Mardem Ribeiro foi bolsista logo no primeiro ano do ProUni, em 2005. Ele, que cursou ciências biológicas na PUC Minas pagando 50% da mensalidade, lembra:
— Na época, minha família não tinha condições de custear a mensalidade integral, mesmo não sendo um curso caro. Foi difícil até mesmo pagar os 50%. Tivemos que cortar gastos e eu precisei trabalhar em certos momentos durante o curso, dar aulas particulares. Cheguei a pagar algumas mensalidades com atraso.
No ano passado, Ribeiro foi admitido no Senado como consultor legislativo, depois de passar num concorrido concurso público.
— O ProUni fez toda a diferença na minha vida e é um divisor de águas na educação brasileira. Sem o programa, muita gente não conseguiria fazer uma graduação — ele avalia.
Criado no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ProUni foi seguido de outras medidas de democratização do ensino superior.
Em 2007, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) ampliou a rede universitária pública. Em 2010, o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) foi reformulado, com a redução dos juros do financiamento das mensalidades em faculdades privadas. Em 2012, a Lei de Cotas foi aprovada, reservando vagas nas universidades federais a estudantes negros, indígenas, com deficiência e oriundos de escola pública.
Apesar das políticas públicas e dos avanços, a universidade no Brasil ainda é um lugar para poucos. De acordo com o Censo de 2022, apenas 18,4% dos brasileiros com 25 anos ou mais têm curso superior.
A proposta do novo Plano Nacional de Educação (PL 2.614/2024), elaborada pelo governo e atualmente em estudo na Câmara dos Deputados, estabelece como meta que pelo menos 40% dos brasileiros entre 25 e 34 anos tenham diploma universitário até 2034.