O uso de medicamentos para ansiedade, depressão e insônia vem aumentando drasticamente no Brasil. Durante uma pandemia, o medo aumenta os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis e intensifica os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos pré-existentes. Uma pesquisa anterior ao início da pandemia revelou que a população brasileira comprou, em 2018, mais de 56,6 milhões de caixas de medicamentos para ansiedade e para dormir, aproximadamente, 1,4 bilhão de comprimidos em um ano. Os dados são do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária-Anvisa.
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“A prevalência dos quadros de dependência de sedativos está aumentando, às vezes as pessoas tomam medicamentos por conta própria e substimam os riscos envolvidos no uso da medicação, e isso não é recomendável. Todo tratamento deve ser acompanhado por um médico, pois é ele quem irá fazer o diagnóstico correto, irá decidir qual o tratamento, se é mesmo necessário o uso dos sedativos e, durante o tratamento, irá decidir sobre quando suspender a medicação”, alerta a psiquiatra Kelly Pereira Robis, professora da PUC/MG e UFMG.
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O termo sedativo designa um grupo de medicamentos que tem a capacidade de diminuir o nível de vigilância, sendo útil no alívio de estados em que existe uma excitação excessiva. Mais conhecidos como calmantes, esses medicamentos são capazes de reduzir a ansiedade, e podem ter, como efeitos colaterais, impacto sobre as funções motoras ou mentais das pessoas que os utilizam. Apesar dos efeitos adversos, esse grupo de medicamentos são aprovados em diversas condições “os benzodiazepínicos, a classe de medicamentos mais comum de sedativos, podem ser prescritos em casos de insônia; transtornos de ansiedade, em especial, a síndrome do pânico; transtornos neurológicos, entre outras condições. Esses medicamentos são considerados seguros, se prescritos por um médico e se houver um acompanhamento contínuo desse profissional.”
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Muitos medicamentos podem causar efeitos adversos como náuseas e vômito, hipotensão, sonolência e letargia. Com o uso prolongado podem causar a dependência, e ao pausar podem surgir sintomas da síndrome da abstinência. A sobredosagem pode causar intoxicação, com coma e morte do indivíduo.
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Confira quais consequências o uso de sedativos sem orientação médica pode causar:
- Dependência da medicação: o uso de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito. Sintomas graves de abstinência quando há a tentativa de interromper o uso;
- Atraso no tratamento: a maioria das pessoas que usa sedativos por conta própria tem uma doença psiquiátrica não tratada, e isso significa que a doença pode cronificar;
- Alterações comportamentais: as pessoas sob uso de sedativos sem indicação médica podem apresentar comportamento desinibido e tomar decisões impulsivas;
- Alterações cognitivas: sintomas de lentificação, dificuldade de raciocínio e prejuízos da atenção;
- Risco de comorbidades: aumento da chance de depressão e outras doenças secundárias ao abuso de sedativos.
fonte: Cristiane Miranda Malheiros