O Texto Em Profundidade: Gênesis 1:1–2:3 – Estudo 01 – Religião

O Texto Em Profundidade: Gênesis 1:1–2:3 – Estudo 01 – Religião

Gênesis 1:1–2:3: “No Princípio, Deus Criou…”

O TEXTO EM PROFUNDIDADE é uma série especial de comentários bíblicos do Gospel Trends dedicada à análise minuciosa das Escrituras, explorando os contextos teológicos, históricos, culturais e literários de passagens fundamentais da Bíblia. Com rigor acadêmico e sensibilidade espiritual, buscamos revelar as riquezas e as nuances do texto sagrado, conectando cada estudo à vida cristã contemporânea. Embarque conosco nessa jornada de descoberta, conhecimento e encantamento pela Palavra de Deus.

INTRODUÇÃO: O PÓRTICO DA REVELAÇÃO

Gênesis 1:1-2:3 não é meramente um relato antigo sobre origens; é o grandioso pórtico pelo qual adentramos toda a revelação bíblica. Nestas palavras iniciais, encontramos não apenas a afirmação da existência de Deus, mas a proclamação de Sua soberania absoluta, Seu poder insondável e Seu propósito eterno. Este texto é uma majestosa sinfonia divina, onde cada “dia” é um movimento que revela a sabedoria e a bondade do Criador. Preparemo-nos para descortinar as camadas de significado que fazem deste capítulo um dos mais debatidos, admirados e fundamentais de todas as Escrituras.

LEITURA ATENTA E REVERENTE DO TEXTO

No princípio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. […] E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o sexto dia. Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no sétimo dia a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua obra, que Deus criara e fizera”.

ANÁLISE TEOLÓGICA E EXEGÉTICA

ESTRUTURA LITERÁRIA E O RITMO DA CRIAÇÃO:

A narrativa da criação em Gênesis 1 é uma obra-prima de composição literária, marcada por uma estrutura simétrica e um ritmo cadenciado.

O Framework dos “Dias” (Yom): A divisão em sete “dias” (hebraico: yom) é a espinha dorsal do capítulo. A interpretação de yom é variada (dias literais de 24 horas, períodos longos, dias da revelação divina a Moisés, ou uma estrutura literária teológica). Independentemente da cronologia exata, a estrutura enfatiza a ordem, a progressão e a intencionalidade divina. Cada “dia” segue um padrão:

  • Introdução: “E disse Deus…” (vayomer Elohim)
  • Comando Criativo: “Haja…” (yehi)
  • Relato do Cumprimento: “E houve…” (vayehi-chen)
  • Avaliação Divina: “E viu Deus que era bom…” (vayar Elohim ki-tov)
  • Nomeação (em alguns dias): Deus nomeia Suas criações.
  • Conclusão Temporal: “E foi a tarde e a manhã, o dia…” (vayehi-erev vayehi-voker yom…)

Paralelismo entre os Dias: Existe um notável paralelismo entre os dois conjuntos de três dias:

Dias 1-3 (Formação/Habitats):

  • Luz e Trevas (separação)
  • Águas Superiores e Inferiores (firmamento/céus e águas)
  • Terra Seca e Vegetação (mares e continentes)

Dias 4-6 (Preenchimento/Habitantes):

  • Luminares nos Céus (sol, lua, estrelas para governar o dia e a noite criados no dia 1)
  • Peixes nas Águas e Aves nos Céus (preenchendo os domínios do dia 2)
  • Animais Terrestres e o Homem (habitando a terra seca e consumindo a vegetação do dia 3)
  • O Sétimo Dia – O Clímax: O sétimo dia quebra o padrão de criação, introduzindo o conceito de shabbat (descanso). Não é um dia de inatividade por exaustão, mas de celebração, contemplação da obra concluída e santificação, estabelecendo um modelo divino para a vida humana.

Aplicativo do pregador

ASPECTOS TEOLÓGICOS CENTRAIS – DESVENDANDO O DIVINO:

Elohim – O Deus Transcendente e Imanente: O nome predominantemente usado para Deus aqui é Elohim. Embora seja uma forma plural, é consistentemente usado com verbos no singular, indicando um “plural de majestade” ou, para muitos teólogos cristãos, um indício primitivo da pluralidade dentro da unidade da Deidade (a Trindade). Elohim enfatiza Deus como o Criador Todo-Poderoso, transcendente, distinto e acima de Sua criação. Contudo, Sua ação de “pairar” (merahefeth, Gênesis 1:2) e “falar” revela também Sua imanência e envolvimento pessoal.

Criação ex nihilo (Do Nada): O verbo hebraico bara’ (criar), usado em Gênesis 1:1, 21, 27, é crucial. Ele é usado exclusivamente para a atividade divina e implica a criação de algo fundamentalmente novo, sem matéria preexistente. Isso contrasta radicalmente com as cosmogonias do Antigo Oriente Próximo, onde deuses moldavam o mundo a partir de corpos de outras divindades ou de matéria caótica preexistente. A fé bíblica afirma que Deus trouxe o universo à existência pela Sua palavra e poder soberanos.

A Palavra Criadora (Dabar Yahweh): A frase “E disse Deus…” (vayomer Elohim) ocorre dez vezes, sublinhando o poder eficaz da Palavra de Deus. No pensamento hebraico, a dabar (palavra) não é mero som; é uma extensão da pessoa, carregada de poder e eficácia para realizar o que é dito. A criação acontece por decreto divino, revelando um Deus que não precisa lutar contra forças caóticas, mas que governa com autoridade soberana.

Tohu vaVohu e Tehom – O Caos Subjugado: A descrição da terra como “sem forma e vazia” (tohu vavohu) e as “trevas sobre a face do abismo” (tehom) não sugerem uma matéria co-eterna com Deus, mas o estado inicial sobre o qual Deus imporia Sua ordem e propósito. O “abismo” (tehom) ecoa em outras culturas como um símbolo de caos, mas aqui, está completamente sob o controle do Espírito de Deus que “se movia” (ou “pairava”, “chocava”) sobre as águas.

A Bondade Original da Criação (“Tov” e “Tov Me’od”): A repetida avaliação divina “e viu Deus que era bom” (tov), culminando em “muito bom” (tov me’od) após a criação da humanidade, é teologicamente significativa. Afirma a bondade inerente da ordem criada, sua adequação ao propósito divino e a ausência original de mal ou corrupção. Isso tem implicações profundas para uma teologia da natureza e para a compreensão da origem do mal (que Gênesis 3 explorará).

Imago Dei (Imagem de Deus): A criação da humanidade (homem e mulher) à “imagem” (tselem) e “semelhança” (demuth) de Deus (Gênesis 1:26-27) é o ápice da obra criativa. Isso não se refere primariamente à aparência física, mas a qualidades que refletem o Criador:

  • Racionalidade e Intelecto: Capacidade de pensar, raciocinar, criar.
  • Moralidade: Senso de certo e errado, capacidade de relacionamento ético.
  • Relacionalidade: Criados para comunhão com Deus e uns com os outros.
  • Domínio Responsável: O mandato de “dominar” (radah) sobre a terra e os seres vivos (Gênesis 1:28) não é uma licença para exploração tirânica, mas uma vocação para governar como vice-regentes de Deus, com cuidado, sabedoria e responsabilidade – uma mordomia.
  • Espiritualidade: Capacidade de conhecer e adorar a Deus.
  • O Sábado Divino – Selo da Criação Perfeita: O sétimo dia, abençoado e santificado por Deus (Gênesis 2:3), não é um apêndice, mas o clímax da narrativa. O descanso de Deus não é por fadiga, mas é um ato de cessação da obra criativa, de contemplação da perfeição alcançada e de estabelecimento de um ritmo divino para a vida. O Sábado se torna um sinal da aliança e um convite para a humanidade entrar no descanso e na alegria de Deus.

CONTEXTO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO

E O ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO (AON):

AUTORIA E DATAÇÃO – VOZES DA TRADIÇÃO E DA CRÍTICA:

  • Tradição Mosaica: A visão tradicional atribui a autoria de Gênesis (e do Pentateuco) a Moisés, por volta do século XV a.C., durante ou após o Êxodo. Isso situaria a revelação da criação em um contexto de formação nacional e teológica de Israel.
  • Perspectivas Críticas: A alta crítica bíblica propôs a Hipótese Documentária (JEDP), sugerindo múltiplas fontes e editores ao longo de séculos. Embora existam debates acadêmicos, a unidade teológica e a mensagem central de Gênesis 1 permanecem poderosas. Como teólogo pentecostal, creio na inspiração divina do texto, independentemente das complexidades de sua transmissão histórica – mas, sou adepto da tradição mosaica.

COSMOGONIAS DO AON – UM CONTRASTE ILUMINADOR:

  • Enuma Elish (Babilônia): Narra a criação a partir de um conflito brutal entre deuses. Marduk derrota Tiamat (deusa do caos aquático) e de seu corpo dividido forma os céus e a terra. A humanidade é criada do sangue de Kingu (consorte de Tiamat) para servir aos deuses. Que contraste com o Deus único, soberano e bom de Gênesis, que cria por Sua palavra e estabelece a humanidade como Sua imagem!
  • Atrahasis (Mesopotâmia): Também descreve a criação da humanidade para aliviar os deuses menores do trabalho pesado.
  • Mitologia Egípcia: Várias cosmogonias, frequentemente envolvendo deuses como Atum, Rá, ou Ptah, que criam a partir de si mesmos ou de elementos primordiais.
  • A Singularidade de Gênesis: Gênesis 1 se destaca por seu monoteísmo radical, a ausência de teogonia (nascimento de deuses) ou teomaquia (luta entre deuses), a dignidade conferida à humanidade e a bondade intrínseca da criação. É uma polêmica silenciosa, mas poderosa, contra as visões de mundo pagãs circundantes.
  • Geografia – O Palco dos Primórdios: Embora Gênesis 1 trate da criação universal, a menção subsequente do Éden (Gênesis 2) localiza o início da história humana na Mesopotâmia, o “Crescente Fértil” entre os rios Tigre e Eufrates. Esta era uma região de grande importância cultural, política e religiosa no mundo antigo, tornando a mensagem de Gênesis ainda mais pertinente para seus primeiros leitores.

Combo Essencial das Profecias

CURIOSIDADES, NÚMEROS E PADRÕES:

  • Elohim: A palavra “Deus” (Elohim) aparece 35 vezes em Gênesis 1:1-2:3 (múltiplo de 7).
  • “Céu/Céus” e “Terra”: Mencionados proeminentemente no início (1:1) e na conclusão (2:1).
  • A Fórmula “E disse Deus”: Ocorre 10 vezes, talvez ecoando os “Dez Mandamentos” como atos fundamentais da vontade divina.
  • O Número Sete: Símbolo bíblico de perfeição, completude e santidade, permeia a estrutura: 7 dias, a palavra “bom” (tov) aparece 7 vezes (6 vezes “bom” e 1 vez “muito bom”), o sétimo dia é abençoado e santificado. O versículo chave Gênesis 2:1-3 possui múltiplas ocorrências de sete palavras ou seus múltiplos no hebraico.
  • Ausência de Yahweh: O nome pactual de Deus, YHWH (SENHOR), não aparece até Gênesis 2:4. Em Gênesis 1, o foco está em Elohim, o Deus Criador transcendente de todas as nações. A partir de Gênesis 2:4, quando o foco se volta para o relacionamento de Deus com a humanidade, o nome YHWH Elohim (“SENHOR Deus”) é introduzido.

CONEXÕES BÍBLICAS E TEMÁTICAS

A SEMENTEIRA DA TEOLOGIA:

Gênesis 1 é a sementeira de inúmeros temas que florescem por toda a Bíblia:

  • Deus como Rei Soberano: A criação por decreto (“Haja…”) estabelece Deus como o Rei supremo do universo (cf. Salmo 93:1-2; 1 Timóteo 6:15).
  • Ordem Divina vs. Caos: Um tema recorrente (ex: o Dilúvio, a Torre de Babel, a libertação do Egito). Deus é Aquele que traz ordem e propósito onde há desordem.
  • A Santidade da Vida: Especialmente a vida humana, criada à imagem de Deus (cf. Gênesis 9:6; Salmo 139:13-16).
  • Aliança: Embora a palavra “aliança” (berith) não apareça explicitamente em Gênesis 1, a ordem da criação e o Sábado estabelecem um relacionamento estruturado entre Deus e Sua criação, que é fundamental para o conceito de aliança.
  • A Palavra de Deus: Seu poder criativo aqui prefigura seu poder redentor e revelador (cf. Isaías 55:11; Hebreus 4:12).
  • O Espírito Santo (Ruach Elohim): Sua presença e atividade na criação (Gênesis 1:2) são um prelúdio de Sua obra na regeneração (João 3:5-8), capacitação (Atos 1:8) e santificação (Romanos 8).
  • Cristo na Criação: O Novo Testamento revela Cristo como o agente da criação: “todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1:3); “pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra” (Colossenses 1:16).
  • Salmos de Criação: Gênesis 1 encontra eco poético em salmos como o 8 (“Que é o homem, para que dele te lembres?”), 19 (“Os céus proclamam a glória de Deus”), 33 (“Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir”), e especialmente o 104 (um hino detalhado à providência de Deus na criação).
  • Textos de Sabedoria: Provérbios 8:22-31 personifica a Sabedoria como presente com Deus na criação, deleitando-se na obra divina.
  • Nova Criação: A esperança escatológica de “novos céus e nova terra” (Isaías 65:17; 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1) é a consumação da obra iniciada em Gênesis 1, onde o mal e os efeitos da Queda são erradicados.

A Bíblia Não Erra

EXPLORANDO A RIQUEZA DA LINGUAGEM ORIGINAL (HEBRAICO):

  • Bereshit (בְּרֵאשִׁית): Literalmente “Em um princípio”. A preposição “be-” (em) com “reshit” (princípio, começo, primícias) sugere um começo absoluto, o ponto de partida de tudo o que existe no tempo e espaço.
  • Bara’ (בָּרָא): Como já mencionado, este verbo é específico para a ação criativa de Deus. Denota a produção de algo novo e original, sem precedentes. Sua ocorrência em pontos cruciais (1:1 – o universo; 1:21 – os grandes seres viventes aquáticos e alados, introduzindo nephesh chayyah – alma vivente; 1:27 – a humanidade) marca momentos de singular intervenção divina.
  • Elohim (אֱלֹהִים): O plural de Eloah. Sua forma plural, usada com verbos singulares, é um dos mistérios da linguagem bíblica, frequentemente interpretado como um plural de majestade ou intensidade, ou, como vimos, uma alusão à Trindade.
  • Ruach Elohim (רוּחַ אֱלֹהִים): “Espírito de Deus”. Ruach pode significar vento, fôlego, espírito. Aqui, a imagem de merahefeth (מְרַחֶפֶת – pairando, vibrando, chocando como uma ave sobre o ninho) sugere uma energia vital, protetora e criativa, preparando o cenário para os atos criativos subsequentes.
  • Tohu vaVohu (תֹהוּ וָבֹהוּ): “Sem forma e vazia”. Descreve um estado de desordem, não de inexistência. A criação é o processo de Deus trazer forma, ordem e plenitude a este estado inicial.
  • Tehom (תְּהוֹם): “Abismo”, “profundeza”. Frequentemente associado às águas primordiais caóticas em mitologias do AON, mas em Gênesis, está sob o controle soberano de Deus.
  • Yom (יוֹם): “Dia”. Sua flexibilidade semântica no hebraico (podendo significar um dia de 24 horas, um período de tempo, ou “quando”) é central para os debates sobre a idade da Terra e a interpretação de Gênesis 1.
  • Asah (עָשָׂה): “Fazer”, “moldar”, “constituir”. Usado frequentemente em Gênesis 1 (ex: 1:7, 16, 25, 31; 2:2,3), às vezes de forma intercambiável com bara’, mas geralmente implicando a formação de algo a partir de materiais existentes ou o estabelecimento de funções.

IMPLICAÇÕES ESPECÍFICAS PARA A FÉ E PRÁTICA CRISTÃ:

A narrativa da criação ressoa profundamente com a experiência e teologia pentecostal:

  1. O Espírito Santo em Ação Dinâmica: O Ruach Elohim pairando sobre as águas é uma imagem poderosa do Espírito Santo como agente ativo, criativo e transformador. Para os pentecostais, que enfatizam a Pessoa e a obra contínua do Espírito, Gênesis 1:2 é um lembrete de que o Espírito esteve presente e operante desde o início, não sendo apenas uma “força” neotestamentária. Ele é o Sopro de Deus que traz vida e ordem.
  2. O Poder da Palavra Falada (Rhema e Logos): A criação pelo “E disse Deus” valida a crença pentecostal no poder da Palavra de Deus, tanto a Palavra escrita (Logos) quanto a Palavra inspirada e falada no presente (rhema) através da profecia, do ensino ungido e da proclamação do evangelho. Se a Palavra de Deus pôde trazer o universo à existência, ela certamente tem poder para transformar vidas, curar enfermidades e trazer libertação hoje.
  3. Expectativa do Sobrenatural: Um Deus que cria ex nihilo e ordena o cosmos é um Deus para quem nada é impossível. Isso alimenta a fé pentecostal na intervenção divina, nos milagres e nos dons do Espírito como manifestações contínuas do poder criativo e redentor de Deus no mundo.
  4. A Nova Criação em Cristo: A obra criativa de Gênesis 1 encontra seu cumprimento e ápice na nova criação em Cristo (2 Coríntios 5:17). Assim como o Espírito pairava sobre as águas, Ele agora paira sobre o caos da vida humana caída, trazendo nova vida, regeneração e a promessa da restauração final de todas as coisas. A experiência pentecostal do batismo no Espírito Santo é vista como uma antecipação dessa nova criação e capacitação para viver nela.
  5. Adoração Extravagante: A contemplação da majestade, poder e sabedoria de Deus na criação deve levar a uma adoração vibrante e expressiva, característica da espiritualidade pentecostal. O “muito bom” de Deus ecoa nos louvores do Seu povo.

APLICAÇÕES PRÁTICAS RELEVANTES PARA A VIDA CRISTÃ HOJE:

A mensagem de Gênesis 1 não é um artefato teológico do passado, mas uma fonte viva de orientação para o presente:

  1. Fundamento da Fé e Cosmovisão: Crer em Deus como Criador é o alicerce da cosmovisão cristã. Isso molda nossa compreensão de propósito, valor e destino. Em um mundo frequentemente dominado pelo naturalismo e materialismo, Gênesis 1 nos chama a reconhecer a realidade transcendente e o desígnio divino.
  2. Reconhecimento da Soberania Divina: Se Deus é o Criador de tudo, Ele é soberano sobre tudo. Isso deve nos levar à humildade, confiança e submissão à Sua vontade, mesmo em meio às incertezas e “caos” aparentes da vida.
  3. Valorização da Dignidade Humana: A doutrina da Imago Dei é fundamental para a ética cristã. Ela exige que tratemos cada ser humano com dignidade e respeito, combatendo todas as formas de injustiça, opressão e desvalorização da vida, desde a concepção até a morte natural.
  4. Mordomia Ecológica Responsável: O mandato de “dominar” a terra (Gênesis 1:28) é um chamado à mordomia cuidadosa, não à exploração destrutiva. Como crentes, temos a responsabilidade de zelar pela criação de Deus, refletindo Seu cuidado e sustento.
  5. A Busca pela Ordem e Propósito na Vida Pessoal: Assim como Deus trouxe ordem ao caos na criação, somos chamados a buscar a ordem divina em nossas vidas espirituais, morais e relacionais, permitindo que o Espírito Santo organize nossos “caos” interiores.
  6. O Princípio do Descanso e da Recreação (Sábado): Em um mundo frenético e obcecado pela produtividade, o princípio do Sábado nos lembra da necessidade vital de descanso, renovação, comunhão com Deus e com os outros, e celebração da vida e da obra de Deus. Que fique claro que não estamos ensinando a guarda do sábado lei mosaica (leia Cl 2:16-17).
  7. Combate ao Orgulho e Autossuficiência: Gênesis 1 nos lembra que somos criaturas, não o Criador. Isso combate o orgulho humano que busca autonomia de Deus e nos convida a uma vida de dependência e gratidão.

Box Apologético Lobos Entre as Ovelhas

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO E DISCUSSÃO:

  1. De que maneiras específicas a compreensão de Deus como Elohim (o Criador transcendente e poderoso) desafia ou fortalece sua fé em situações cotidianas de aparente caos ou impotência?
  2. Se a humanidade é criada à Imago Dei, como isso deveria transformar a maneira como a igreja se posiciona e age em relação a questões sociais como pobreza, racismo, e a dignidade dos marginalizados?
  3. Como a doutrina da criação ex nihilo pela Palavra de Deus impacta sua confiança no poder da oração e da proclamação do Evangelho hoje?
  4. Refletindo sobre o “descanso” de Deus no sétimo dia, como podemos cultivar um ritmo de vida que verdadeiramente honre o princípio do Sábado, não apenas como uma obrigação legal, mas como uma fonte de deleite e renovação espiritual?
  5. Gênesis 1 apresenta um contraste gritante com as cosmogonias pagãs. Que “mitos” ou “narrativas de origem” contemporâneas competem com a visão bíblica da criação, e como podemos apresentar a verdade de Gênesis de forma relevante e convincente?

FINALIZANDO O ESTUDO 1:

Gênesis 1:1-2:3 não é apenas o começo da Bíblia; é o fundamento sobre o qual toda a história da redenção é construída. É a proclamação de que o universo não é um acidente cósmico, mas o produto intencional de um Deus infinitamente poderoso, sábio e bom. Cada palavra, cada estrutura, cada repetição neste capítulo serve para magnificar o Criador e estabelecer Seu senhorio sobre tudo o que existe. Ao contemplarmos esta “Sinfonia de Soberania e Propósito”, somos convidados a nos curvar em adoração, a viver com responsabilidade como portadores de Sua imagem, e a confiar Naquele que, “no princípio”, demonstrou Seu amor e poder, e que continua a sustentar e redimir Sua criação até o dia da consumação final.

BIBLIOGRAFIA DE APOIO

  1. Kidner, Derek. Gênesis: Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica. São Paulo: Vida Nova.
  2. Ross, Allen P. Criação e Bênção: Um Guia para o Estudo e Exposição de Gênesis. São Paulo: Vida Nova.
  3. Waltke, Bruce K.; Fredricks, Cathi J. Gênesis: Um Comentário. São Paulo: Cultura Cristã.
  4. Grudem, Wayne. Teologia Sistemática: Uma Introdução à Doutrina Bíblica. São Paulo: Vida Nova.
  5. Erickson, Millard J. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova.
  6. Berkhof, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã (ou outras editoras como Luz para o Caminho).
  7. Ferreira, Franklin; Myatt, Alan. Teologia Sistemática: Uma Análise Histórica, Bíblica e Apologética para o Contexto Atual. São Paulo: Vida Nova.
  8. Lloyd-Jones, D. Martyn. Deus o Pai, Deus o Filho (Primeiro volume de sua série sobre Grandes Doutrinas da Bíblia). São Paulo: PES (Publicações Evangélicas Selecionadas).
  9. Schaeffer, Francis A. Gênesis no Espaço-Tempo. São Paulo: Cultura Cristã.
  10. Bíblia Online (versões bíblicas variadas).
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