Agro cresce em comercialização, mas gastos faz PIB do setor ter queda, diz levantamento do IBPT

Agro cresce em comercialização, mas gastos faz PIB do setor ter queda, diz levantamento do IBPT

Faturamento do setor foi de R$ 7,56 trilhões em 2023

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) e sua spin-off Empresômetro realizaram uma pesquisa aprofundada sobre o agronegócio brasileiro, analisando o impacto de fatores como economia, finanças, clima e outros elementos externos sobre o setor. O estudo, intitulado “Agronegócio em Números”, apresenta o maior levantamento sobre o setor, que inclui todas as atividades “antes, dentro e fora da porteira”, ou seja, todos os segmentos da economia que estão relacionados direta ou indiretamente com a agropecuária. São considerados também ramos de atividade que industrializam, distribuem e comercializam produtos de origem animal ou vegetal e seus derivados.

O primeiro dado notório é que o agronegócio brasileiro demonstrou sua força em 2023, com um Produto Interno Bruto (PIB) do setor alcançando R$ 2.580.497.948.798,71 (R$ 2,58 trilhões), um pequeno crescimento em valores nominais em relação aos R$ 2.579.765.751.876,43 (R$ 2,57 trilhões) registrados em 2022. Mas, em contrapartida, a participação do agronegócio no PIB total caiu de 26,02% em 2022 para 23,8% em 2023.

Analisando-se a movimentação e comercialização dos produtos, houve uma expansão de 2,2% entre os anos de 2022 e 2023. Esse resultado positivo, que elevou o faturamento do setor de R$ 7.400.202.265.338,59 (R$ 7,40 trilhões) para R$ 7.563.236.634.551,81 (R$ 7,56 trilhões), reafirma a importância do agronegócio para a economia brasileira.

Veja com detalhes abaixo.

O número de produtores rurais no país apresentou um crescimento significativo. A categoria dos produtores individuais (pessoas físicas) registrou um aumento de 2,3%, passando de 3,82 milhões para 3,91 milhões. Por outro lado, as pessoas jurídicas de produtores rurais também apresentaram crescimento, passando de 1,55 milhão para 1,60 milhão.

Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 6,2% na quantidade de CTEs – Conhecimento de Transporte Eletrônico, que acompanham a movimentação de cargas do agronegócio. Porém os gastos com transporte cresceram 16,16% em 2023 em relação a 2022.

“Houve crescimento na movimentação e na comercialização do setor e na arrecadação tributária, mas, em contrapartida, ocorreu uma elevação de custos com transporte. Esse aumento de custos impactou o PIB do setor em 2023”, analisa o presidente do Conselho Superior do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), Gilberto do Amaral.

Tributação

O agronegócio brasileiro demonstrou sua importância para a arrecadação tributária nacional, com um aumento de 1,08 ponto percentual em sua participação. Em 2022, o setor contribuiu com R$ 790,51 bilhões (23,65% do total), e em 2023, esse valor subiu para R$ 897,46 bilhões (24,73% do total).

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O estudo do IBPT e Empresômetro apurou a quantidade de empresas que atuam no agronegócio, tanto por ramo quanto por porte e, com isso, identificou um crescimento de 10,17%, totalizando 3,35 milhões de pessoas jurídicas ativas.

Considerando o porte das empresas, revelou-se um crescimento mais acentuado no número de Microempreendedores Individuais (MEIs) no setor do agronegócio, com um aumento de 13,8%. Em seguida, as micro empresas apresentaram um crescimento de 8,6%, seguidas pelos pequenos negócios, com um aumento de 7,1%.

O diretor do IBPT, Carlos Pinto, ressalta a importância dos pequenos negócios, já que há crescimento expressivo do número de MEIs no agronegócio e isso é um indicativo da crescente formalização de pequenos produtores e prestadores de serviços no setor. “Além disso, é demostrado a atuação maior se comparada com as grandes companhias. Essa tendência reflete a busca por maior segurança jurídica, acesso a crédito e benefícios previdenciários. Contudo, é crucial monitorar a capacidade desses pequenos empreendedores em competir em um mercado cada vez mais exigente e acompanhar as políticas públicas que visam fortalecer esse segmento”, ressalta o diretor do IBPT, Carlos Pinto.

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Estados e regiões

O estudo mapeou a distribuição geográfica das empresas do agronegócio no Brasil, revelando que São Paulo concentra o maior número, com 1,33 milhão de empresas. Outros estados como Minas Gerais (307 mil), Rio de Janeiro (205 mil), Paraná (188 mil) e Rio Grande do Sul (177 mil) também se destacam. Em contrapartida, estados da região Norte, como Roraima (5,4 mil), Amapá (7,4 mil) e Acre (7,8 mil), apresentam um número significativamente menor de companhias no setor.

Ramos de atividades do agronegócio brasileiro

A análise por ramo de atividade revelou que o comércio varejista de bebidas lidera o ranking das 50 listadas, com 280.416 empresas em 2023. Em seguida, destacam-se o comércio varejista de alimentos (187.458), a criação de bovinos (171.122), a fabricação de produtos de padaria e confeitaria (162.764), a confecção de peças do vestuário (159.280) e o cultivo de cana de açúcar (143.212), entre outros setores.

Segmentos de produtos do agronegócio brasileiro

Os principais segmentos de produtos do agronegócio são: soja (R$ 1,20 trilhões em produtos comercializados e R$ 1,76 trilhão em produtos transacionados); insumos (R$ 931,82 bilhões comercializados e R$ 1,44 trilhão transacionados), máquinas e equipamentos (R$ 589,75 bilhões comercializados e R$ 892,20 transacionados) e carnes (R$ 544,15 bilhões comercializados e R$ 828,37 transacionados) se destacaram como os mais movimentados em 2023.

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E o agro está em crise?

Para o diretor do IBPT e do Empresômetro, Carlos Pinto, a situação atual do agronegócio é complexa e varia significativamente entre diferentes regiões, culturas e segmentos. Enquanto alguns produtores enfrentam um período desafiador devido a uma série de fatores, outros podem estar em uma fase mais favorável. Ele destaca a natureza cíclica do setor, com períodos de alta e baixa, e enfatiza que a capacidade de adaptação dos produtores aos desafios do mercado, considerando fatores econômicos e climáticos, será fundamental para superar este momento.

“A euforia dos anos anteriores, marcada por altos preços das commodities e fácil acesso ao crédito, levou muitos produtores a se endividar excessivamente. Com a queda dos preços e o aumento dos custos de produção, esses produtores se encontram em uma situação financeira delicada. A possível crise não é resultado de uma baixa produção, mas sim de uma combinação de fatores, incluindo a desorganização financeira dos produtores e a dificuldade das indústrias em vender para um mercado com alto nível de endividamento”, finaliza.

O presidente do IBPT, Gilberto do Amaral enfatiza que neste ano é esperada uma queda no agronegócio em relação a 2023, principalmente localizada nos segmentos de soja e milho, mas haverá crescimento em outros, como proteína animal e outras culturas agrícolas. “2025 será ainda um período de adaptações e arrumações no mercado, necessárias para um crescimento nos anos seguintes”, finaliza.

Sobre o IBPT

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) foi fundado em 1992, se dedica ao estudo do complexo sistema tributário no país, sendo reconhecido pela adoção de uma linguagem clara e precisa à sociedade sobre a realidade tributária brasileira. O IBPT também lançou bases e fundamentos para viabilizar a lógica da transparência fiscal, promovendo conscientização tributária.

Pioneiro na criação de estratégias de mercado para empresas e entidades setoriais a partir da análise de dados fiscais, públicos e abertos, o Empresômetro mantém investimentos contínuos em tecnologia e na capacitação de sua equipe para viabilizar pesquisas, estudos e serviços, possuindo o maior banco de dados privado com informações tributárias e empresariais.

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