O avanço da inteligência artificial está criando um efeito colateral que começa a bater no bolso do consumidor global: smartphones e laptops estão prestes a ficar mais caros. E não é por causa de design, câmeras ou marketing — é por falta de memória.
Gigantes como Lenovo e Xiaomi já confirmam o alerta: a corrida pelo desenvolvimento de infraestrutura de IA está drenando a produção mundial de chips de memória. Fabricantes estão desviando sua capacidade para produzir memória de alta largura de banda (HBM) — essencial para treinar modelos como GPT, Claude e Gemini — deixando pouca oferta para os chips convencionais usados em eletrônicos do dia a dia.
O resultado? Previsão de aumento de 5% a 15% nos preços de laptops e até 10% nos preços de smartphones em 2026.
Esse movimento marca a primeira grande crise de memória em três décadas, com DRAM, NAND e HDD simultaneamente pressionados — uma situação inédita, confirmada por executivos do setor.
A pressão está tão intensa que a Samsung, maior fabricante de memória do mundo, já aumentou preços em até 60% desde setembro. Chips DDR5 de 32 GB, por exemplo, saltaram de US$ 149 para US$ 239 em poucas semanas (dados confirmados pela Reuters).
Os componentes de 16 GB e 128 GB seguiram tendência semelhante — alta de cerca de 50%.
Para tentar conter o impacto, a Lenovo assinou contratos de longo prazo com fornecedores para garantir estoque em 2026. Já o presidente da Xiaomi, Lu Weibing, foi direto: “a pressão em 2026 será muito maior do que a deste ano”.
O problema é estrutural.
Fabricantes como Samsung, SK Hynix e Micron estão priorizando HBM para atender clientes como a Nvidia, cujos servidores Grace Blackwell agora usam até memória LPDDR5X — antes típica de smartphones.
Esse desvio de demanda deve dobrar os preços de memória de servidor até o fim de 2026, segundo analistas do setor.
Os dados da Counterpoint Research mostram a velocidade dessa escalada:
- preços de DRAM já subiram 50% em 2025
- previsão de mais 30% no 4º trimestre
- e outro aumento de 20% no início de 2026
Tudo isso ocorre justamente depois de um período de prejuízo na indústria de memória, que levou fabricantes a cortarem investimentos em expansão em 2023 e 2024. Agora, com a explosão da IA, a conta chegou — e a capacidade não acompanha.
Como resume Dan Nystedt, vice-presidente da TriOrient, à CNBC:
“Manter oferta apertada e preços altos virou o mantra.”
Novas fábricas só entram em operação dentro de muitos meses — ou anos.
Até lá, fabricantes tentam sobreviver, conselhos tentam blindar empresas… e, nós, consumidores teremos que pagar a conta.
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