Ser jovem, hoje, é carregar uma bagagem emocional mais pesada que a experiência de um executivo sênior.
Durante décadas, psicólogos sociais acreditavam que a felicidade seguia uma curva em U:
– Jovens felizes,
– Adultos de meia-idade infelizes,
– Idosos voltando a sorrir.
Mas essa lógica foi quebrada.
Um estudo recente com mais de 2 milhões de pessoas em 44 países revelou que os jovens entre 18 e 25 anos são, hoje, os mais infelizes da sociedade.
Nos Estados Unidos, a tradicional “crise dos 40” agora aparece aos 20 e poucos anos. A famosa “curva em U” virou uma ladeira abaixo. O que está matando a alegria de viver dos mais jovens?
Não é só inflação, geopolítica ou instabilidade. É um colapso estrutural de sentido.
Vivemos uma era de:
- Hiperconexão e hipercomparação (redes sociais como espelhos tortos);
- Baixa resiliência emocional (zero frustração, zero preparo);
- Sobrecarga cognitiva e estímulos constantes;
- Ausência de silêncio, pausa e propósito real
Eles cresceram com acesso ilimitado à informação, mas sem nenhuma alfabetização emocional para processá-la. Sabem tudo, mas não sabem o que fazer com tudo isso.
Resultado?
Uma geração inteira entrando no mercado exausta, ansiosa, sobrecarregada e sem norte.
O novo desafio da liderança não é inspirar. É não esmagar.
Você não vai “motivar” alguém que chega ao trabalho já em colapso. A solução não é mais um mural colorido de cultura, nem um happy hour com pizza e CFO tocando violão.
Essa geração não precisa de glitter corporativo. Precisa de lastro emocional.
Se você é C-Level, empresário ou membro de conselho, comece a agir como quem entendeu o tamanho do problema.
Aqui vão 5 atitudes concretas para transformar esse abismo emocional em potência produtiva:
1. Reinvente o onboarding como acolhimento emocional
Não é só passar missão-visão-valores.
É mostrar que existe espaço para humanidade, escuta e trajetória.
Exemplo: crie conversas de abertura com líderes sobre inseguranças reais do trabalho.
2. Coloque saúde mental na estratégia (e não no rodapé do ESG)
Planos de metas que ignoram burnout são planos de demissão precoce.
Tenha políticas claras de pausa, acesso a apoio psicológico e métricas de clima organizacional que levem emoção a sério.
3. Troque cobrança genérica por feedback estruturado
“Você precisa evoluir” não significa nada para quem está perdido.
A nova geração precisa de clareza, referência e microvitórias.
Construa isso.
4. Não superestime a resiliência dos mais jovens
Eles não passaram por 2008.
Nem viram juros a 14%.
Nem viveram crise de verdade em alto cargo.
Prepare, treine, exponha com segurança. Sem jogar no fogo.
5. Dê perspectiva, não só tarefa
Se o jovem não vê sentido no que faz, ele não fica.
E pior: se fica, ele adoece.
Toda tarefa precisa estar conectada a algo maior — nem que seja um projeto, uma causa ou um impacto real no cliente.
A nova geração está queimando antes de acender.
E se você — líder, executivo, conselheiro — não entender isso, vai continuar cobrando foco de quem vive em dispersão, entrega de quem carrega angústia, lealdade de quem só sente vazio.
No fim, talvez o maior desafio de ser líder… não seja guiar o futuro. Mas não perder quem vai vivê-lo.