Embora pareça simples, pequenas falhas no alinhamento técnico, na comunicação e na definição de expectativas podem gerar riscos, conflitos e aumento de rotatividade nas clínicas e hospitais veterinários.
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A seguir, Aline Woltz Gueno, especializada no setor Pet&Vet, sócia-fundadora do Gueno e Oliveira Sociedade de Advogados e uma das criadoras da página Jurídico Pet, explica quais devem ser os principais cuidados nesse momento.
“Um dos erros mais frequentes é misturar características de um emprego formal dentro de um acordo de prestação de serviços. Palavras e práticas típicas de contratação CLT, como escala, salário, jornada, admissão e supervisão, abrem espaço para risco trabalhista, pois fazem o acordo se parecer com vínculo de emprego mesmo quando está estruturado como execução de serviço”, conta Aline.
Outro problema comum é admitir às pressas apenas para preencher plantões, sem verificar a real competência do profissional.
Quando a clínica não avalia domínio de procedimentos, atuação em emergência, capacidade de raciocínio clínico ou maturidade emocional, acabam surgindo retrabalhos, conflitos internos e aumento de rotatividade.
Logo, a melhor maneira de avaliar competência técnica é pedir que o veterinário descreva casos reais que já conduziu, explicando raciocínio, protocolos e condutas. Esse relato mostra segurança, preparo e alinhamento com as Resoluções do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
Além disso, é importante observar habilidades comportamentais, já que um profissional tecnicamente bom pode ter dificuldade em trabalhar em equipe, lidar com pressão ou se comunicar com tutores.
“Também são frequentes falhas relacionadas à modalidade de admissão: quando não se confirma se o trabalhador atuará como autônomo ou Pessoa Jurídica (PJ), surgem dificuldades com impostos, documentos e coerência contratual”, explica a advogada.

Como informar a oportunidade
Ao divulgar a oportunidade de trabalho, é essencial deixar claro que se trata de uma parceria de prestação de serviços, evitando termos que remetem a vínculo empregatício.
A comunicação deve detalhar claramente o escopo da atuação — clínica geral, cirurgia, emergência, internação ou outros serviços — para evitar desencontros de expectativas.
“Durante as conversas, alguns sinais mostram que o candidato pode não ter perfil clínico ou cirúrgico: insegurança ao relatar casos, dificuldade em explicar raciocínio, pouca familiaridade com protocolos ou resistência a diretrizes internas”, diz Aline.
No comportamento, falhas de comunicação, dificuldade em manter prontuários completos e baixa tolerância à pressão podem gerar conflitos com a equipe e tutores.
Outro fator que aumenta a rotatividade é a ausência de alinhamento cultural. Locais de trabalho com ritmo intenso, protocolos estruturados e grande demanda precisam verificar se o profissional se adapta a esse perfil antes de fechar a parceria.
Como garantir adequamento cultural
O primeiro passo para uma boa contratação é apresentar claramente os valores, a missão e a forma de trabalho da clínica.
Reuniões de alinhamento ajudam a ajustar expectativas e identificar divergências
que podem inviabilizar a parceria. Depois de tudo discutido, a formalização do acordo cria uma base sólida desde o início.
“A reunião não deve ser tratada como uma entrevista de emprego, mas como uma conversa técnica e ética. Perguntas como: ‘quais casos você atende com segurança?’ e ‘quais cirurgias você domina?’, explica a advogada. “Situações envolvendo tutores permitem observar interação e equilíbrio emocional. Também é importante discutir pontos operacionais, como modalidade de prestação de serviço, emissão de nota fiscal, agenda e valores”, completa.
Diferenciar um recém-formado promissor de alguém despreparado também faz parte da escolha.
“O profissional promissor mostra raciocínio clínico coerente, consciência dos próprios limites e comunicação clara, mesmo com pouca experiência. Já o candidato despreparado demonstra insegurança, erros conceituais ou excesso de autoconfiança que mascara falhas — o que pode colocar o atendimento em risco”, completa Aline.

FAQ sobre erros na hora de empregar veterinários em clínica e hospital
Como identificar rapidamente se um candidato não domina o que diz?
Pela forma como relata casos reais. Insegurança, raciocínio confuso e pouca familiaridade com situações comuns da prática veterinária são sinais de fragilidade técnica.
Qual é o principal fator que aumenta a rotatividade em clínicas veterinárias?
A contratação apressada e sem alinhamento sobre a modalidade de serviço, expectativas financeiras incoerentes e cultura da clínica.
O que deve ser discutido em uma reunião com veterinários?
Nível técnico, postura ética, comunicação, trabalho em equipe e detalhes operacionais, como agenda, valores e emissão de nota fiscal.
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