Impactado pela perda precoce de um cão na infância, o empresário Eduardo Lemos transformou uma dor pessoal em propósito: melhorar a vida dos animais por meio da ciência. Foi assim que, em 2023, nasceu a Petgenoma — a primeira empresa brasileira de genotipagem com tecnologia própria voltada exclusivamente a cães.
Com laboratório próprio, metodologia de padrão internacional e um banco de dados em expansão, a Petgenoma vem ganhando espaço entre criadores, tutores e médicos-veterinários que enxergam na genética uma poderosa aliada da prática clínica.
Embora ainda jovem, a empresa tem planos de expansão e, no mês de agosto, estende seu atendimento aos felinos. Na entrevista a seguir, Eduardo fala sobre medicina preditiva, aplicação prática dos testes genéticos, parceria com clínicas e criadores, e sobre como a genética pode — e deve — ser incorporada ao cuidado diário dos pets. “A genotipagem é a vacina do século XXI”, afirma
Cães&Gatos: Como o teste genético impacta o dia a dia da clínica veterinária?
Eduardo: De forma profunda. Assim como vacinas e antibióticos transformaram a medicina humana, a genética tem o potencial de revolucionar a medicina veterinária. Ao identificar predisposições genéticas, o veterinário pode ajustar dieta, rotina de exercícios, protocolo de rastreio e até o adestramento, pensando em doenças específicas. Isso permite um cuidado mais precoce e direcionado.
Cães&Gatos: Pode dar um exemplo prático de como essa informação muda a conduta clínica?
Eduardo: Claro. Se um animal tem predisposição genética para cardiomiopatia dilatada, posso recomendar ecocardiogramas periódicos, mesmo que clinicamente ele esteja bem. Isso antecipa diagnósticos e permite intervenções precoces. O mesmo vale para doenças oftálmicas, neurológicas ou musculoesqueléticas. É medicina preditiva na prática.
Cães&Gatos: E quanto ao impacto econômico para clínicas e laboratórios?
Eduardo: Ele é positivo. O tutor passa a buscar o serviço com mais frequência e por razões preventivas, e não apenas reativas. Isso gera recorrência para clínicas e laboratórios, aumenta a fidelização e eleva o ticket médio de forma mais consciente. É um ciclo virtuoso: o tutor investe melhor, o animal é melhor cuidado e o mercado se fortalece.
Cães&Gatos: A genotipagem também tem papel na criação responsável?
Eduardo: Total. Quando um criador testa geneticamente suas matrizes e reprodutores, ele evita cruzamentos de alto risco e melhora a saúde da ninhada. Já atendemos mais de 200 criadores no país. E agora, com a CBKC lançando o Pedigree Premium, que inclui nosso teste, estamos ajudando a valorizar quem cria com seriedade. É um divisor de águas para o setor.
Cães&Gatos: Qual a principal resistência ao teste genético hoje?
Eduardo: Cultural. Assim como um dia ninguém vacinava ou fazia check-up preventivo em animais, hoje muita gente ainda não enxerga a genotipagem como ferramenta básica. Mas isso está mudando, especialmente entre profissionais atentos à medicina personalizada e à longevidade dos pets.
Cães&Gatos: E como é feito o teste na prática?
Eduardo: O tutor, criador ou veterinário recebe um kit com um swab bucal. O material é coletado da gengiva do animal, seguindo orientações simples, e enviado de volta ao nosso laboratório. A amostra é processada com tecnologia de ponta, com equipamentos iScan da Illumina — os mesmos usados em hospitais humanos. Nosso laboratório é Tier 1 da ISAG, ou seja, está no mais alto padrão internacional de qualidade em genética animal.
Cães&Gatos: Como funciona o processamento da amostra genética após a coleta com o swab?
Eduardo Lemos: Após a coleta bucal, o DNA é extraído e amplificado quimicamente. Utilizamos um chip de nanotecnologia com cerca de 8×4 cm, dividido em 24 posições. Em cada uma delas, aplicamos a amostra diluída. Cada posição analisa mais de 100 mil marcadores genéticos, chamados de sondas, que identificam mutações específicas em alelos de interesse. O resultado é integrado automaticamente à nossa plataforma, com tecnologia própria e verticalizada — não terceirizamos nada.
Confira o artigo completo “Genética como aliada”, na íntegra e sem custo, acessando a página 8 da edição de agosto (nº 312) da Revista Cães e Gatos.