Seguindo as campanhas temáticas de conscientização mensal estimuladas pelo Ministério da Saúde, o mês de setembro é representado pela cor amarela e visa informar a população sobre a Prevenção ao Suicídio. Com base neste contexto, a Boehringer Ingelheim divulga dados de sua pesquisa, realizada em parceria com a Kynetec, provedora global de dados da área da agricultura, saúde animal e nutrição, sobre a falta de valorização dos médicos-veterinários, os riscos de doenças decorrentes das extensas jornadas de trabalho e o constante envolvimento com temas sensíveis, como a eutanásia.
Os dados do levantamento foram coletados no primeiro semestre de 2024 e mais de mil veterinários de diferentes espécies foram entrevistados em seis países (Alemanha, Brasil, EUA, França, Japão e Reino Unido). Dentre as principais descobertas específicas do Brasil, é possível destacar que mais de 23% dos respondentes trabalham acima de 50 horas por semana, sendo suscetíveis a desenvolverem doenças por conta dos desgastes físicos e mentais, em especial à Síndrome do Burnout. “Juntamente da carga horária pesada, nós tratamos frequentemente de assuntos éticos e de alta complexidade emocional e isso exige que o profissional seja resiliente para manter o mental inabalado”, explica a doutora Karin Botteon, veterinária e gerente técnica da Boehringer Ingelheim.
Já Fabiano de Granville Ponce, médico-veterinário e diretor de operações da VetFamily Brasil, destaca o papel que as universidades devem exercer na preparação dos novos profissionais para suportar as dificuldades psicoemocionais. “A graduação não nos orienta em como lidar com a morte e a privação de vida social que constantemente vivenciamos. Muitas vezes nós temos um desgaste emocional que supera nossos limites por não conseguir não nos envolver com a dor do tutor”, comenta.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP) também faz um alerta sobre os perigos relacionados ao esgotamento mental da classe. Segundo o órgão, os veterinários são mais suscetíveis ao Burnout por terem que lidar com a morte cinco vezes mais que os demais profissionais da saúde, chegando a representar 25% dos casos totais entre médicos.
Outro ponto agravante para a saúde mental da classe, ainda de acordo com a pesquisa encomendada pela Boehringer, é que mais da metade dos entrevistados no Brasil (51,9%) entendem que a profissão não é apreciada como deveria pela sociedade, e sentem que apenas 30% dos tutores valorizam as renúncias que os veterinários fazem em suas vidas pessoais durante as extensas jornadas de trabalho. No entanto, a porcentagem aumenta para 64,2% quando são questionados se sentem que são reconhecidos pela forma como lidam com temas éticos e emocionalmente complexos, como a eutanásia.
Por fim, o levantamento expõe que 43,9% dos tutores apreciam a capacidade dos veterinários de continuarem trabalhando mesmo quando estão fisicamente esgotados. “A pesquisa é fundamental para entendermos como a sociedade enxerga nossa classe e o que está aquém de nossas expectativas. Hoje, compreendo que os tutores e donos de rebanhos e granjas estão começando a entender, aos poucos, nossos esforços físicos e mentais diários para cuidar de seus animais. Entretanto, eles ainda não percebem que, para isso, são dedicadas muitas horas longe de nossas famílias e amigos”, conclui Botteon.
Fonte: Boehringer Ingelheim Saúde Animal, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
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