Editorial – Em jogo de cartas marcadas, ditadura venezuelana se perpetua no poder

Em jogo de cartas marcadas, ditadura venezuelana se perpetua no poder

Editorial – Em jogo de cartas marcadas, ditadura venezuelana se perpetua no poder

Neste domingo, os venezuelanos foram às urnas com a esperança de colocar um fim à tragédia social e econômica que o socialismo bolivariano causou ao país, mas a fraude saiu uma vez mais vitoriosa. María Corina Machado, principal líder da oposição e impedida de se candidatar pelo regime chavista, conseguiu mobilizar o sentimento de revolta com a lastimável situação do país em torno do candidato Edmundo Gonzalez, que pontuava com larga vantagem em pesquisas extra oficiais realizadas até o dia do pleito. No entanto, o regime chavista mostrou por que a Venezuela já não é considerada uma democracia há mais de uma década. Numa eleição tumultuada, em que as urnas não puderam ser auditadas de forma independente, os comparsas de Nicolás Maduro declararam sua vitória, com 51,2% dos votos, contra 44,2% de González.

Países vizinhos, como o Chile e a Argentina, rapidamente manifestaram desconfiança em relação ao processo e não reconheceram a eleição de Maduro.  O silêncio do governo brasileiro só foi quebrado com uma ignóbil nota à imprensa publicada pelo Itamaraty na manhã desta segunda-feira, que ficará marcada negativamente na história da diplomacia brasileira, em que diz “saudar o caráter pacífico da jornada eleitoral na Venezuela”. Há rigorosamente nada de pacífico na política de nosso vizinho desde a chegada de Nicolás Maduro ao poder, em 2013. Ao contrário. Para manter-se no cargo, o ditador promove crescente violência e perseguição aos oposicionistas. Mais uma vez, o Brasil é fiador de um jogo de cartas marcadas que se vende como “democracia”. 

Durante a campanha, Maria Corina Machado e Corina Yoris, duas líderes de oposição e fortes candidatas, foram proibidas de participar da eleição. Centenas seguem presos sem o devido processo legal por se oporem ao regime, acusados de praticarem terrorismo. Observadores internacionais foram barrados na fronteira do país e não puderam acompanhar o pleito. Maduro prometeu, dias atrás, um banho de sangue, caso fosse derrotado na eleição deste domingo. Falar em caráter pacífico, portanto, é um escárnio com a tragédia vivida pelos venezuelanos.

Lula enviou Celso Amorim à Venezuela para acompanhar o processo eleitoral. Trata-se de outro teatro. Todas as instituições venezuelanas estão dominadas pelo chavismo. O Conselho Nacional Eleitoral, o equivalente venezuelano do TSE no Brasil, é presidido por Elvis Amoroso, deputado filiado ao Partido Socialista Unido da Venezuela, a principal agremiação da base do governo de Maduro e presidida por ninguém menos que o próprio Nicolas Maduro. Parece piada, e é mesmo. Amorim pregou cautela e afirmou, após a eleição, que não entrará em narrativa de fraude eleitoral e aguardará a publicação das atas de votação. Disse mais: a situação seria “muito complexa”. Há quem acredite que, em um país onde não há liberdade de expressão, liberdade de reunião, separação de poderes e respeito aos direitos humanos, haverá, de forma milagrosa, absoluto respeito ao sistema de registro de votos.

Reduzir o conceito de democracia a eleições periódicas é um erro. Até Cuba e Coreia do Norte as realizam. Nesses países, o voto serve tão somente para referendar o autoritarismo. O fato é que todas as instituições venezuelanas estão dominadas por um grupo político que impede a igualdade na disputa pelo poder ao promover a corrupção e a perseguição a adversários. Falar em “cautela”, como dito por Amorim, é mais uma ofensa ao povo venezuelano e aos diplomatas brasileiros que verdadeiramente primam pela altivez em nossas relações exteriores. Cautela, neste cenário, só pode significar duas coisas: ou Lula e Amorim têm medo de Nicolás Maduro, ou são sócios na fraude.

O NOVO solidariza-se com o povo venezuelano e exige que o governo brasileiro aponte os crimes cometidos por Maduro e as ilegalidades em mais um pleito fraudulento.

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