Vivemos num país conhecido por suas grandes expectativas em realizações sociais e econômicas, no entanto, com pouquíssimas entregas relativamente efetivas por parte dos administradores públicos eleitos a cada quatro anos durante décadas no modelo administrativo republicano já ultrapassado.
Durante os últimos quatro anos (2019/2022), propagou-se pelo país os antigos e abandonados valores nacionalistas, de amor à pátria, ao hino nacional, a família e aos combatidos valores cristãos, renascendo então um novo sentimento nacional voltado ao ¨conservadorismo de direita¨ motivado principalmente pelo segmento político liderado por Jair Bolsonaro.
Não obstante o reconhecimento da importância de temas e valores abordados pelo governo Bolsonaro, criou-se também no núcleo de poder algumas inconstâncias e aspectos de ¨dúbia interpretação¨ na trajetória do governo, sobretudo o personalismo e empoderamento de alguns atores políticos e sociais, realçando assim a ideia de uma linha mais ideológica ou por vezes radical no trato da comunicação social, especialmente direcionado equivocadamente a um contingente mais simples e periférico do país.
Neste movimento da ¨nova direita¨ brasileira, milhares e milhões de pessoas foram chamadas às ruas a participarem de atos cívicos e outras manifestações de caráter eminentemente político social, o que nos parece legítimo e enriquecedor no tocante a construção dos valores sociais, no entanto, a falta de um planejamento básico na construção de formação social adequada para o momento em questão, aliada a inobservância por parte dos formadores de opiniões, sejam eles atores públicos e privados (redes sociais) especificamente em relação aos riscos reais para muitos populares ali expostos.
Imaginavam algo diferente?
A falta de unificação e comprometimento dos parlamentares e executivos políticos da linha ¨conservadora¨, bem como a omissão de outras muitas personalidades públicas, jurídicas, sociais e religiosas que de forma contundente em redes sociais ¨incitaram¨ sistematicamente as massas nas mobilizações de rua, e tão logo ao perceberem a ¨crise social¨ causada, silenciaram-se imediatamente e se auto fortificaram em nichos de poder político e poder capital.
Hoje, passados muitos meses desde a detenção de centenas de pessoas comuns sem a devida atenção legal constitucional acusados de ¨golpistas¨, continuamos diariamente a ouvir os pronunciamentos sempre com belas oratórias por parte dos parlamentares no Congresso Nacional, como também a manutenção dos falsos formadores de opinião em redes sociais que buscam visibilidade e fama.
E os nossos presos políticos?