Joaquim José da Silva Xavier nasceu em São João Del Rey no ano de 1745, e foi ambulante, tropeiro, minerador e, até mesmo, dentista…
A história costuma contar que Tiradentes liderou um grupo de ideais republicanos insatisfeitos com a cobrança de impostos da Coroa Portuguesa. Tiradentes teria estabelecido contato com as ideias iluministas muito cedo, no Regimento Militar dos Dragões, em Minas Gerais, e ficou convencido de que seu estado precisava se tornar uma república separada do governo português.
O grupo revolucionário liderado por ele queria prender o Governador Visconde de Barbacena, mas os planos não deram certo. Joaquim Silvério, Inácio de Pamplona e Basílio de Brito entregaram Tiradentes para terem suas dívidas perdoadas pelo Rei de Portugal. Após a condenação, a história oficial conta que o mártir teria sido enforcado e pedaços de seu corpo foram expostos em praça pública.
Seria essa a única e verdadeira versão da história?
Registros oficiais mostram que o “alferes da liberdade” morreu em 1792. Sua fama e prestígio seriam efetivados no Brasil apenas 100 anos depois, junto do Golpe da República.
O núcleo principal de militares positivistas que assumiram o poder sabiam da necessidade de se criar uma nova identidade nacional.
E uma das primeiras ações tomadas logo no começo da República foi estabelecer a data da morte de Tiradentes, 21 de abril, como algo a ser lembrado, como um feriado nacional. Campos Sales, o quarto presidente do Brasil e primeiro ministro da Justiça, viu na figura de Tiradentes uma peça central para essa mudança e propôs que ele também se tornasse o Patrono da Independência no Brasil, no lugar de Dom Pedro I.
Tiradentes era republicano, militar e foi morto pelo governo português. A figura ideal para um governo que buscava apagar qualquer resquício de tradição ainda presente. A representação criada para o líder da Inconfidência também gerou desconfiança.
Em quase todas as imagens que conhecemos, Tiradentes aparece de cabelos compridos, barba longa e sempre ligado a sua caminhada pública antes do enforcamento. A imagem construída pela República parecia a de um cristo cívico, muito distante da realidade. Em tese, como militar, Tiradentes poderia ter no máximo um bigode. No período em que ficou preso antes do enforcamento, teria que raspar sua cabeça e não usar nenhuma barba.
Há correntes inclusive que acreditam que Joaquim José da Silva Xavier tenha fugido para a França antes de sua morte. Existindo até casos mais radicais, de pessoas que defendem que ele nem sequer existiu.
A verdade que temos clareza é apenas uma: toda história pode ser editada, recontada, recortada. Buscar fontes que inspirem confiança é um esforço diário de todo cidadão brasileiro.
E participar do debate público como uma alternativa de informação e conteúdo, é um desafio enorme.
fonte: Brasil Paralelo