O olho seco em cães, também conhecido como ceratoconjuntivite seca, é uma alteração ocular comum na rotina clínica e, apesar de muitas vezes começar com sinais sutis, pode comprometer de forma significativa a saúde dos animais.
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A doença trata-se de um processo inflamatório que envolve conjuntiva e córnea, devido à produção insuficiente — ou de má qualidade — da lágrima.
Quem explica mais sobre a enfermidade é Andréa Barbosa, doutora em Clínica Cirúrgica na área de Oftalmologia pela Universidade de São Paulo (USP), responsável pelos serviços de oftalmologia do Hospital Vetquality, Anhembi Morumbi e Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE), e coordenadora do setor de Oftalmologia do Grupo Petcare.
“A lágrima é essencial para lubrificação, nutrição e defesa da superfície ocular, e qualquer redução em sua quantidade ou qualidade abre caminho para inflamação, acúmulo de secreções e infecções secundárias”, explica.
Além disso, a desidratação da superfície expõe a córnea a danos progressivos, podendo resultar em úlceras profundas.
Ainda segundo a especialista, os primeiros sinais costumam chamar atenção pelo desconforto evidente, especialmente quando há secreção contínua, olhos vermelhos, inchaço ou sensibilidade à luz.
Andréa reforça que nenhum acúmulo de secreção é considerado normal, nem mesmo em raças braquicefálicas, e, em muitos cães, o incômodo também aparece por meio de coceira frequente ou pelo hábito de manter as pálpebras semicerradas.
“Esses indícios justificam avaliação especializada imediata, já que o quadro, quando negligenciado, evolui para inflamação intensa e possível comprometimento visual”, conta a coordenadora do setor de Oftalmologia do Grupo Petcare.
Entre as causas que interferem na produção lacrimal e tornam alguns animais mais vulneráveis estão predisposição racial, enfermidades infecciosas, alterações neurológicas ou metabólicas e até o uso de determinados medicamentos.
As raças com maior risco são shih tzu, lhasa apso, bulldog, yorkshire terrier, west highland white terrier, pug e boston terrier.
De acordo com a especialista, não há um padrão que diferencie machos de fêmeas, e filhotes das raças predispostas também podem ser diagnosticados.
Em cachorros acima de dez anos, o risco aumenta mesmo sem histórico familiar.

Manejo e estratégias terapêuticas
O tratamento é direcionado conforme a gravidade do quadro e a resposta individual de cada paciente.
Entre as abordagens possíveis estão lubrificantes oculares, que complementam ou substituem a lágrima natural; e imunomoduladores, como ciclosporina ou tacrolimus, que estimulam a produção lacrimal.
Em situações com infecção bacteriana secundária, antibióticos tópicos são adicionados ao protocolo. Já nos casos refratários, existem alternativas cirúrgicas.
A evolução costuma ser positiva quando há adesão ao tratamento, mas a doença exige acompanhamento contínuo.
Como destaca Andréa, “é uma condição crônica, sem cura definitiva, porém controlável com manejo adequado”.
O que não fazer diante dos primeiros sinais
Ao notar olhos vermelhos, secreção persistente ou piscar excessivo, a orientação é buscar atendimento especializado imediatamente.
Medicações indicadas por terceiros ou colírios de uso humano devem ser evitados, assim como tratamentos caseiros.
O uso inadequado de produtos pode agravar a inflamação e retardar o diagnóstico.
O atraso na intervenção eleva o risco de úlceras extensas, pigmentação da córnea e redução permanente da visão.
Como prevenir complicações
Embora não seja possível evitar a enfermidade em cães com predisposição genética, é viável reduzir impactos e evitar formas avançadas com:
- Exames oftálmicos periódicos em raças de maior risco;
- Observação atenta a secreções, vermelhidão ou desconforto;
- Cumprimento rigoroso das orientações prescritas após o diagnóstico.
Avaliações preventivas também ajudam a identificar oscilações precoces na produção lacrimal, favorecendo intervenções rápidas.

FAQ sobre olho seco em cães
Essa enfermidade tem cura?
Não. É uma alteração crônica, mas pode ser controlada com acompanhamento contínuo e uso correto das medicações indicadas pelo oftalmologista.
Quando devo levar o cão para avaliação?
Ao perceber secreção persistente, olhos vermelhos, dor ocular ou piscar frequente.
A doença pode causar perda de visão?
Sim. Sem tratamento, úlceras profundas, infecções secundárias e pigmentação da córnea podem levar à perda parcial ou completa da visão.
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