Charliston Poli, da empresa Limpar Ambiental, tem sua prisão pedida em denúncia criminal que o acusa de fraude em licitações, corrupção e organização criminosa em contratos de lixo e varrição nas Prefeituras. Ele é alvo da Operação Varredura do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (GAECO Norte) do Ministério Público. Por conta disso, se tornou réu no processo criminal nº 5012093-15.2023.8.08.0030, 3ª Vara Criminal de Linhares.
A operação do GAECO revelou um esquema de fraudes em licitações públicas no município de Linhares, envolvendo a empresa Fortaleza Ambiental Gerenciamento de Resíduos Ltda, cujo proprietário de fato é apontado como Charliston Poli, conhecido como “Charles”. Ele criou outra empresa de fachada de nome Limpar Ambiental, que ganhou o contrato emergencial na Prefeitura de Guarapari, com 130% de superfaturamento, na gestão do atual Prefeito Rodrigo Borges. Poli atua em conjunto com Rafael Rocha, assessor comissionado do Tribunal de Contas do ES, que rodava o Estado pressionando Prefeitos a contratar sua empresa de lixo, como o Prefeito de Piúma, Professor Ricardo, que foi alvo da operação Rubi do GAECO por conta desse contrato.
A denúncia criminal contra Charliston e outros detalha a Operação Varredura, que investigou crimes como organização criminosa, fraude a licitações e formação de cartel entre 2015 e 2019 em contratos de lixo e varrição nas Prefeituras.Charliston Poli é identificado como peça-chave na estrutura ilícita que opera até hoje, tendo atuado em diversos contratos que somaram prejuízos milionários ao erário público, especialmente por meio da empresa Bio Sanear Tecnologia Ltda.
De acordo com o GAECO, Charliston Poli, apesar de não constar mais formalmente como sócio da Fortaleza Ambiental desde 10 de março de 2010, mantém controle efetivo da empresa, exercendo o cargo de “gerente administrativo”.
Testemunhas, como Claudeylson Aparecido Bobbio e Tharlies Cassaro, confirmaram sua liderança, destacando que os sócios registrados, José Maria Poli (seu pai) e Maria Helena Cassemira da Silva (mãe de sua esposa), servem como figuras de fachada. Ela também é sócia dele na Limpar Ambiental, que ganhou o contrato emergencial (sem licitação) na Prefeitura de Guarapari com 130% de sobrepreço.
Segundo o GAECO, a Fortaleza Ambiental participou de processos sempre em conluio com a Bio Sanear para direcionar contratações mediante a técnica de “cobertura de preços”, uma prática que simula concorrência para garantir vantagens indevidas.
As investigações apontam que Charliston Poli mantinha relações ilícitas com outros envolvidos, como Richelmi Neitzel Milke, líder do chamado “Grupo RT”, que inclui empresas como RT Empreendimentos e Aliança Serviços. Tharlies Cassaro, ex-funcionário do Grupo RT, relatou em depoimento que Poli e Richelmi realizavam encontros no Shopping Moxuara, em Cariacica, para coordenar o esquema, que incluía a subcontratação de máquinas e equipamentos como retribuição por favores em licitações. Essa colaboração teria ocorrido em municípios como João Neiva e São Mateus, ampliando o alcance da organização criminosa no norte e noroeste do estado.
O GAECO fez a denúncia e pediu a prisão de Charliston Poli e outros sete denunciados “pela prática dos crimes do art. 89, caput, art. 90, caput, e art. 96, inciso V, todos da Lei nº 8.666/93– substituídos pelos artigos 337-E, 337-F e 337-L,inciso V, do Código Penal (Lei nº 14.133/2021)– artigo 4º, II,”a”
“b” e “c”, da Lei nº 8.137/90, art. 299, do Código Penal, e art. 2º da Lei n. 12.850/2013, na forma do art. art. 29, caput, e 69 do Código Penal, pelas fraudes nos procedimentos n. 15.252/2015 (Contrato n. 207/2015), n.27.146/2015 (Contrato n. 04/2016) n. 11.395/2017 (Contrato 149/2017),realizados pelo Município de Linhares/ES”, nas palavras do próprio GAECO.
Além disso, foi pedida reparação de danos no valor de R$ 10 milhões, considerando os prejuízos à administração pública e os danos morais coletivos.
A denúncia destaca ainda que a reiterada atuação profissional dos envolvidos, incluindo Poli, descarta a possibilidade de acordo de não persecução penal, reforçando a gravidade das condutas investigadas.
O caso, que tramita na 3ª Vara Criminal de Linhares, pode trazer novas revelações sobre a rede de corrupção que envolveu mais de R$ 119 milhões em contratos fraudulentos entre 2015 e 2021. E Charliston Poli, com sua empresa de fachada Limpar Ambiental, que esconde o grupo Fortaleza Ambiental, agora é o dono do contrato emergencial de lixo em Guarapari, com sobrepreço de 130%, na gestão do atual Prefeito Rodrigo Borges. Pelo visto, a organização criminosa comandada por Poli continua atuando a pleno vapor, debaixo do nariz do GAECO
Fonte: O gazebo