Melanose de íris de pets: como saber se a pigmentação é benigna ou alerta para doença – Portal Cães e

Melanose de íris de pets: como saber se a pigmentação é benigna ou alerta para doença – Portal Cães e

A presença de manchas escuras na íris de cães e gatos com certeza, pode ser um motivo de preocupação para os tutores.
No entanto, nem toda pigmentação é sinônimo de doença maligna.

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Para entender melhor quando a alteração é benigna e quando pode representar risco, conversamos com o médico-veterinário

Guilherme Ribeiro, pós-graduado em oftalmologia veterinária pela Faculdade UFAPE Intercursos – SP.

Segundo o especialista, a melanose de íris é uma alteração benigna, caracterizada pelo acúmulo de melanócitos sem comportamento tumoral.

“Clinicamente, manifesta-se como manchas de hiperpigmentação geralmente planas, que permanecem estáveis ao longo do tempo e não formam massas volumosas”, explica.

A condição está relacionada ao aumento da atividade ou da quantidade de melanócitos.

Ribeiro ainda comenta que ela pode ser congênita, associada à degeneração natural dos tecidos ou surgir de forma adquirida, principalmente como resposta a inflamações crônicas intraoculares.

É importante esclarecer que a melanose pode afetar tanto cães quanto gatos, embora o comportamento difira entre as espécies.

Nos cachorros, tende a ser mais benigna; já nos felinos, pode assumir forma mais difusa e com maior chance de progressão.
Apesar disso, não há predisposição clara de raça ou sexo, sendo mais frequente em animais adultos e idosos.

Melanose de íris de pets: como saber se a pigmentação é benigna ou alerta para doença
Presença de manchas escuras na íris não é sinônimo de doença (Foto: Reprodução)

Diagnóstico e tratamento

De acordo com o especialista, um exame oftalmológico completo é fundamental para identificar a condição.

A avaliação inclui biomicroscopia em lâmpada de fenda, oftalmoscopia e documentação fotográfica para acompanhar a evolução.

Em alguns casos, a gonioscopia e a ultrassonografia ocular são importantes para avaliar a extensão da alteração e descartar massas profundas.

Na maioria dos casos, a melanose de íris não exige intervenção. O tratamento costuma se limitar ao monitoramento periódico, com revisões oftalmológicas e registro fotográfico para controle da evolução.

Contudo, Ribeiro ressalta que, se houver crescimento da pigmentação, inflamação persistente, sangramento ou sinais de agressividade, pode ser necessária intervenção cirúrgica, como a remoção do bulbo ocular e posterior análise histopatológica. “Essa decisão deve ser tomada com muita cautela”, alerta.

E quando não é apenas melanose?

Embora a melanose seja benigna, alterações melanocíticas na íris também podem corresponder a algo mais sério: o melanoma de íris, uma neoplasia maligna que se origina dos melanócitos da íris ou do corpo ciliar.

Diferentemente da melanose, o melanoma se caracteriza-se pela formação de massas nodulares ou infiltração difusa, especialmente em gatos, com potencial de invasão local e risco de metástase sistêmica.

O tumor pode acometer cães e felinos, sendo observado principalmente em adultos e idosos. Em felinos, a forma difusa costuma ser mais agressiva e com maior risco de metástase.

A causa ainda não é totalmente compreendida, mas envolve fatores genéticos, idade avançada e, possivelmente, predisposição racial.

Melanose de íris de pets: como saber se a pigmentação é benigna ou alerta para doença
Com um exame o médico-veterinário consegue descobrir o motivo da macha na íris do pet (Foto: Reprodução)

Como o melanoma é diagnosticado e tratado?

O diagnóstico exige avaliação oftalmológica detalhada, com gonioscopia e ultrassonografia ocular para delimitar tamanho e profundidade da lesão.

Porém, a confirmação definitiva depende da histopatologia, que analisa características como grau de invasão e índice mitótico.

Além disso, exames de imagem sistêmicos, como radiografias e ultrassonografia abdominal, são recomendados para investigar possível disseminação.

O tratamento depende do estágio da doença. Em casos avançados, com dor, glaucoma secundário ou grande comprometimento ocular, pode ser necessária remoção do bulbo ocular ou até exenteração.

A retirada presencial em estágio inicial deve ser avaliada com cuidado, mas muitas vezes é necessária para evitar agravamento.

A cura é possível quando o tumor é detectado precocemente, está bem localizado e é completamente removido.
Contudo, tumores agressivos, com invasão escleral ou metástase, apresentam prognóstico reservado — principalmente nos gatos.

REFERÊNCIAS

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FAQ sobre melanose e melanoma de íris em pets

O que é a melanose de íris?

A melanose é uma alteração benigna causada pelo acúmulo de melanócitos, geralmente aparecendo como manchas planas e estáveis na íris. Na maioria dos casos, não requer tratamento, apenas acompanhamento periódico.

Como diferenciar melanose de melanoma?

A melanose tende a se manter plana e estável, sem sinais inflamatórios. Já o melanoma costuma formar massas, infiltrar a íris, causar sangramento, inflamação intraocular, alterações rápidas de cor e espessura.

O melanoma de íris tem cura?

A cura é possível quando o tumor é detectado precocemente e completamente removido, sem sinais de invasão ou metástase. Porém, tumores agressivos, especialmente em gatos, podem ter prognóstico reservado.

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