A Rappi já está presente em 9 países da América Latina e atinge mais de 30 milhões de usuários ativos. Agora, com a Amazon investindo US$ 25 milhões em uma nota conversível que pode virar até 12% de participação na empresa, segundo informações da Bloomberg, a disputa não é mais só sobre entregas: é sobre quem consegue criar um ecossistema que atenda melhor e em maior volume os clientes.
O raio-x da disputa
A América Latina virou palco da batalha do e-commerce. De um lado, o Mercado Livre domina com mais de 148 milhões de usuários ativos.
Do outro, a Amazon, que já fatura mais de US$ 9 bilhões por ano na região, agora encontra na Rappi um atalho logístico e cultural.
E ainda há uma terceira personagem que não se pode desconsiderar nessa disputa: a chinesa Meituan, que chegou ao Brasil com investimento de R$ 5,6 bi e logo fez o iFood ajustar valores de entregas.
A vantagem? Concorrência. A disputa tende a gerar condições mais favoráveis ao consumidor final e também ao lojista.
A raiz da questão
O que está em jogo não é só entrega rápida. É infraestrutura de poder. Quem controla a ponta final controla: dados de consumo, hábitos culturais, acesso financeiro.
Não por acaso, a Rappi já virou banco digital em países como Colômbia e México. Ou seja: a briga que parece ser por frete grátis é, na verdade, pela posse da carteira (literal e digital) de milhões de latino-americanos.
O futuro da guerra do delivery não será vencido pela rapidez da entrega. Será vencido por quem dominar a confiança do consumidor como plataforma financeira.
O carrinho de compras virou só um “cavalo de Troia”.
A disputa suscita lições para lideranças e prova que ambidestria nas decisões é o que norteia os próximos passos de empresas gigantes como Meli e Amazon.
✅ Olhe além do produto: se sua empresa só mede performance em volume vendido, você já perdeu. O jogo é sobre recorrência e relacionamento.
✅ Construa ecossistemas, não features: Amazon usa AWS, Prime, e agora Rappi como peças de um tabuleiro. Qual é o seu tabuleiro?
✅ Dados são moeda de poder: Rappi não vale pela frota, mas pela inteligência de consumo em tempo real. Sua empresa coleta e interpreta dados assim?
✅ Financeirização é inevitável: delivery não é mais logística, é fintech. A pergunta não é se você entrará em finanças, mas quando.
✅ Parcerias estratégicas > capital isolado: Amazon não comprou a Rappi inteira. Comprou influência. E isso, no longo prazo, vale mais.
Ou seja, a guerra do e-commerce na América Latina não será decidida nos galpões de logística. Será decidida nas carteiras digitais.
O Mercado Livre que se cuide: a festa já não é mais só dele. A Amazon acaba de chegar pela porta lateral.