

Mundo

Zona do euro: inflação resiliente

A inflação na zona do euro caiu menos que o esperado em fevereiro. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 8,5% em 12 meses, acima da projeção do mercado (8,2%).
A inflação subiu na Alemanha (9,3%), na França (7,2%) e na Espanha (6,1%). Na Itália, apesar de um leve recuo na alta de preços, a inflação segue elevada (9,9%).
O que puxou o índice para cima na zona do euro foram os preços dos alimentos e dos serviços. O núcleo do indicador, que exclui alimentos e energia, acelerou para 5,6% em 12 meses e renovou o recorde de alta – é o maior patamar desde o início da série histórica, em 2000.

O avanço persistente do núcleo sugere que a inflação na região pode ceder de forma mais lenta que a prevista.

O resultado reforçou a expectativa de aumento de 0,5 ponto percentual nos juros da zona do euro neste mês e fez o mercado elevar a estimativa para o pico da taxa. A projeção para a taxa de depósitos no início de 2024 passou de 3,75% para 4%. Hoje, ela está em 2,5%.

Tome nota

R$ 99 bilhões – Foi o saldo positivo das contas públicas brasileiras em janeiro, considerando governo central, Estados, municípios e estatais

R$ 0,47 – É o valor dos impostos federais (PIS/Pasep e Cofins) sobre a gasolina que voltaram a ser parcialmente cobrados neste mês

47,7 – Foi o resultado de fevereiro do índice ISM da indústria americana. O dado indica contração, mas mostra leve melhora ante janeiro

Quem faz parte da equipe econômica do C6 Bank: Felipe Salles, Claudia Moreno, Claudia Rodrigues, Heliezer Jacob e Felipe Mecchi. Caso prefira, ouça o podcast do C6 Bank: https://open.spotify.com/episode/0TscK6l6fPh3lB2R4tCbTa

fonte: C6 Bank

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