Há alguns meses atrás, nós falamos aqui na StartSe sobre a solidão na era da inteligência artificial. E talvez o caso do colar da Friend seja um exemplo claro de como essa discussão está longe de terminar.
A tecnologia, afinal, está tentando ocupar um espaço profundamente humano: o da conexão. Nósjá sabemos que o ser humano é um animal social, que precisa de outras pessoas para alcançar a plenitude. A desconexão, por sua vez, cobra um preço alto, e não apenas emocional. Ela está associada a uma série de problemas de saúde e pode afetar nossa forma de viver, pensar e até tomar decisões, conforme um artigo publicado pelo The Lancet.
O que os rabiscos nos anúncios nova-iorquinos parecem dizer é justamente isso: há um limite. Por mais sofisticada que a inteligência artificial se torne, ela ainda não consegue substituir o olhar, o toque ou a escuta verdadeira de outro ser humano. A frustração que transforma anúncios em protestos escancara um medo coletivo: o de que, ao tentarmos preencher o vazio da solidão com tecnologia, acabemos nos afastando ainda mais uns dos outros.
Por que importa?
Isso não quer dizer que ferramentas como o colar da Friend ou o próprio ChatGPT não tenham valor. Elas podem, sim, oferecer companhia e conforto em determinados contextos. Mas a questão central é como usamos essa tecnologia: como aliada para ampliar conexões reais ou como muleta para substituí-las?
No fim, talvez a resposta esteja em algo simples e antigo: continuar cultivando vínculos humanos, mesmo em meio a inovações cada vez mais sofisticadas. Porque, por mais que a IA evolua, nenhuma linha de código será capaz de replicar a profundidade e a complexidade de uma amizade de verdade.