O PIB do Brasil e seus desafios

C6 Bank: O grande desafio da China

Os sinais de perda de fôlego da China estão ficando, cada vez mais, evidentes. Dados recentes reforçam que a segunda maior economia do mundo está enfrentando grande dificuldade para crescer de forma sustentável, sem um empurrão do governo.

Ficou no passado a força do dragão chinês? O país deixará de ser o motor da economia global?

Está ficando claro que a China entrou numa fase de crescimento econômico nada mais que morno.

No segundo trimestre, o PIB da China avançou 0,8%, bem menos que os 2,2% registrados entre janeiro e março, quando a política de covid zero veio ao fim e houve a reabertura da economia. A perda recente de fôlego encontra explicação na queda das exportações e nos investimentos mais fracos (principalmente no setor imobiliário).

A desaceleração do segundo trimestre mostra que a missão do governo chinês de crescer em torno de 5% em 2023 não será simples. Na última semana, medidas foram anunciadas para frear a desaceleração. Entre elas, estão:

•Incentivo à compra de bens de consumo, como eletrodomésticos e móveis;

•Incentivo à compra de veículos, com ampliação de prazo para isenção fiscal de automóveis, em especial os elétricos;

•31 medidas para melhorar o ambiente de negócios no setor privado.

A expectativa é de que medidas de estímulo mais abrangentes, de maior impacto, sejam anunciadas no fim de julho, em evento do Politburo, grupo que reúne a mais alta liderança do Partido Comunista da China.

Ainda assim, acredita-se que o máximo a ser alcançado pelo governo seja um crescimento dentro da meta.

Vale destacar que, para os padrões chineses, crescer 5% é pouco. O PIB da China ficou na casa dos dois dígitos durante boa parte dos anos 2000. Mas essa não é mais a realidade do país.
Até 2028, o crescimento da China deve cair para a casa dos 3%, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para entender a desaceleração chinesa, é preciso voltar ao início dos anos 2000. Nesse período, o que fez a economia chinesa crescer foi o grande salto do setor imobiliário, estimulado tanto pelo processo de intensa urbanização do país quanto pelos incentivos governamentais. A estratégia do governo era, em momentos de crise, usar o segmento como alavanca para o crescimento.

Os megaempreendimentos imobiliários, então, alimentavam a produção local de insumos, criavam empregos, aumentavam a renda de governos locais (com a venda de terrenos) e impulsionavam outros setores da economia.

Virada de chave

A partir de 2016, no entanto, o governo chinês mudou de postura. Diante da especulação imobiliária e da subida dos preços (com os imóveis sendo encarados cada vez mais como investimento), o governo acendeu o alerta: “Casas são para morar, e não para especular”, disse Xi Jinping, em congresso do Partido Comunista, nessa época.

Não foi o suficiente. Em 2020, o país se viu obrigado a restringir o crédito às incorporadoras mergulhadas em dívidas. A Evergrande, maior construtora da China, sintetizou o drama. A empresa deixou de pagar seus credores e interrompeu centenas de construções, deixando os compradores sem saber quando receberiam seus apartamentos.
Isso gerou uma crise de confiança na sociedade. Hoje, a ideia de construir patrimônio comprando imóveis não atrai mais os chineses. Em junho, a venda de residências novas registrou queda de quase 30%, versus o mesmo mês de 2022.
Não é à toa que o governo chinês tem dito que não deseja mais estimular o setor imobiliário. Afinal, a dependência criada em relação ao segmento, como vemos, provou-se perigosa. Ao apostar tantas fichas na construção civil para elevar o PIB, Xi Jinping acabou provocando um desequilíbrio econômico – as dívidas das incorporadoras seguem nas alturas, e o setor tem dificuldade para caminhar sozinho.

Qual será, então, o novo motor de crescimento da China? O governo já escolheu. Para ele, quem deve puxar o PIB para cima são o consumo dos 1,4 bilhão de chineses e as indústrias mais ligadas a tecnologias avançadas e inovação.

Sabemos que, para crescer de forma sustentável (ou seja, sem estímulos governamentais), o país precisa, no entanto, de reformas estruturais. Exemplos: tornar empresas estatais mais produtivas, acabar com as restrições à migração interna de mão de obra (moradores da área rural perdem benefícios ao migrar para a cidade) e ajustar as contas dos endividados governos locais.
Até o momento, não nos parece que o governo de Xi Jinping pretende fazer tais reformas em profundidade. O mais provável, na nossa visão, é que o atual e mais longevo governante do país fará o necessário apenas para garantir um crescimento moderado da economia.

“Outro grande problema na China é o desemprego entre jovens. Um em cada cinco chineses com menos de 24 anos está sem trabalho”

fonte: C6 Bank

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