O setor de foodservice brasileiro já movimenta R$ 48,4 bilhões por ano, representando 3,9% do faturamento das 300 maiores varejistas do país. São 18 empresas no ranking nacional e mais de 13 mil pontos físicos espalhados pelo território. A digitalização, via apps próprios ou marketplaces como iFood e Rappi, elevou a média de crescimento em 12,7% no último ciclo.
Não estamos falando de restaurantes, mas de conglomerados com musculatura comparável a indústrias de ponta.
Os dados são da pesquisa TOP 300, do Instituto Retail Think Tank (IRTT).
O que explica esse domínio?
Primeiro, o franchising: um modelo que transfere risco para franqueados enquanto concentra poder de gestão e marca nos controladores. Depois, a padronização da experiência, que garante escala sem diluição da identidade. E, por último, a lógica de conveniência digital: o delivery deixou de ser um complemento e se tornou o coração do consumo alimentar urbano.
Em outras palavras: vendemos o almoço no mesmo sistema que entregamos a música e os filmes. Por trás disso: cliques, algoritmos e métricas de retenção.
O erro é olhar para comida como produto
E o acerto é enxergar comida como plataforma. Quem ainda administra restaurantes como pontos de venda está 20 anos atrasado. O jogo não é abrir lojas, mas orquestrar ecossistemas de experiência, logística e marca.
Se você é uma liderança do ramo de alimentos e bebidas, deve estar de olho nestes pontos em específico:
Transforme pontos de venda em hubs de dados: cada pedido é uma linha de código sobre comportamento do consumidor — quem não lê isso está desperdiçando ouro.
Substitua marketing por comunidade: McDonald’s não vende só hambúrguer: vende pertencimento cultural. O mesmo vale para qualquer negócio que queira atravessar gerações.
Use tecnologia como motor de eficiência invisível: o cliente não quer saber de backoffice, mas sente quando a operação falha. Apps próprios, integrações e inteligência operacional são ativos estratégicos.
Reinvente a franquia como rede de inovação: franquia não precisa ser só replicação. Pode ser laboratório: testar cardápios, formatos e experiências antes de escalar.
Coloque propósito na mesa: o consumidor de 2025 não come só por prazer. Ele quer rastro de impacto: sustentabilidade, diversidade, responsabilidade social. Ignorar isso é perder relevância.
O ranking do IRTT mostra McDonald’s, Zamp e Madero como gigantes. São eles que lideram a lista. Mas, a lição não é sobre hambúrgueres: é sobre como quem controla a mesa, controla o jogo.
No fim, o futuro do foodservice brasileiro não será decidido pela cozinha, mas pela capacidade de transformar comida em linguagem de poder.