Jovens da geração Z estão mais propensos a trocar mulheres reais por namoradas criadas com inteligência artificial e isso pode levar a problemas de saúde mental, de acordo com Eric Schmidt, ex-CEO do Google. O alerta foi dado durante entrevista ao podcast The Prof G Show, no final de novembro.
Conforme o antigo executivo da gigante de Mountain View, muitas pessoas recorrem à IA generativa para criar um “par romântico perfeito”. Embora as mulheres também façam isso, os homens jovens são mais suscetíveis aos efeitos nocivos dos chatbots por apresentarem um nível de educação inferior ao público feminino da mesma faixa etária, como apontam pesquisas.
- Leia também: Chatbots que simulam ‘namoradas de IA’ oferecem risco à privacidade, diz estudo
Para Schmidt, esses jovens estão à procura de diversão e apoio no ambiente online, porém acabam tendo acesso a conteúdos problemáticos promovidos por algoritmos nas redes sociais, se aproximando de influenciadores extremistas e bots manipuladores. Ele se mostrou preocupado com os impactos disso na mente dos adolescentes, principalmente.
“Você coloca uma criança de 12 ou 13 anos diante dessas coisas, e ela tem acesso a todo o mal e a todo o bem do mundo. E ela não está pronta para aceitar isso”, disse. “É uma obsessão possível”, acrescentou.
Além de se tornarem obcecados por namoradas criadas com IA, os jovens sofrem com a solidão e ficam cada vez mais desconectados da realidade, segundo o executivo.
Mudanças na regulamentação da IA
Durante a entrevista, o ex-chefe do Google sugeriu mudanças nas leis dos Estados Unidos relacionadas à tecnologia, que isentam as empresas de qualquer responsabilização quanto aos conteúdos postados em suas plataformas. Apesar disso, ele acredita que algo só será feito diante de novas tragédias como a envolvendo o garoto Sewell Setzer III.
Envolvido em um namoro com a IA, o menino de 14 anos tirou a própria vida após receber mensagens obsessivas da tecnologia durante meses. A mãe do adolescente está processando a empresa por trás do bot, alegando que a desenvolvedora não emitiu nenhum alerta quando o filho passou a expressar pensamentos suicidas.
- Saiba mais: Influencer vira namorada virtual com IA e cobra US$ 1 por minuto
Investidor de startups de IA, Schmidt também pediu aos pais que tenham mais atenção com os filhos, conferindo de perto as atividades feitas por eles no ambiente online, uma vez que as empresas não conseguem controlar o acesso a conteúdos prejudiciais por adolescentes.