“O transtorno bipolar causa muito impacto na vida da pessoa e dos familiares, trazendo um significativo comprometimento dos aspectos sociais, ocupacionais, afetivos. O avanço dos medicamentos que tratam a doença tem ajudado bastante, diminuindo o tempo de hospitalizações e oferecendo uma oportunidade para que o tratamento possa ser domiciliar”, observa a psiquiatra Kelly Pereira Robis, professora da UFMG e PUC/MG.
O transtorno bipolar tem como principais características episódios depressivos alternados com episódios de euforia, conhecidos como mania ou hipomania. Os sintomas observados durante a fase de euforia são a sensação de elevado bem-estar; aceleração do pensamento e da fala; agitação e hiperatividade; diminuição da necessidade de sono; aumento da energia; diminuição da concentração; euforia ou irritabilidade; desinibição; impulsividade; ideias de grandiosidade e sensação de “poder”.
Na fase de depressão, notam-se sintomas como alterações de apetite com perda ou ganho de peso; humor deprimido na maior parte dos dias; fadiga ou perda de energia; apatia, perda de interesse ou prazer; pensamentos recorrentes de morte ou suicídio; agitação ou retardo psicomotor; sentimentos de culpa; desânimo e cansaço mental; tendência ao isolamento social e familiar; ansiedade e irritabilidade.
De acordo com a psiquiatra, o diagnóstico do transtorno bipolar costuma ser difícil e pode demorar em média dez anos para ser estabelecido. “Muitos tratamentos equivocados podem levar a pessoa a perder a esperança de controlar a doença. Os sintomas confundem-se com outros tipos de depressão. Por isso, o tratamento multidisciplinar é muito importante, e conhecer realmente a doença é fundamental para o sucesso do tratamento, porque muitos antidepressivos podem não fazer efeito”, ressalta Kelly Robis.
Tratamento
O transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. O tratamento é abrangente com o o uso de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida, tais como o fim do consumo de substâncias como cafeína, anfetaminas, álcool e outros tipos de drogas, por exemplo, além do desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação, regularidade do sono e redução dos níveis de estresse.
“O tratamento geralmente é por toda a vida, sendo necessária uma combinação de medicamentos e psicoterapia. É importante ressaltar que a adesão ao tratamento trará muitos benefícios ao paciente como o controle da evolução da doença; redução das chances do paciente querer tirar a própria vida; diminuição dos episódios de crises, melhorando a qualidade de vida da pessoa”, conclui a psiquiatra.
fonte: Cristiane Miranda Malheiros