Discretos por natureza, os gatos são especialistas em esconder sinais de dor e desconforto, o que torna os problemas urinários ainda mais perigosos quando não identificados precocemente.
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Consideradas uma das queixas mais frequentes nos consultórios veterinários, as doenças do trato urinário inferior dos felinos afetam, principalmente, gatos adultos e estão diretamente ligadas a fatores como falta de hidratação, alimentação, ambiente e estresse crônico.
Segundo a médica-veterinária Paolla Dias, do Hospital Veterinário Polipet, as particularidades do organismo dos gatos explicam, em parte, essa alta incidência.
“O sistema urinário dos felinos é extremamente sensível a alterações no consumo de água, na dieta e na rotina. Pequenos desequilíbrios já podem levar a inflamações, formação de cristais e até obstruções, que são quadros graves e potencialmente fatais”, explica.
As doenças urinárias mais comuns em gatos
Entre os principais problemas estão a cistite idiopática felina (CIF), a formação de cristais e cálculos urinários e as obstruções uretrais — estas últimas mais comuns em gatos machos, por conta da anatomia da uretra, que é mais estreita.
Os sinais clínicos costumam incluir esforço para urinar, idas frequentes à caixa de areia com pouco volume de urina, dor ao urinar, vocalização, presença de sangue, além de lambedura excessiva da região genital.
Em muitos casos, os tutores percebem mudanças comportamentais, como isolamento, apatia ou agressividade.
“É muito comum que os tutores achem que o gato está apenas com um problema comportamental ou ‘birra’ por estar urinando fora da caixa, quando, na verdade, ele está sentindo dor intensa”, alerta Paolla.

A relação direta entre hidratação, alimentação e saúde urinária
A baixa ingestão de água é apontada como um dos principais gatilhos para problemas urinários em felinos.
Diferentemente dos cães, os gatos possuem baixa sensação de sede, uma herança de seus ancestrais desertícolas, que obtinham grande parte da água a partir das presas.
Na rotina doméstica, quando a alimentação é baseada exclusivamente em ração seca, o consumo hídrico muitas vezes se torna insuficiente.
“A alimentação tem papel central na saúde do trato urinário. Dietas com baixo teor de umidade e desequilíbrio de minerais favorecem a formação de cristais e cálculos. Além disso, a urina mais concentrada aumenta a chance de inflamações”, explica a profissional.
Por isso, a combinação entre ração seca de qualidade e alimento úmido, além do estímulo constante à ingestão de água, é fortemente recomendada.
Fontes de água corrente, potes espalhados pela casa e recipientes de vidro ou inox ajudam a aumentar o consumo.
O estresse como fator silencioso das doenças urinárias
Outro vilão frequente, e muitas vezes subestimado, é o estresse. Mudanças de ambiente, chegada de novos animais, ausência de enriquecimento ambiental, disputas por recursos, rotina instável e até ruídos constantes podem desencadear crises, especialmente nos casos de cistite idiopática felina.
“O estresse provoca alterações hormonais e neurológicas que afetam diretamente a bexiga do gato. Em muitos casos, não há infecção bacteriana, mas sim um processo inflamatório ligado ao desequilíbrio emocional do animal”, afirma a médica-veterinária.
Ambientes pouco estimulantes, com poucas opções de arranhadores, esconderijos, brinquedos e alturas, também favorecem o surgimento desses quadros, sobretudo em gatos que vivem exclusivamente dentro de casa.

Obstrução urinária é emergência veterinária
A obstrução da uretra é o quadro mais grave dentro das doenças urinárias felinas e ocorre, principalmente, em machos.
Nessa situação, o gato simplesmente não consegue eliminar a urina, o que pode causar intoxicação no organismo, insuficiência renal aguda e até levar à morte em poucas horas.
“A obstrução urinária é uma emergência absoluta. O tutor deve procurar atendimento imediato ao perceber que o gato faz força para urinar e não consegue, apresenta dor intensa ou está prostrado”, alerta Paolla Dias.
Prevenção começa na rotina do tutor
A boa notícia é que muitos problemas urinários podem ser prevenidos com cuidados simples no dia a dia.
Alimentação adequada ao perfil do animal, incentivo ao consumo de água, manejo correto da caixa de areia, enriquecimento ambiental e acompanhamento veterinário regular fazem toda a diferença.
“A prevenção é sempre o melhor caminho. Quando o problema é identificado no início, as chances de resposta ao tratamento são muito altas e evitam sequelas mais graves”, reforça a profissional.
A recomendação geral é que cada gato tenha pelo menos uma caixa de areia, sempre limpa e posicionada em local tranquilo, além de acesso facilitado à água e alimento.
Mudanças na rotina devem ser feitas de forma gradual, respeitando o comportamento do animal.
Atenção aos sinais e acompanhamento contínuo
Por serem silenciosas no início, as doenças urinárias exigem atenção redobrada dos tutores.
Qualquer alteração no padrão urinário, no comportamento ou no apetite deve ser investigada o quanto antes.
O acompanhamento veterinário periódico, mesmo em gatos aparentemente saudáveis, é essencial para a detecção precoce de alterações e para manter a qualidade de vida dos felinos ao longo dos anos.

FAQ sobre problemas urinários em gatos
Por que os gatos têm tantos problemas urinários?
Porque bebem pouca água, têm urina mais concentrada e são muito sensíveis ao estresse, o que favorece inflamações e formação de cristais.
Quais sinais indicam que algo não vai bem?
Esforço para urinar, idas frequentes à caixa de areia, presença de sangue na urina e mudanças de comportamento estão entre os sinais mais comuns.
Como é possível prevenir essas doenças?
Com boa hidratação, alimentação adequada, ambiente tranquilo, caixas de areia limpas e acompanhamento veterinário regular.
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