Entidades do Agro capixaba preveem queda na produção do café conilon no ES

Entidades do Agro capixaba preveem queda na produção do café conilon no ES

                     Mesmo com a queda, a contratação de mão de obra tem sido o maior gargalo no período da safra
Considerando que 2023 é um ano de bienalidade negativa, os cafeicultores já prospectam uma produção menor do grão. Apesar de a colheita estar em andamento, dados da Associação Agricultura Forte apontam uma queda em torno de 30% da produção no norte do Espírito Santo. Além da queda, tem sido desafiador um gargalo antigo enfrentado pelos produtores que é a mão de obra na colheita, seja pela falta trabalhadores em quantidade suficiente, qualidade dos serviços prestados ou pelas dificuldades na contratação e a insegurança jurídica, que tem sido desafiadora.

O presidente da Agricultura Forte, Edivaldo Permanhane, disse que a esperança dos produtores tem sido a automatização da colheita, uma vez que as máquinas de colheita e recolhedoras estão cada vez mais modernas e têm otimizado o serviço e reduzindo os custos.

“Está havendo um aumento nessa automatização, com empresários, inclusive, prestando serviço para pequenos produtores, e se mostrando uma alternativa para o maior problema do setor. Há muito para evoluir ainda, mas já tem tido um impacto positivo com tendência a melhorar e reduzir esse problema de mão de obra no futuro próximo”, explicou Permanhane.

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Em Linhares, o presidente do Sindicato Rural de Linhares, Antônio Roberte Bourguignon, informou que, segundo relatos de pequenos, médios e grandes produtores, há uma previsão de queda de em torno 20%, uma safra menor devido ao frio e vento que atingiram as plantações na época da florada. Para Bourguignon, o principal desafio também é a mão de obra.

“A mão de obra está escassa. O estado da Bahia aumentou significativamente sua área de produção de Conilon, o que dificultou a migração para nossa região. Sem contar com a oferta de emprego disponível em Linhares que tem gerado maior dificuldade de contratação no campo. Outra dificuldade que paira se refere ao benefício social do Governo concedido aos trabalhadores, que ao ter vínculo empregatício com o produtor, a depender do valor recebido, está sujeito a perder o benefício”, comentou.

Existem ainda muitas dúvidas, tanto de trabalhadores quanto de produtores, sobre quem teria direito ao benefício após assinada a carteira, por isso muitos trabalhadores não aceitam assinar, explicou Edivaldo, presidente da Associação Agricultura Forte.

“Contratar formalmente, oferecer boas condições de trabalho e equipamentos de proteção são fundamentais para a segurança do trabalhador e do produtor rural. Existe uma conscientização cada vez maior de que os riscos e os custos podem ser muito altos sem essa formalização. É desafiador quando há falta de mão de obra e os trabalhadores disponíveis não querem trabalhar formalmente, por isso é importante haver uma solução governamental para esse imbróglio”, ponderou Edivaldo.

Antonio Roberte Bourguignon aponta, ainda, outro problema que o produtor enfrenta, principalmente nesse período: a segurança nas nossas propriedades, por isso, o primeiro passo é o produtor, antes de contratar, procurar a delegacia para que seja feita uma rastreabilidade do perfil do trabalhador.

“Dificultar o acesso às propriedades, sempre que possível, colocar câmeras, cadeados nas porteiras, animais que protegem, e não deixar a mercadoria exposta, para evitar que pessoas passem e comuniquem o que tem dentro da sua propriedade, são medidas importantes a serem adotadas. Já registramos roubos nesta safra na região e fazer um Boletim de Ocorrência nos ajuda na hora de justificar porque estamos pedindo uma ronda mais constante da Guarda Civil Municipal e da Polícia Militar nas propriedades”, alertou Bourguignon.

Acordo trabalhista em pauta

O Conselho Nacional do Café (CNC) e o Ministério do Trabalho estão trabalhando num acordo em que trabalhadores safristas não perderiam o direito ao benefício, mas esse ano entrará em vigor apenas para Minas Gerais.

“Estamos trabalhando para o Espírito Santo também ser abrangido nesse primeiro momento. A legislação trabalhista, apesar de termos tido avanços nos últimos anos, ainda é um fator dificultador da geração de empregos no Brasil. A NR31 é complexa e de difícil aplicação na realidade do produtor. Precisamos ampliar o debate sobre a norma, entre produtores e fiscais do trabalho”, relatou o presidente da Agricultura Forte, Edivaldo Permanhane.

Avanços na cafeicultura

A Associação Agricultura Forte, destaca, ainda, que a cafeicultura capixaba tem tido avanços significativos em tecnologia, sustentabilidade e qualidade, mas precisa trabalhar o marketing internacional e melhorar a imagem do produto brasileiro

O cafeicultor trabalha de forma sustentável, com qualidade, em ambientes de trabalho seguros, gera emprego e renda, mas há a necessidade de agregar mais valor aos produtores, pois, apesar de todos os investimentos no setor, não vê o preço da saca subindo na mesma proporção dos custos.

A falta de crédito, insegurança jurídica, custos altos e produção, infraestrutura precária e ameaças de invasões de propriedades, também são desafios da cafeicultura que precisam ser debatidos e ter a atenção do estado, destaca a associação que é sem fins lucrativos e reúne produtores, empresários e profissionais do setor agrícola capixaba com o propósito de fortalecer e valorizar o agro, estabelecer estratégias para solucionar gargalos e superar desafios, gerando resultados efetivos para todo o segmento e sociedade.

fonte: Campo Vivo

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