Na rotina do médico-veterinário uma queixa muito comum dos tutores de cães é a lambedura em patas. Mas, seria esse hábito o sintoma de alguma doença ou apenas uma alteração de comportamento?
Segundo a médica-veterinária membro da Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Veterinária, Thaís Wendling Gomes, a lambedura de patas pode ter diversas causas.
“A lambedura das patas em cães pode ser causada, principalmente, por fatores comportamentais, condições alérgicas, como alergia a pulgas, alimentos ou dermatite atópica, presença de corpo estranho e parasitas, como carrapatos e ácaros, além de alterações ortopédicas e neuropáticas”, explica.
Esse ato de lamber excessivamente as patas leva a um quadro de Dermatite Acral por Lambedura, também chamada de Neurodermatite ou Granuloma de Lambedura. A doença possui etiologia desconhecida e tem como características o surgimento de uma placa granulomatosa úmida e alopécica na região (Marra, 2023).
Outro sintoma comum desta condição é a feotriquia, que é a alteração da cor dos pelos devido à lambedura excessiva. Muitas vezes, esse é o primeiro sinal que o tutor percebe no animal, comenta a especialista.
“Vale a pena ressaltar ainda que a região das patas também pode se encontrar eritematosa, edematosa, com crostas melicéricas e ter um mau odor característico. Já nos quadros crônicos, observa-se hiperpigmentação e hiperqueratose”.
Por mais que os sinais clínicos sejam similares em grande parte dos cães, algumas raças são mais predispostas a apresentar essa doença.
De acordo com Thaís, se pensar na lambedura de patas como um sintoma, as raças com maior predisposição para desenvolver o problema são as que também estão susceptíveis à dermatite atópica.
“Nesses casos pode-se citar como exemplos os cães da raça Golden Retriever, Shih-Tzu e Buldogue Francês. Esses animais são os mais predispostos à dermatite e, em muitas das vezes, vão apresentar a lambedura de patas como sinal clínico”.
Com relação a idade, a dermatite por lambedura pode acometer cachorros de qualquer faixa etária, embora estudos mostrem que cães de três a seis anos são os mais recorrentes. Mesmo assim, há relatos de uma maior prevalência a partir dos cinco anos (Marra, 2023).