A Verdade Encarnada: Cristo Como A Suprema Revelação De Deus (5) – Religião

A Verdade Encarnada: Cristo Como A Suprema Revelação De Deus (5) – Religião

Jesus é a Verdade Encarnada

Vivemos dias em que a noção de verdade tornou-se líquida, fragmentada e cada vez mais subjetiva. Nunca se falou tanto em “minha verdade”, “sua verdade” e “suas narrativas”, como se a verdade pudesse ser moldada segundo gostos, vontades ou conveniências. Essa crise cultural não é nova; ela apenas atingiu uma escala mundial. Nos tempos de Cristo, Pilatos, diante da possibilidade de condenar Jesus, revelou essa perplexidade antiga ao perguntar: “Que é a verdade?” (Jo 18.38). Sua pergunta não foi sincera, foi cética, típica de quem já não crê que exista algo firme, absoluto, eterno. A Bíblia, porém, vai na contramão desse pensamento relativista: não apenas afirma a existência da verdade, como a apresenta de maneira sublime e escandalosa — a verdade é uma Pessoa, e essa Pessoa é Jesus Cristo, o Filho de Deus.

O conceito de verdade nas Escrituras é robusto e vital para se entender a mensagem do Evangelho. No Antigo Testamento, o termo hebraico ‘emeth descreve a verdade como fidelidade, confiabilidade, estabilidade. Deus é verdadeiro porque é fiel às suas promessas e coerente consigo mesmo; sua palavra não mente, não se contradiz e não falha. Já no Novo Testamento, o termo grego alétheia mantém essa dimensão, mas adiciona a ideia de revelação: a verdade é aquilo que é plenamente real e manifesto à luz. Nesse contexto, o apóstolo João proclama no início do seu Evangelho: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). É uma declaração revolucionária. O Verbo eterno, que criou todas as coisas, tornou-se carne, penetrou o tempo e o espaço e revelou de forma visível e tangível a verdade divina. Em Jesus, a verdade não é apenas dita ou explicada; ela anda, fala, chora, sangra, morre e ressuscita.

Capa2 A Bíblia Não Erra
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Essa realidade da encarnação é a coluna vertebral da fé cristã. No passado, Deus falou de muitas maneiras: por sonhos, visões, leis e profetas. Todas essas comunicações eram legítimas, mas parciais, sombras da realidade definitiva. Hebreus 1.1-3 afirma que, nestes últimos dias, Deus falou-nos pelo Filho, que é “o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa”. Não há mais revelação maior a ser dada além de Cristo. Toda teologia cristã sadia reconhece que Jesus é o centro da revelação: quem vê a Cristo vê o Pai; quem conhece Cristo conhece a Deus. Ignorar essa centralidade é cometer um erro gravíssimo, que abre portas para heresias, distorções e espiritualidades centradas em emoções ou em tradições humanas.

O fato de Jesus ser a Verdade encarnada gera implicações profundas. Primeiro, significa que toda doutrina, toda pregação, todo culto cristão deve ser cristocêntrico. Não se trata apenas de mencionar Jesus em algum momento do sermão, mas de fazer dele o eixo a partir do qual todas as verdades são entendidas. A Bíblia não é apenas um livro de moralidade, de boas práticas sociais, ou de sabedoria para a vida — ela é, antes de tudo, a revelação progressiva que culmina em Cristo, e cada texto deve ser lido à luz de sua Pessoa e obra. Segundo, ser confrontado pela Verdade encarnada exige uma resposta do coração. Diante de Jesus, ninguém pode permanecer neutro. Ou Ele é aceito como Senhor e Salvador, ou é rejeitado. O próprio Evangelho de João descreve essa divisão: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Conhecer a Cristo é, portanto, muito mais do que admirá-lo ou seguir seus ensinamentos morais; é submeter-se a Ele como a Verdade absoluta que redefine nossa existência.

Essa Verdade encarnada também ilumina nossa compreensão de liberdade. No mundo atual, liberdade é confundida com ausência de regras ou possibilidade ilimitada de escolha. Biblicamente, liberdade é poder viver como Deus nos criou para viver — livres do pecado, da culpa, da morte espiritual. Jesus ensina em João 8.32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Essa liberdade não é meramente sociológica ou psicológica; é espiritual, profunda, eterna. O pecado nos escraviza, a mentira nos aprisiona, mas Cristo nos torna verdadeiramente livres, ao nos unir novamente a Deus e restaurar nossa identidade como filhos.

Aplicativo do pregador
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Por isso, a missão da Igreja é inegociavelmente atrelada à proclamação da Verdade que é Cristo. A comunidade cristã, segundo 1 Timóteo 3.15, é a “igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. Sua existência não é justificar a cultura, nem adaptar a mensagem às modas sociais, mas sustentar e proclamar a verdade eterna de Deus em Cristo. Em tempos de relativismo, uma igreja que dilui a mensagem de Jesus para agradar ao mundo não é apenas irrelevante — é infiel. Devemos lembrar que o próprio Cristo foi rejeitado, traído e crucificado por falar a Verdade que o mundo não suportava ouvir. Como seus discípulos, nossa missão não será mais fácil, mas será gloriosa, porque carregamos a luz em meio às trevas.

Contemplar Cristo como a Verdade encarnada também nos protege de dois extremos perigosos: o legalismo e o emocionalismo. O legalismo é a tentativa de reduzir a fé a um sistema frio de regras e obrigações, esquecendo que a Verdade é uma Pessoa viva com quem nos relacionamos. O emocionalismo, por sua vez, transforma a fé em uma sequência de experiências subjetivas desconectadas da verdade revelada. Ambos afastam a alma de Deus. A verdadeira vida cristã é conhecer a Verdade, amar a Verdade e viver segundo a Verdade — e isso só é possível se estivermos em comunhão real com Jesus.

O impacto dessa verdade atinge todas as esferas da vida cristã. Ela molda nossa ética, pois nos chama a viver não de acordo com conveniências passageiras, mas com princípios eternos. Ela molda nossa adoração, pois nos leva a prestar culto “em espírito e em verdade” (Jo 4.24), rejeitando tanto o formalismo vazio quanto o sentimentalismo sem raízes. Ela molda nossa missão, pois nos impulsiona a testemunhar ao mundo não sobre “um modo de vida melhor”, mas sobre o único caminho que conduz à vida verdadeira.

Em última análise, reconhecer Jesus como a Verdade encarnada é aceitar que a vida só tem sentido pleno nele. Fora de Cristo, resta-nos apenas confusão, engano e morte espiritual. Nele, encontramos luz, direção e vida abundante. Quando o apóstolo João, já idoso, escreveu suas cartas, ele insistiu repetidamente na ideia de “andar na verdade” (3 Jo 1.4), mostrando que a verdade não é apenas algo para ser crido, mas para ser vivido e refletido em cada aspecto da existência.

Portanto, a pergunta que hoje devemos responder não é apenas “o que é a verdade?”, mas sim: “Estamos conhecendo, amando e seguindo a Verdade que é Cristo?”. Esse é o grande chamado da fé cristã: não apenas crer em doutrinas corretas, mas viver em comunhão com o Cristo verdadeiro, que é ontem, hoje e eternamente o mesmo. Que, ao contemplarmos o Verbo feito carne, possamos nos render totalmente a Ele, recebendo sua graça, sua vida e a liberdade gloriosa que só a Verdade pode dar.

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