Lágrima ácida em pets vai muito além de uma alteração estética

Lágrima ácida em pets vai muito além de uma alteração estética

O termo “lágrima ácida” é comum entre tutores e médicos-veterinários, que atendem cães e gatos, sendo considerado o principal causador de manchas ao redor dos olhos dos pets. Porém, realmente, esse é o motivo dos pelos mais escuros nessa região?

Segundo a médica-veterinária pós-graduada em oftalmologia veterinária, doutora em oftalmologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e proprietária da clínica Vetprime Oftalmologia Veterinária, Maura Krahembuhl Wanderley Bittencourt, é preciso atualizar o entendimento sobre a chamada “lágrima ácida”.

“Apesar de amplamente utilizada por tutores e até profissionais, essa denominação trata-se de um termo leigo, que não representa com precisão o processo fisiológico envolvido. O nome correto é cromodacriorréia, uma condição caracterizada pelas manchas escuras nos pelos ao redor dos olhos de cães e gatos”, explica.

De acordo com a profissional, a cromodacriorréia é observada com maior frequência em cães e gatos braquicefálicos. Entre os cães as raças mais acometidas são poodle, bichon frisé, maltês, chihuahua, bulldog, shih tzu e spitz. Já nos gatos a maior predisposição é em persas, himalaio, exótico e british shorthair. “Embora a mancha seja mais evidente em animais de pelagem branca ou clara, ela pode ocorrer em qualquer tom de pelo e o que muda é apenas a visibilidade”.

No entanto, estudos recentes mostram que, na realidade, a lágrima em si não é ácida. Bittencourt comenta que até o momento não existe qualquer correlação comprovada entre o pH da lágrima e o surgimento dessas manchas. “Mesmo assim, essa alteração estética, frequentemente, indica um problema de base, que merece investigação, pois pode impactar a saúde ocular e dermatológica dos animais”, ressalta.

Principais causas

Diversos são os motivos que podem levar a manchas ao redor dos olhos dos cães e gatos. A médica-veterinária afirma que essa tonalidade acastanhada é resultado da umidade persistente na região periocular. “Ela está associada a ação de bactérias da microbiota da pele. As bactérias são capazes de oxidar o ferro em substâncias como porfirinas e lactoferrinas, que são encontradas, principalmente, na lágrima, saliva e urina dos animais”.

Basicamente, ainda de acordo com a doutora, essas substâncias têm origem na degradação dos glóbulos vermelhos. Devido a isso, é possível perceber manchas similares nas patas (por lambedura excessiva), região peribucal e/ou genital.

Contudo, é importante compreender que a lágrima ácida é uma consequência visível de um ambiente periocular anormalmente úmido. A Dra Maura explica que essa umidade pode ter duas principais origens.

  • Epífora: consiste no extravasamento da lágrima devido à alteração na drenagem. Pode ser causada por entrópio, obstrução dos ductos lacrimais, presença de corpo estranho ou agenesia dos ductos, por exemplo.
  • Lacrimejamento: é o aumento da produção lacrimal em resposta a diversos estímulos, como distiquíases, cílios ectópicos, alterações palpebrais, neoplasias e olho seco em fase inicial.

“É fundamental entender que as manchas representam o estágio final de um processo que pode trazer consequências além da estética. Focar somente na remoção da mancha, sem tratar a causa, não resolve o problema”, cita a profissional.

Ela ainda complementa que a umidade persistente favorece o surgimento de dermatites, levando a maus cheiros, feridas, prurido e até risco de auto traumatismo ocular.

Chegando a um diagnóstico correto

Com tantas possibilidades, é preciso uma investigação minuciosa para compreender o que está causando a lágrima ácida. “O ponto de partida é examinar cuidadosamente o olho e suas estruturas adjacentes para identificar a origem da umidade. Ferramentas simples, como uma lupa de aumento e uma lanterna, permitem avaliar as margens palpebrais, localização dos cílios e a presença de nódulos ou corpos estranhos”, exemplifica a doutora.

A profissional recomenda o teste de Schirmer para quantificar a produção lacrimal e o teste de Jones, realizado com a fluoresceína, que é indicado para avaliar a patência do ducto nasolacrimal.

“Todos esses testes são rápidos, fáceis e úteis, podendo ser realizados na rotina dos médicos-veterinários clínicos gerais. Através deles é possível conseguir muitas respostas da causa deste problema”, comenta.

Confira o artigo completo “Pelo manchado ao redor dos olhos?”, na íntegra e sem custo, acessando a página 50 da edição de julho (nº 311) da Revista Cães e Gatos.

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