Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra busca valorizar a história da luta do povo negro contra a escravidão e o racismo.
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Dentro da Medicina Veterinária, o feriado, que é comemorado em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal desde 2024, serve como lembrança da busca constante por direitos iguais entre profissionais de todas as cores.
Para tentar ajudar, durante todo o mês de novembro, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e os Conselhos Regionais (CRMV) promovem ações que geram inclusão e debate sobre a equidade racial.
A médica-veterinária Maria da Glória Alves Cunha está entre as profissionais negras que lutam, não só no Dia da Consciência Negra, por seus direitos.
Nascida na cidade de Vitória (ES), atua na área há 37 anos. É proprietária do Consultório Veterinário Bichos, especializada em Homeopatia e vice-presidente da Associação Nacional de Clínicos Vet. de Pequenos Animais (Anclivepa Capixaba).
Apaixonada por animais desde a infância, decidiu mudar de estado para cursar a faculdade dos seus sonhos.
“No meu estado não havia o curso de Medicina Veterinária, por isso fiz a faculdade de Ciências Biológicas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Faltando seis meses para acabar, apareceu a oportunidade de me transferir para o curso de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Não pensei duas vezes”, relembra Maria.
Apesar da timidez, a capixaba enfrentou todos os desafios de morar em uma cidade grande.
“Foi essa mudança que me fez crescer como mulher. Tornei-me forte, guerreira, determinada e uma excelente médica-veterinária. Sofrimentos e preconceito sempre existiram, mas sempre impus minha personalidade.”
Criada em uma família miscigenada, desde cedo aprendeu a não permitir que ninguém desrespeitasse sua cor.
“Nunca pensei em abaixar a cabeça ou em mostrar os meus medos. Quando me chamavam de chocolate na faculdade, respondia que meu nome era Maria da Glória e assim deveriam me chamar. Quando falavam que eu era atraente, respondia que respeito era necessário na vida das pessoas”, conta a profissional.

Preconceito depois da formação
Formada, Maria retornou para casa em busca de novas oportunidades profissionais. Foi nesse momento que ela vivenciou um novo tipo de preconceito: ser uma veterinária mulher negra atuando com equinos.
“Naquela época existiam poucas profissionais mulheres nessa área aqui no estado, e o machismo falava mais alto. Por causa disso, desisti de atuar com equinos e abri minha clínica para atender pequenos animais. Foi nessa área que me encontrei perfeitamente”, relembra Maria.
Atuando em sua clínica, a profissional conta que já sofreu situações de racismo em duas ocasiões e também presenciou colegas negros enfrentando preconceito.
“Nessas situações, eu sempre reajo como se a situação fosse comigo: defendendo, pegando todas as dores da pessoa, confortando e mostrando a esse profissional como agir pessoalmente e profissionalmente. Porque respeito não depende da cor da pessoa, mas da índole”, diz a vice-presidente da Anclivepa Capixaba.
“Acredito que ainda existe muita falta na nossa profissão. Falta de oportunidades, falta de respeito e falta de poder monetário.”
Apesar das dificuldades, Maria luta todos os dias para mudar a realidade que vive.
“Para mim, este dia sempre será muito importante, porque mostra que os movimentos sociais e culturais existem. É essa data que não deixa morrer a cultura, a ancestralidade, a história e a identidade dos povos negros”, conclui a médica-veterinária.
Por fim, a proprietária do Consultório Veterinário Bichos deseja que o mercado de trabalho esteja aberto a todos os negros e que todo profissional, independente de sua cor, seja confiante em sua capacidade e busque ajudar outros profissionais.
FAQ sobre o Dia da Consciência Negra na Medicina Veterinária
Qual é a importância do Dia da Consciência Negra para veterinários?
A data reforça a valorização da história e da luta do povo negro contra o racismo, além de incentivar a busca por igualdade de oportunidades entre os profissionais da área.
Quais ações são promovidas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária durante o mês de novembro?
Durante todo o mês, o CFMV e os CRMVs realizam campanhas e atividades que promovem a inclusão, o respeito e o debate sobre a equidade racial na profissão.
Quais desafios ainda são enfrentados por médicos-veterinários negros?
Profissionais relatam que ainda há falta de oportunidades, discriminação e desigualdade salarial.
Iniciativas promovem inclusão e equidade racial na Medicina Veterinária
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