Você não está falhando. Está apenas insistindo no caminho errado.
No mundo dos negócios, somos ensinados que persistência é virtude. Que líderes bem-sucedidos são aqueles que continuam, mesmo quando tudo parece desmoronar. Mas… e se a verdadeira coragem não estiver em continuar, e sim em mudar de propósito?
1. O platô silencioso que paralisa empresas
Empresas morrem mais por estagnação do que por ruptura.
É o famoso “platô” do sucesso: você ainda cresce, mas menos. Ainda tem clientes, mas menos engajados. Os times entregam, mas com menos paixão. A inovação… vira manutenção. A liderança sente — mas não reage.
Sinais clássicos de que seu propósito precisa de revisão:
- Crescimento de receita que desacelera, apesar de novos esforços;
- Perda de engajamento com o cliente (ou do cliente com sua marca);
- Fadiga interna: times frustrados, criativos travados, cultura em declínio;
- Dependência excessiva do que deu certo no passado;
Segundo uma pesquisa da McKinsey (2022), 82% dos executivos reconhecem que sua empresa precisa se reinventar — mas apenas 27% têm um plano estruturado para isso.
2. O problema não é estratégia, é o apego ao propósito antigo
A maioria dos líderes acredita que estratégia resolve tudo, mas poucas empresas têm coragem de reavaliar o que está por trás da estratégia: o propósito que sustenta suas escolhas.
Stephen Shortt reconheceu isso na prática: sua empresa era boa, lucrativa, mas não fazia mais sentido para ele. A venda não foi uma decisão de negócio, foi uma decisão de alma. E isso é raro.
O erro comum? Ajustar a operação, lançar um novo produto, fazer rebranding — sem nunca questionar se ainda faz sentido competir nesse mercado, com esse modelo, por esse motivo.
3. Você já não está mais certo: o poder de admitir isso
A frase mais poderosa compartilhada por Shortt vem de um empreendedor da EO, Rich Mulholland:
“Você não está mais certo.”
Essa simples constatação abre espaço para um novo ciclo de escuta, inovação e humildade. Mas ela exige maturidade.
Na prática, poucas empresas criam espaço para esse tipo de conversa. As metas, os relatórios, os investidores e o “jeito que sempre foi feito” bloqueiam a mudança.
A Harvard Business Review revelou que apenas 9% das empresas têm fóruns formais para questionar premissas estratégicas antigas. O restante só reage a crises.
4. Pivotar o propósito ≠ Abandonar a missão
Não se trata de mudar sua essência, mas de adaptar seu caminho.
Veja o exemplo de marcas como:
- Slack, que nasceu como uma ferramenta interna de comunicação para um estúdio de games que nunca deu certo.
- Netflix, que era uma locadora online antes de virar gigante de streaming — e agora se reinventa como produtora e plataforma de games.
- Patagonia, que pivotou de fabricante de roupas outdoor para movimento global de ativismo ambiental.
Em todos os casos, o que mudou foi a estratégia e o modelo. O que permaneceu foi um propósito claro, mas evolutivo.
5. Como reconhecer que é hora de mudar
Aqui vão quatro perguntas práticas para provocar a reflexão:
- Você ainda se sente energizado por sua empresa?
- Sua visão ainda inspira seu time — ou só serve para o site institucional?
- Seu produto ainda resolve um problema relevante — ou apenas cumpre tabela?
- Você continuaria no mesmo caminho se estivesse começando hoje?
Se a resposta for “não” em 2 ou mais perguntas… bem, talvez seja hora de pivotar. Não a empresa. O propósito de existir dela.
6. Recomeçar é estratégico, não emocional
Em vez de esperar a crise chegar, empresas com visão de longo prazo já se questionam preventivamente.
- Como fazer isso com método?
- Crie rituais de “Revisão de Propósito” a cada 2 anos.
- Convide pessoas de fora (clientes, advisors, parceiros) para opinar.
- Observe onde seu time tem brilho nos olhos — e onde tem só entrega mecânica.
- Teste novos caminhos sem abandonar o atual: use protótipos e spin-offs.
Segundo o Boston Consulting Group, empresas que criam pequenos “negócios paralelos” alinhados ao propósito têm 70% mais chance de pivotar com sucesso sem perder o core business.
7. Crescer é fácil, crescer com sentido é raro
A nova métrica de sucesso não é apenas faturamento ou market share. É coerência.
Coerência entre o que você diz, faz — e acredita.
Se sua empresa chegou longe, mas parece ter perdido o rumo… talvez você não precise trocar tudo. Talvez precise apenas lembrar por que começou.
E talvez, só talvez, você precise admitir: “O que me trouxe até aqui, não é o que vai me levar adiante.”