Uma outra pesquisa realizada, desta vez no Brasil, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a UFMG e a Unicamp, identificou o mesmo cenário ocorrendo nacionalmente. O estudo revelou um crescimento de 18% no consumo de álcool e 34% no uso de tabaco, no primeiro ano da pandemia.
“Não é incomum as pessoas fazerem o uso de substâncias para aliviar a tensão, a ansiedade, a tristeza e a insônia, por exemplo. Mas, é preciso avaliar o que está por trás desse consumo, pois é comum a pessoa ter um outro quadro psiquiátrico primário que precisa ser pesquisado. E, se for o caso, conduzir essa pessoa a uma proposta terapêutica que aborde tanto o tratamento do uso de substâncias quanto o de outros quadros psiquiátricos comórbidos”, salienta João Marcos.
De acordo com o psiquiatra, as drogas causam efeitos psíquicos e comportamentais. “Tudo irá depender do tipo de droga que a pessoa está fazendo uso. Existem substâncias que são psicoestimulantes (excitam o cérebro), outras que irão intervir nos processos de ansiedade, e drogas que são depressoras do sistema nervoso central, como o álcool”. Para o professor da Faseh, drogas como crack e heroína possuem um risco elevado de dependência. “Sempre haverá um risco de torna-se dependente, não existe consumo livre de risco. Existem drogas que possuem a probabilidade do vício aumentado, como crack, cocaína e heroína. Um fator fundamental que interfere neste risco é a vulnerabilidade pessoal. Ou seja, experimentar qualquer tipo de droga pode sim ser um risco”, alerta.
Recuperação
De acordo com o psiquiatra João Marcos, as taxas de recuperação dos dependentes de álcool e drogas nem sempre são satisfatórias e isso deve-se a vários fatores. “De maneira geral, os medicamentos existentes podem diminuir a compulsão para o uso; diminuir os efeitos da substância para que, durante o tratamento, a abstinência seja mais leve e suportável e tratar outras condições psiquiátricas que podem estar relacionadas ao uso”.
O médico ainda informa: “Os medicamentos são coadjuvantes de um tratamento que precisa ser multidisciplinar, baseado em estratégias medicamentosas, comportamentais, psicoterapêuticas, de apoio familiar, de grupos de autoajuda. O tratamento não pode ser baseado exclusivamente na intervenção farmacológica”.
Em relação ao álcool, cada caso exige uma determinada intervenção. Para o psiquiatra, o tratamento vai depender da relação que a pessoa tem com o uso dessa substância, ou seja, a razão e a forma de uso da droga. “Existem vários quadros originados pelo consumo do álcool, como a intoxicação alcóolica aguda, que é o uso acima do nível tolerado; a intoxicação patológica, na qual mesmo com um consumo de pequena quantidade a pessoa desenvolve quadro de nervosismo e até violência, dentre outros, até a dependência de uso de álcool. Logo, cada caso é singular e necessitará de uma abordagem e tratamento individual que contemple a subjetividade de cada sujeito na forma de se relacionar com o álcool ou as drogas”, finaliza.
Sobre a Faseh
A Faseh– Faculdade da Saúde e Ecologia Humana- passou a integrar o Ecossistema Ânima Educação em 2021. Localizada no município de Vespasiano, no Vetor Norte, área em expansão da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a faculdade é voltada para a internacionalização com parcerias com instituições de ensino e pesquisa de fora do Brasil. A Faseh tem como carro-chefe o curso de Medicina que recebeu nota 5 do MEC, sendo que apenas 23 instituições de ensino superior, dentre as mais de 300 em atividade no País, têm a pontuação máxima. A Faseh tem como missão educar, produzir e socializar o saber universal a partir do Ensino, Extensão e Pesquisa, visando contribuir para o desenvolvimento de um cidadão crítico e ético.
fonte: Rede Comunicação