Pandemia revelou aumento do consumo de álcool e drogas

        Psiquiatra João Marcos de Castro Andrade, professor da Faseh, alerta sobre a necessidade de tratamento multidisciplinar
Relatório Mundial sobre Drogas 2021, publicado no ano passado, revelou que 275 milhões de pessoas ao redor do mundo passaram a usar drogas. O levantamento, que incluiu o Brasil, também apontou que 36 milhões de pessoas sofreram de transtornos associados ao uso de substâncias psicoativas. “A pandemia nos colocou em situações reais de medo, provocando mudanças significativas na nossa forma de lidar com o trabalho, com a família, com as relações pessoais e com nós mesmos. Isso provoca efeitos no nosso sistema psíquico e nos obriga a criar estratégias. Muitas pessoas acabam recorrendo a certas substâncias como forma equivocada de lidar com tudo isso”, explica o psiquiatra João Marcos de Castro Andrade, professor do curso de medicina da Faseh- Faculdade da Saúde e Ecologia Humana, instituição integrante do Ecossistema Ânima Educação.

Uma outra pesquisa realizada, desta vez no Brasil, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a UFMG e a Unicamp, identificou o mesmo cenário ocorrendo nacionalmente. O estudo revelou um crescimento de 18% no consumo de álcool e 34% no uso de tabaco, no primeiro ano da pandemia.

“Não é incomum as pessoas fazerem o uso de substâncias para aliviar a tensão, a ansiedade, a tristeza e a insônia, por exemplo. Mas, é preciso avaliar o que está por trás desse consumo, pois é comum a pessoa ter um outro quadro psiquiátrico primário que precisa ser pesquisado. E, se for o caso, conduzir essa pessoa a uma proposta terapêutica que aborde tanto o tratamento do uso de substâncias quanto o de outros quadros psiquiátricos comórbidos”, salienta João Marcos.

De acordo com o psiquiatra, as drogas causam efeitos psíquicos e comportamentais. “Tudo irá depender do tipo de droga que a pessoa está fazendo uso. Existem substâncias que são psicoestimulantes (excitam o cérebro), outras que irão intervir nos processos de ansiedade, e drogas que são depressoras do sistema nervoso central, como o álcool”. Para o professor da Faseh, drogas como crack e heroína possuem um risco elevado de dependência. “Sempre haverá um risco de torna-se dependente, não existe consumo livre de risco. Existem drogas que possuem a probabilidade do vício aumentado, como crack, cocaína e heroína. Um fator fundamental que interfere neste risco é a vulnerabilidade pessoal. Ou seja, experimentar qualquer tipo de droga pode sim ser um risco”, alerta.

Recuperação

De acordo com o psiquiatra João Marcos, as taxas de recuperação dos dependentes de álcool e drogas nem sempre são satisfatórias e isso deve-se a vários fatores. “De maneira geral, os medicamentos existentes podem diminuir a compulsão para o uso; diminuir os efeitos da substância para que, durante o tratamento, a abstinência seja mais leve e suportável e tratar outras condições psiquiátricas que podem estar relacionadas ao uso”.

O médico ainda informa: “Os medicamentos são coadjuvantes de um tratamento que precisa ser multidisciplinar, baseado em estratégias medicamentosas, comportamentais, psicoterapêuticas, de apoio familiar, de grupos de autoajuda. O tratamento não pode ser baseado exclusivamente na intervenção farmacológica”.

Em relação ao álcool, cada caso exige uma determinada intervenção. Para o psiquiatra, o tratamento vai depender da relação que a pessoa tem com o uso dessa substância, ou seja, a razão e a forma de uso da droga. “Existem vários quadros originados pelo consumo do álcool, como a intoxicação alcóolica aguda, que é o uso acima do nível tolerado; a intoxicação patológica, na qual mesmo com um consumo de pequena quantidade a pessoa desenvolve quadro de nervosismo e até violência, dentre outros, até a dependência de uso de álcool. Logo, cada caso é singular e necessitará de uma abordagem e tratamento individual que contemple a subjetividade de cada sujeito na forma de se relacionar com o álcool ou as drogas”, finaliza.

Sobre a Faseh

A Faseh– Faculdade da Saúde e Ecologia Humana- passou a integrar o Ecossistema Ânima Educação em 2021. Localizada no município de Vespasiano, no Vetor Norte, área em expansão da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a faculdade é voltada para a internacionalização com parcerias com instituições de ensino e pesquisa de fora do Brasil. A Faseh tem como carro-chefe o curso de Medicina que recebeu nota 5 do MEC, sendo que apenas 23 instituições de ensino superior, dentre as mais de 300 em atividade no País, têm a pontuação máxima. A Faseh tem como missão educar, produzir e socializar o saber universal a partir do Ensino, Extensão e Pesquisa, visando contribuir para o desenvolvimento de um cidadão crítico e ético.

 

fonte: Rede Comunicação

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