Os médicos-veterinários estão, constantemente, expostos a riscos durante a prática clínica. Por conta disso, é fundamental estabelecer protocolos de segurança para prevenir acidentes.
Segundo a médica-veterinária e diretora médica do Grupo Pet Care, Sibele R. Konno, os equipamentos de proteção individual (EPI) mais importantes para os profissionais da área são uniforme, seja avental, jaleco ou pijama cirúrgico, e calçados fechados e antiderrapantes.
“Dependendo do animal que está sendo atendido e do tipo de atendimento, podemos incluir outros EPIs, como óculos de proteção, máscara, luvas de procedimentos, toalhas, avental e óculos de proteção plumbífero e protetor de tireoide”, informa.
Com base nisso, a profissional esclarece que a vestimenta mais adequada para os médicos-veterinários envolve calçados fechados de material impermeável, calça comprida e camisa ou jaleco que cubra todo o braço.

Cães bravos cuidado redobrado
Um dos maiores desafios na rotina dos veterinários é o atendimento de cães bravos, que representam um perigo extra.
Nesses casos, o conselho de Sibele é: ter paciência, estar sempre alerta e conhecer os riscos que o animal oferece com base em seu tamanho, procedência e histórico de comportamento.
“Deve-se tentar diminuir os gatilhos de estresse ao paciente, como a presença de outros animais, odores muito fortes e ruídos excessivos. Também é fundamental conhecer bem o ambiente em que fará o atendimento, avaliando rotas de fuga e tamanho da sala, ter em mãos os materiais que irá utilizar e o número de pessoas dentro do ambiente de atendimento”, explica.
Ela ainda comenta que o ideal é realizar uma anamnese rápida com o tutor, contemplando não só a queixa principal, mas também levantando pontos acerca do comportamento do animal.
“Entender os sinais que os cães emitem por medo, estresse e ansiedade é essencial para realizar treinos e criar familiaridade afim de diminuir a agressividade”, pontua.
Além disso, a profissional recomenda nessas situações evitar olhar diretamente nos olhos do paciente, não utilizar tom de voz alto e não realizar movimentos bruscos.
“Se não for um caso de urgência ou emergência, pode-se explicar ao responsável que, possivelmente, o atendimento precise ser dividido em partes – inclusive em dias diferentes. E é importante deixá-lo ciente quanto a possibilidade de sedação/anestesia do paciente para tornar possível a manipulação e diminuir a chance de trauma por estresse”, cita.
Atenção aos gatos ariscos
Grande parte dos cuidados tomados durante o atendimento de cães bravos também podem ser empregados no manejo de gatos com esse tipo de personalidade.
Com relação a espécie, a médica-veterinária aconselha avaliar se o animal é domiciliado ou feral e se tende a ter este comportamento sempre ou somente fora de casa.
“Algumas condutas ambientais que podem ser empregadas é o uso de feromônios artificiais, que auxiliam para que o estresse não aumente, assim como ter um espaço preparado com sala de espera adequada e sala de atendimento exclusiva para felinos, por exemplo”, afirma.
Outro ponto importante no atendimento de gatos é que o preparo começa em casa, logo no momento de colocar o animal dentro da caixa de transporte para levá-lo a consulta.
“Tudo deve ser feito no momento do felino, desde sair da caixa de transporte até deixá-lo se ambientar na sala de atendimento. Caso o animal necessite de contenção, utilize toalhas grandes e macias e sempre evite olhar nos olhos do animal e fazer movimentos bruscos, não o pegue pelo “cangote” e nem o force a deitar em decúbito dorsal”, cita Sibele.
A especialista ainda informa que o uso de sedativos/anestésicos pode ser indicado no caso de animais ferais ou que estejam em estado de estresse intenso.

Boa higiene previne doenças
Pensando na transmissão de doenças, seja entre pets ou dos animais para os médicos-veterinários, práticas adequadas de higiene são fundamentais.
Konno esclarece que nos consultórios a mesa de atendimento é classificada como área não crítica / semicrítica. No entanto, se tratando de doenças infectocontagiosas e nos modos de transmissão, é possível considerá-la semicrítica.
“A limpeza da mesa deve ser feita, primeiramente, retirando os resíduos biológicos com um papel seco. Em seguida, deve-se aplicar o desinfetante em toda a superfície e deixar agir pelo tempo recomendado pelo fabricante. Por último, pode-se retirar o excesso do produto e deixar secar naturalmente”, explica.
Segundo a veterinária, um procedimento extra de limpeza que pode ser empregado é a aplicação de vapor de água ou de raio ionizante.
Já com relação ao produto de limpeza escolhido, ela relata que os que possuem melhor ação para as principais doenças infectocontagiosas conhecidas são amônia quaternárias de 4ª ou 5ª geração, peróxido de oxigênio, hipoclorito de sódio e aldeídos.
“Todos possuem ação desinfetante e agem em superfícies, apresentando tempo de ação médio de 5 a 15 minutos. A depender da concentração, também podem ter ação esterilizante (peróxido de oxigênio)”, relata.
Mais um cuidado é o de utilizar luvas durante os atendimentos. Sibele indica o uso quando se irá manipular material biológico, como urina e fezes, feridas e ao fazer a inspeção da cavidade bucal e a realização de limpeza dos olhos.
“A luva pode ser dispensada no momento do carinho, ao oferecer petiscos aos animais e na manipulação de pacientes que não apresentem risco de transmissão de doenças infectocontagiosas”, finaliza.
Quem deve colocar a focinheira no cão bravo?
O ideal é que o responsável pelo animal coloque o dispositivo de segurança, pois esse é considerado um trabalho de confiança. Caso o médico-veterinário precise realizar este procedimento, deve ser cuidadoso e sempre contar com o auxílio do tutor.
Qual a vestimenta mais segura para médicos-veterinários?
É essencial que os profissionais da área utilizem calçados fechados, preferencialmente de material impermeável, calça comprida e camisa ou jaleco que cubra todo o braço.
Como evitar ataques dos pacientes?
Antes de mais nada é preciso avaliar o comportamento do animal e conversar com o responsável sobre a personalidade do mesmo. Nesse tipo de atendimento pode ser necessário o uso de focinheira, contenção ou até mesmo anestesia / sedação, a depender do paciente.
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