Depois de décadas sob uma ditadura tóxica, o povo venezuelano anseia por dias melhores. Desde a ascensão do chavismo, a degradação político-institucional impossibilitou a alternância de poder. O ditador Nicolás Maduro exerce controle total sobre o Legislativo e o Judiciário, corrompidos pelos petrodólares, servindo apenas para referendar as decisões do herdeiro de Hugo Chávez. Apesar de todas as ações golpistas do governo ao longo dos últimos anos, a oposição resiste sob a liderança de María Corina Machado, o rosto de uma Venezuela que se recusa a sucumbir ao socialismo.
Anos de medidas econômicas fracassadas, perseguição política e violência generalizada acarretaram na atual diáspora venezuelana, com milhões de refugiados procurando alento nos países vizinhos. Há tempos, o colapso venezuelano deixou de ser um problema restrito ao país: só a Colômbia já recebeu quase três milhões de venezuelanos. No Brasil, mais de 80% dos pedidos de refúgio são de cidadãos tentando escapar da ditadura chavista.
A crise levou países latino-americanos a pressionarem Maduro por uma negociação para garantir eleições minimamente livres. Em outubro de 2023, governo e oposição firmaram o Acordo de Barbados para a realização de eleições presidenciais até o fim de 2024. Mesmo tendo à disposição todo o aparato institucional e militar para perpetuar-se no cargo, Maduro decidiu tirar María Corina Machado do jogo. Para substituí-la, a coalizão Plataforma Unitária Democrática indicou a candidata Corina Yoris, mas esta também foi barrada pela ditadura. Assim, a oposição lançou um terceiro candidato, que concorrerá oficialmente no próximo dia 28 de julho à presidência, caso Maduro não invente mais um de seus truques golpistas.
O Calvário do Venezuelanos
A continuidade de Maduro no poder ampliará o calvário dos venezuelanos. A Venezuela vive a maior crise econômica, humanitária e social da história da América Latina. Oito milhões de pessoas fugiram do país durante a última década, configurando a pior crise migratória da história do continente. Este período coincide com a chegada de Maduro à presidência. O número de refugiados é superior ao de países em guerra, como Ucrânia ou Síria. A diferença é que a única guerra travada em território venezuelano é a do governo socialista contra seu próprio povo, causando miséria e caos. Nove em cada dez venezuelanos vivem abaixo da linha da pobreza.
Diz uma antiga anedota que, se os socialistas administrassem o Deserto do Saara, em poucos meses faltaria areia. Não é exagero. Detentora das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela vê uma elite político-militar enriquecer mediante assalto aos cofres públicos, enquanto a maior parte da população passa fome. A economia do país encolheu impressionantes 70% na última década. A inflação é a maior do mundo há anos. As prateleiras de supermercados e farmácias estão vazias, imagem típica do desabastecimento em economias planificadas.
Socialismo
O governo venezuelano pratica aquilo que os socialistas se acostumaram a fazer mundo afora: controle de preços, expropriação de propriedades privadas, perseguição a empreendedores e cadeia ou morte a quem ousa criticar o desastre de suas ações. Milícias bolivarianas ameaçam e oprimem quem ousa levantar-se contra a ditadura. Caracas é uma das cidades mais violentas do planeta.
A vitória da oposição venezuelana no próximo dia 28 de julho será o primeiro passo para a reconstrução de nosso vizinho. Mas vencer as eleições não será suficiente. Será preciso garantir que a oposição assuma o poder e execute reformas institucionais para que possa governar sem o boicote das forças chavistas que dominam os poderes após décadas de tirania.
Economia em Frangalhos
A economia venezuelana encontra-se em frangalhos, com a inflação galopante corroendo o poder de compra da população. As políticas de controle de preços e expropriação de propriedades privadas não fizeram nada além de exacerbar o problema, levando ao desabastecimento crônico de alimentos e medicamentos. A corrupção endêmica no governo Maduro transformou a Venezuela em um dos países mais corruptos do mundo, onde a elite político-militar enriquece enquanto o povo sofre.
A crise humanitária também é alarmante. A desnutrição infantil atingiu níveis catastróficos, com muitas crianças sofrendo de fome crônica. Os serviços de saúde estão à beira do colapso, incapazes de atender às necessidades básicas da população. A violência desenfreada, alimentada pelas milícias bolivarianas, tornou Caracas uma das cidades mais perigosas do mundo, onde a vida humana perdeu seu valor.
Entretanto, a esperança renasce com a possibilidade de mudança. A vitória da oposição não apenas representa uma derrota para Maduro, mas simboliza um novo começo para a Venezuela. É uma oportunidade para restaurar a democracia, reconstruir a economia e restaurar a dignidade de um povo que sofreu tanto. A tarefa será árdua, mas com determinação e apoio internacional, a Venezuela pode emergir das cinzas e construir um futuro melhor.
A reconstrução da Venezuela exigirá uma abordagem multifacetada. Reformas econômicas urgentes são necessárias para estabilizar a moeda e controlar a inflação. A reabertura do mercado e o incentivo ao investimento estrangeiro são cruciais para revitalizar a economia. No entanto, essas medidas devem ser acompanhadas de um forte compromisso com a transparência e a luta contra a corrupção para garantir que os benefícios do crescimento econômico cheguem a todos os venezuelanos.
Judiciário e Legislativo
Além disso, a restauração das instituições democráticas é essencial. O novo governo precisará reformar o sistema judiciário e legislativo para garantir a independência e a imparcialidade desses órgãos. A promoção dos direitos humanos e a liberdade de imprensa devem ser prioridades, criando um ambiente onde a sociedade civil possa florescer e contribuir para a reconstrução nacional.
A comunidade internacional também desempenha um papel vital neste processo. O apoio diplomático e econômico de países e organizações internacionais será crucial para ajudar a Venezuela a superar esta crise. A pressão contínua sobre o regime de Maduro e o apoio à oposição democrática podem ajudar a garantir que a transição de poder seja pacífica e bem-sucedida.
Em última análise, a verdadeira vitória será do povo venezuelano. Eles suportaram anos de opressão e dificuldades com coragem e resiliência. Agora, com a perspectiva de mudança à vista, eles têm a oportunidade de moldar seu próprio destino. A luta pela liberdade e pela justiça continua, mas a esperança de um futuro melhor nunca esteve tão próxima. A derrota de Maduro marcará o início de uma nova era para a Venezuela, uma era de paz, prosperidade e democracia.